Rio, 23 - A inseguran�a dos consumidores em rela��o � situa��o financeira, � infla��o e ao mercado de trabalho fez com que eles reduzissem as compras de bens no final de 2013 e direcionassem a renda extra de dezembro (originada principalmente do 13� sal�rio) ao pagamento de d�vidas e � poupan�a. � o que mostra um estudo da Funda��o Get�lio Vargas (FGV) obtido com exclusividade pelo Broadcast, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado.
Dos consumidores que obtiveram um rendimento al�m do habitual no �ltimo trimestre de 2013, apenas 10,8% pretendiam aproveitar esse incremento no or�amento para adquirir bens. � o menor n�vel j� registrado pela pesquisa, realizada desde 2010. Em 2012, a inten��o de compra, j� em decl�nio, foi percebida em 11,4% dos consumidores com alguma renda extra.
Al�m disso, gastos com lazer e turismo, matr�cula ou aquisi��o de material escolar e pagamento de impostos tamb�m perderam espa�o como destino dessa renda. "A cautela do consumidor ao longo de 2013 resultou em conten��o de compras", afirma a economista da FGV Viviane Seda, respons�vel pela sondagem.
Para Viviane, os dados e a cautela dos consumidores fortalecem as chances de que as vendas no per�odo do Natal - a vedete dos comerciantes - tenham vindo aqu�m do esperado, tend�ncia registrada em praticamente todo o ano passado. Isso deve contribuir para um desempenho mais fraco do varejo em 2013.
Renda menor
Al�m da menor propens�o �s compras, a fatia dos consumidores que obtiveram renda al�m da habitual recuou. No ano passado, 57,6% receberam algum tipo de renda extra, contra 60,4% em 2012 e de 64,5% em 2011.
A economista destaca ainda que esse tipo de renda ficou concentrado no recebimento de 13� sal�rio (86,2%), na medida em que a participa��o nos lucros da empresa, o emprego tempor�rio e a movimenta��o nos neg�cios apresentaram forte diminui��o nos �ltimos anos. Em 2012, o d�cimo representou 78,2% da renda extra. "Isso est� atrelado � lentid�o da recupera��o da economia."
D�vidas e poupan�a
Se por um lado os consumidores frearam os gastos, o aumento no n�vel de endividamento levou-os a usar a renda extra para colocar as contas em dia. O estudo da FGV apontou que 28,6% pretendiam quitar d�vidas, o maior n�vel j� registrado. Em 2012, essa fatia havia sido de 23,4%.
"Com a alta dos juros, as d�vidas est�o com o custo mais elevado. A concess�o de cr�dito tamb�m est� mais rigorosa", justifica Viviane. Entre as fam�lias de baixa renda (at� R$2,1 mil mensais), essa � uma prioridade ainda maior. O pagamento de d�vidas � o destino do ganho extra de 43,2% dos consumidores, bem superior ao registrado no ano anterior (34,6%) e � m�dia geral.
A compra de bens tamb�m foi substitu�da pela poupan�a, que apareceu em segundo lugar. De acordo com a FGV, 24,4% dos consumidores pretendiam economizar o dinheiro extra, contra 23,7% em 2012. "� uma forma de se proteger do que pode acontecer. A infla��o e o emprego t�m preocupado muito, principalmente a partir do segundo semestre de 2013", explica.
Para este ano, o sentimento de inseguran�a deve continuar influenciando a confian�a dos consumidores, que, nas �ltimas sondagens da FGV, j� t�m mostrado preocupa��o quanto � situa��o financeira futura. "O cen�rio econ�mico n�o mudou. Ent�o, n�o h� nada que fa�a com que o consumidor mude essa cautela", analisa a economista.