
O governo argentino liberalizou nesta sexta-feira algumas medidas de controle de c�mbio, impostas nos �ltimos dois anos, para frear a fuga de pesos. A partir de segunda-feira os argentinos poder�o comprar d�lares (e outras moedas estrangeiras) pelo c�mbio oficial, opera��o que tinha sido proibida em julho de 2012. O chefe de gabinete da Presid�ncia, Jorge Capitanich, tamb�m anunciou a redu��o do imposto cobrado para compras feitas com cart�o de cr�dito no exterior, de 35% para 20%.
O an�ncio foi feito dois dias ap�s a maior desvaloriza��o do peso em doze anos. A cota��o do d�lar oficial saltou de 6,8 pesos na ter�a-feira para 8 pesos na quinta-feira. No mercado paralelo, que cresceu nos dois anos de pol�tica de controle cambial, a cota��o do 'd�lar blue' (como � chamada a moeda comercializada no paralelo) passou de 11,8 pesos para 13 pesos.
As medidas fazem parte da pol�tica cambial de “flutua��o administrada”, explicou o chefe de gabinete da Presid�ncia argentina, em entrevista coletiva. “O governo considera que o pre�o do d�lar alcan�ou o n�vel de converg�ncia aceit�vel para os objetivos da pol�tica econ�mica”, disse ele.
Segundo o economista Fausto Spotorno, a inten��o do governo e reduzir a brecha entre o d�lar oficial e o paralelo, cuja cota��o vem aumentando desde a implementa��o de r�gidos controles ao c�mbio. A primeira medida foi anunciada em outubro de 2011: quem quisesse comprar d�lares na Argentina tinha de pedir autoriza��o � Administra��o Federal de Ingressos P�blicos (Afip), �rg�o equivalente � Receita Federal brasileira, e demonstrar que tinha pesos suficientes para realizar a troca.
“Os argentinos compram d�lares h� mais de tr�s d�cadas porque acham que � a forma mais segura de poupar e preservar o poder de compra de seu dinheiro”, explicou � Ag�ncia Brasil o economista Marcelo Elisondo. “N�o confiam nos bancos, porque o dinheiro deles j� foi confiscado mais de uma vez e agora est�o preocupados com a infla��o”.
Em maio do ano passado, o ministro da Economia, Axel Kicillof, estimou que os argentinos tinham US$ 40 bilh�es guardados fora do sistema financeiro local: em cofres banc�rios ou em casa.
Em 2012, o governo limitou ainda mais as opera��es de c�mbio: s� podia comprar d�lares quem viajasse ao exterior. Os argentinos passaram, ent�o, a fazer viagens rel�mpago aos vizinhos Paraguai e Uruguai, para comprar d�lares no mercado oficial argentino ou sacar d�lares nos caixas eletr�nicos dos dois pa�ses para revend�-los no mercado negro. O governo apertou o cinto impedindo o uso dos cart�es de d�bito argentinos no exterior e cobrando taxa de 35% sobre cada opera��o com cart�o de cr�dito no exterior.
As medidas anunciadas nesta sexta-feira reduzem o imposto a 20% e autorizam a compra de d�lares mesmo para quem n�o for viajar ao exterior. Os argentinos, no entanto, ainda precisam pedir autoriza��o � Afip se quiserem fazer uma opera��o de c�mbio.