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Estado de Minas CRISE

Compra de d�lar passa a ser restrita a US$ 2 mil por m�s na Argentina

Governo local anuncia regras ao abrir parcialmente mercado de c�mbio


postado em 28/01/2014 06:00 / atualizado em 28/01/2014 07:24

Bras�lia – O governo argentino abriu parcialmente o mercado de c�mbio ontem para tentar estancar a sangria desatada das reservas internacionais do Banco Central da Argentina, atualmente em US$ 29,2 bilh�es, patamar semelhante ao de 2006. No entanto, especialistas s�o c�ticos de que essa medida ajude a melhorar a situa��o do pa�s e outras medidas ser�o necess�rias.

O chefe de Gabinete de Ministros da Argentina, Jorge Capitanich, anunciou ontem as regras para a liberaliza��o do mercado de c�mbio, fechado desde 2012. O governo autorizou a compra de d�lares pelos cidad�os, mas ela est� limitada a US$ 2 mil por m�s. Aqueles com renda mensal acima de 7,2 mil pesos (US$ 900) poder�o adquirir a moeda norte-americana pagando um imposto de 20%, taxa que � zerada se os recursos foram usados em aplica��es financeiras no pa�s com prazos superiores a um ano.

As medidas j� eram esperadas desde sexta-feira, dada a forte valoriza��o do d�lar na semana passada. O governo voltou atr�s na decis�o de reduzir de 35% para 20% o imposto para as compras com cart�o de cr�dito no exterior. A taxa maior foi mantida. A moeda norte-americana manteve-se est�vel ontem, em torno de US$ 8 no c�mbio oficial. No mercado paralelo, entretanto, a divisa americana era negociada a 12,25 pesos.

Na avalia��o do economista David Rees, da consultoria brit�nica Capital Economics, essa acomoda��o do d�lar � passageira. "A expectativa � de mais desvaloriza��o no peso nas pr�ximas semanas. H� novos riscos de um calote da Argentina. O valor das reservas cambiais correspondem ao equivalente de cerca de quatro meses de importa��es. E, sob forte press�o, poder� ser consumida mais rapidamente", destacou. No mercado oficial, para especialistas, a tend�ncia � que o pre�o continue a subir, passando dos atuais 8 pesos para 10 pesos nos pr�ximos anos. "A menos que as autoridades d�em novos passos em dire��o a um ajuste fiscal para enfrentar agravamento dos desequil�brios macroecon�micos, o peso poder� continuar caindo", disse Rees.

Al�m das reservas, as press�es inflacion�rias s�o outra preocupa��o, apesar de a desvaloriza��o do peso ser positiva para o barateamento dos produtos argentinos. "H� um problema de oferta. A safra de gr�os argentinas n�o foi boa e a ind�stria tem limita��es de produ��o. Uma demanda externa causaria novas press�es nos pre�os internos", explicou o presidente da Associa��o de Com�rcio Exterior do Brasil (AEB), Jos� Augusto de Castro.

REMARCA��O DE PRE�OS O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, tentou tranquilizar a popula��o na noite domingo ao afirmar que situa��o dos pre�os nos supermercados est� "perfeitamente calma". No entanto, as remarca��es come�aram no fim de semana. "A economia argentina est� totalmente atrelada ao d�lar. Ele � o indexador de pre�os. Se ele sobe, automaticamente, tudo � reajustado porque o tende a converter os pre�o em peso na equival�ncia com o d�lar. Isso estimula os reajustes. Por isso, h� muitas d�vidas em rela��o � efici�ncia dessas novas medidas. A popula��o j� se acostumou a comprar divisas num ambiente paralelo", disse o professor de Economia do Insper, Otto Nogami.

Turista brasileiro favorecido

O derretimento do peso argentino no mercado cambial exige que os mais de 1,2 milh�o de turistas brasileiros que visitam a Argentina anualmente fa�am e refa�am c�lculos ao planejar a viagem. As fortes oscila��es da cota��o da moeda ante a demanda por d�lar dos hermanos faz com que a escolha correta resulte em boa economia para o viajante. Apesar de pouco indicado em situa��es normais, especialista aponta que trocar d�lar no Brasil e l� cambiar por peso � a melhor alternativa.

Ilegal, o mercado paralelo tem sido usado tamb�m por turistas brasileiros para baratear o custo da viagem. As trocas s�o combinadas abertamente nas redes sociais e em sites � poss�vel saber a cota��o das principais moedas. Enquanto nas casas de c�mbio ontem pagava-se 3,84 e 8,20 pesos argentinos por cada R$ 1 e US$ 1, respectivamente, nos chamados arbolitos (como s�o chamadas as pessoas que compram e vendem moedas, principalmente na rua) as moedas valem 4,30 e 11,50 pesos argentinos.

Ou seja, no mercado paralelo, o real vale 12% e o d�lar 40,2% a mais, segundo ag�ncias consultadas pelo Estado de Minas. Diante disso, � preciso fazer c�lculos para verificar o que � melhor levar na viagem – ressaltando que o turista que opta pela opera��o no mercado negro (ou blue como � chamado no pa�s vizinho) precisa se atentar aos riscos da troca de moeda na Argentina, devido � distribui��o de notas falsas e aos riscos de golpes.

Segundo o coordenador do curso de Rela��es Internacionais e professor de economia do Ibmec, Reginaldo Nogueira, as medidas anunciadas ontem pelo governo argentino “s�o muito pequenas” e a demanda por d�lares deve voltar a pressionar a taxa de c�mbio. Ele afirma que o desprendimento entre a cota��o oficial e o c�mbio negro se deve ao fato de a taxa de c�mbio estar distante da real demanda. Com isso, outras medidas ter�o que ser tomadas para liberar o mercado cambial. Ele ainda diz ser melhor comprar d�lares aqui e fazer trocas graduais nas casas de c�mbio da Argentina. E mais: “N�o � indicado comprar peso aqui”.

COPA A demanda pela moeda brasileira pode ter aumento de demanda nos pr�ximos meses devido � Copa do Mundo, influenciando na cota��o tanto do mercado paralelo quanto do oficial. Segundo balan�o da Fifa, os argentinos lideram a procura por ingressos para a Copa do Mundo, depois dos brasileiros, o que deve resultar em uma invas�o dos hermanos. O professor, no entanto, avalia que apesar da influ�ncia outros fatores t�m mais poder sobre a dire��o do c�mbio.

Fabricantes de máquinas estão preocupados porque a moeda americana valorizada em relação ao peso tende a favorecer a indústria local (foto: Jair Amaral/EM/D.A/Press)
Fabricantes de m�quinas est�o preocupados porque a moeda americana valorizada em rela��o ao peso tende a favorecer a ind�stria local (foto: Jair Amaral/EM/D.A/Press)
Reflexo na ind�stria de MG

Exportadores de produtos e servi�os de Minas Gerais para a Argentina temem novas restri��es �s importa��es do pa�s, que, apesar de j� ter dificultado a entrada de produtos estrangeiros no ano passado, permanece no ranking dos maiores parceiros do Brasil no com�rcio internacional. A eventual redu��o das compras preocupa, particularmente, os fabricantes de m�quinas e equipamentos, convencidos de que o d�lar valorizado em rela��o ao peso argentino tende a favorecer a ind�stria local, tornando-a mais competitiva. O racioc�nio vale para outros segmentos importantes da balan�a comercial mineira, a exemplo dos produtos sider�rgicos, qu�micos e do setor automotivo, mas qualquer impacto da crise cambial s� dever� ser sentido no m�dio e longo prazos.

O pior cen�rio para a ind�stria de m�quinas ser� ver os produtores argentinos ganharem f�lego para competir e incomodar as empresas brasileiras, a exemplo do avan�o chin�s, observa Marcelo Luiz Moreira Veneroso, diretor regional da Associa��o Brasileira da Ind�stria de M�quinas e Equipamentos (Abimaq). “O problema da concorr�ncia chinesa � algo que podemos enfrentar em rela��o aos fabricantes da Argentina. Nos tranquiliza, mas n�o alivia, o fato de a ind�stria argentina estar muito defasada e, nesse ponto de vista em desvantagem frente � brasileira”, afirmou.

Pe�as automotivas e ve�culos representaram quase a metade (49,67%) da receita das vendas de Minas, seguidas de produtos metal�rgicos (ferro e a�o), m�quinas e instrumentos mec�nicos, material el�trico e eletr�nico; produtos qu�micos e alimentos, de acordo com levantamento do Centro Internacional de Neg�cios da Fiemg. O economista Alexandre Brito, especialista da institui��o em com�rcio exterior, diz que qualquer avalia��o sobre os efeitos da valoriza��o do d�lar frente ao peso argentino neste momento � prematura. “Perda � uma situa��o previs�vel, mas s� depois de vencido esse per�odo de instabilidade cambial � que os parceiros comerciais v�o se sentar para renegociar contratos e n�o podemos nos esquecer de que o com�rcio de Minas com a Argentina se d� num fluxo tradicional e organizado”, afirma.


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