Digerindo a informa��o de que a infla��o ao final de 2013 ficou acima do esperado e com a perspectiva de que os pre�os devem ficar pressionados tamb�m em 2014, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), do Banco Central, optou por elevar a taxa b�sica de juros em 0,50 ponto porcentual, para 10,50% ao ano. A ata da reuni�o do Comit� da semana passada, divulgada nesta quinta-feira, 23, revelou a preocupa��o do BC em conter a infla��o e tende a colocar um g�s a mais nas estimativas do mercado financeiro para os pr�ximos passos da pol�tica monet�ria.
O trabalho promete ser �rduo para o BC neste ano de elei��o presidencial. A decis�o mais recente da autoridade monet�ria surpreendeu parte do mercado financeiro, que, na semana passada, contava com uma eleva��o mais amena, de 0,25 ponto porcentual. O ambiente de d�vida dos analistas sobre a pr�xima atua��o do Copom tende a permanecer.
A diferen�a agora � que, no lugar de uma divis�o entre mais uma alta dos juros ou uma pausa, o mercado dever� discutir entre mais uma eleva��o de 0,25 pp ou de 0,50 pp. No documento de hoje, o BC manteve a afirma��o sobre a defasagem do efeito da pol�tica monet�ria, express�o que levou muitos analistas a preverem uma alta de 0,25 pp na reuni�o de janeiro. Tamb�m incorporou a avalia��o de que a infla��o surpreendeu ao final do ano passado, o que justificaria a manuten��o do aperto em 0,50 pp.
Em dezembro, o IPCA fechou em 0,92%, ficando 0,13 ponto porcentual acima da taxa vista exatamente um ano antes. Com isso, a infla��o acumulada em 2013 saltou para 5,91% e fez com que o presidente do BC, Alexandre Tombini, n�o cumprisse a promessa de entregar um �ndice mais baixo do que o visto no ano anterior, de 5,84%.
Assim que o dado foi divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), Tombini admitiu que a infla��o ao consumidor mostrou uma resist�ncia "ligeiramente acima daquela que se antecipava". A avalia��o foi repetida no documento apresentado hoje pelo BC: "o Copom pondera que a elevada varia��o dos �ndices de pre�os ao consumidor nos �ltimos 12 meses contribui para que a infla��o ainda mostre resist�ncia, que, a prop�sito, tem se mostrado ligeiramente acima daquela que se antecipava".
O tom da an�lise sobre o comportamento dos pre�os na ata de hoje foi diferente - mais pesado - do que o apresentado na edi��o anterior, do in�cio de dezembro. O colegiado salientou logo no primeiro par�grafo do documento que as informa��es dispon�veis agora sugerem "certa persist�ncia da infla��o", com destaque para o segmento de servi�os. Imediatamente essa percep��o se refletiu nas previs�es para o IPCA de 2014 e 2015.
O BC n�o traz n�meros, mas informou que, para este ano, houve um aumento das estimativas e que a taxa segue acima do centro da meta perseguida pela institui��o de 4,5%. Para 2015, a previs�o do BC tamb�m est� acima desse patamar. Outra importante mudan�a que deve ter press�o sobre os pre�os foi em rela��o ao c�mbio. O BC n�o s� aumentou de R$ 2,30 para R$ 2,40 a premissa com a qual trabalha para o d�lar - lembrando que no dia da decis�o do Copom a moeda foi comercializada a R$ 2,3560 -, como refor�ou que a deprecia��o cambial � uma pedra no sapato a mais para o trabalho de conter a infla��o.
O BC aposta, no entanto, em sua pr�pria atua��o de aperto monet�rio para conter esse impacto, ao afirmar que os efeitos secund�rios dessa deprecia��o podem e devem ser limitados pela "adequada condu��o da pol�tica monet�ria". Ainda que a perspectiva de aumento de sal�rios seja menor este ano, o BC tamb�m atribuiu a essa vari�vel um componente altista dos pre�os.
Esse mantra � o mesmo que vem sendo entoado pela equipe econ�mica desde o ano passado para os reajustes salariais de 2013. O Comit� avalia ainda, por�m, que a din�mica salarial pode "originar press�es inflacion�rias de custos". Na �rea fiscal, o BC tratou de enaltecer a import�ncia de pelo menos se repetir os resultados alcan�ados nos �ltimos anos. Citou na ata uma s�rie de benef�cios gerados a partir dessa posi��o do governo, como diminui��o do custo de financiamento da d�vida p�blica, o que aumentaria o investimento privado no m�dio e no longo prazo.
Sobre atividade, o BC mencionou que a melhora das condi��es no exterior ajuda na recupera��o brasileira e que essa perspectiva de crescimento internacional n�o ser� mais uma fonte de aux�lio para o controle da infla��o.