A presidente Dilma Rousseff ter�, na sexta-feira, uma sess�o exclusiva de meia hora para falar ao p�blico do F�rum Econ�mico Mundial de Davos, na Su��a. Ela ser� apresentada pelo fundador e presidente do F�rum, Klaus Schwab, e ter� uma chance rara de expor sua pol�tica a uma audi�ncia altamente qualificada e formada por empres�rios, profissionais e pol�ticos de dezenas de pa�ses.
Poder� falar de oportunidades de neg�cios no Brasil e tentar atrair investimentos. Poder�, al�m disso, tentar recompor a imagem de um governo marcado por maus resultados econ�micos e pressionado por ag�ncias de classifica��o de risco. Seu antecessor, o presidente Luiz In�cio Lula da Silva, foi � reuni�o logo depois da primeira posse, em janeiro de 2003. Tentou vender a imagem de governante confi�vel e foi elogiado. Dilma preferiu esnobar o F�rum nos tr�s primeiros anos de mandato e recusar os convites. Vai aparecer, agora, no pior momento de seu governo.
A infla��o continua alta, com proje��es na vizinhan�a de 6%. O balan�o de pagamentos vai mal e a conta comercial teria fechado no vermelho, em 2013, sem os US$ 7,74 bilh�es da exporta��o fict�cia de sete plataformas de petr�leo. As contas p�blicas foram embelezadas no fim do ano com receitas at�picas e grande volume de pagamentos diferidos. Al�m disso, o Fundo Monet�rio Internacional e o Banco Mundial preveem para o Brasil, neste ano, crescimento inferior � m�dia global.
Sess�es especiais, como a programada para a presidente, s�o realizadas no principal e mais amplo audit�rio do centro de congressos de Davos. O convidado geralmente exp�e suas ideias sem debate, responde a algumas perguntas de Klaus Schwab e, havendo tempo, recebe quest�es da plateia. O bom resultado � quase garantido, se a pessoa estiver bem preparada e se os perguntadores forem mais ou menos moderados.
No ano passado, uma dessas sess�es foi destinada ao primeiro-ministro russo Dmitri Medvedev. Ele enfrentou um interrogat�rio preparado por especialistas, mas resistiu razoavelmente. Neste ano, sess�es especiais foram programadas tamb�m para os primeiros-ministros do Jap�o, Shinzo Abe, e do Reino Unido, David Cameron.
A presidente Dilma Rousseff chega nesta quinta-feira, � Su��a e passa o dia em Zurique. Tem encontros com o presidente da Fifa, Josef Blatter, e com os presidentes da Saab, fabricante do ca�a comprado pelo governo, da Unilever, da Novartis e do banco de investimentos Merrill Lynch. Amanh�, em Davos, participar� da sess�o especial e de um encontro com um grande grupo de empres�rios. Faltaram lugares, segundo se informou na quarta-feira, 22, para alguns interessados.
Sem brilho
Embora ainda possa atrair investidores, a economia brasileira perdeu boa parte do brilho exibido at� h� alguns anos. Cresceu muito menos do que a de outros emergentes e acumulou desequil�brios maiores que os de outros pa�ses em desenvolvimento. Durante os tr�s primeiros anos da atual gest�o, o Produto Interno Bruto (PIB) deve ter aumentado em m�dia cerca de 2% ao ano, incluindo uma estimativa de 2,3% para 2013.
Nem esse desempenho fraco, vis�vel desde o primeiro ano de governo, impediu a presidente e sua equipe de esnobar o F�rum. Davos � um lugar para quem busca proje��o, disse no ano passado o chanceler Ant�nio Patriota, para explicar a aus�ncia da presidente e de colegas da �rea econ�mica. Essa explica��o foi dada a dois jornalistas brasileiros.
Ambos haviam participado no dia anterior de um encontro com o secret�rio do Tesouro americano, Timothy Geithner. O representante americano para o com�rcio exterior, Ron Kirk, tamb�m se apresentou em Davos. Como principal negociador comercial de seu governo, Kirk desempenhava uma das fun��es atribu�das no Brasil ao ministro de Rela��es Exteriores. Era, portanto, do lado americano, o interlocutor de Patriota. Por que Washington precisaria de dois ministros em Davos, quando Bras�lia se contentava com um?
Talvez Washington avalie o F�rum com mais entusiasmo. Quando o governo do presidente George W. Bush preparava a invas�o do Iraque, o secret�rio de Estado, Collin Powell, foi a Davos para explicar a decis�o de seu governo. Falou numa sess�o ampla a acad�micos, pol�ticos, empres�rios e especialistas de diversos setores e de v�rias nacionalidades. A opini�o dessa gente importa? Para governos de grandes pot�ncias, sim. N�o para o governo da presidente Dilma Rousseff - pelo menos at� h� poucos meses.