A semana se encerrou com sinal de alerta no setor de energia. Houve apag�o na ter�a-feira, todas as t�rmicas est�o ligadas, os reservat�rios das principais hidrel�tricas baixaram ainda mais e o pre�o da energia estourou. De acordo com o modelo computacional que acompanha a opera��o do sistema, as regi�es Sul e Sudeste deveriam cortar em 5% o consumo de energia.
A necessidade de baixar o consumo aparece no valor da energia, especificamente no chamado Custo Marginal da Opera��o, que � calculado por formulas matem�ticas e modelos computacionais. H� quatro n�veis de alerta baseados no valor desse custo. Quando o custo passa de R$ 1.364,42 MWh, o modelo computacional alerta para a necessidade fazer um corte de 5% no consumo. Os n�veis de alerta s�o definidos por meio de resolu��es da Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel).
Pois esse custou atingiu o valor de R$ 1.691,39 o MWh nas regi�es Sudeste e Sul, segundo o documento Sum�rio Executivo do Programa Mensal de Opera��o, divulgado nesta sexta-feira pelo Operador Nacional do Sistema (ONS). Trata-se de uma alta de quase 60% em apenas uma semana. No relat�rio anterior, o custo foi de R$ 1.065,74.
No mesmo documento, o ONS reconhece que o programa identificou d�ficit e necessidade racionamento, mas descarta a ado��o de cortes porque a maior parte do Pa�s est� no per�odo chuvoso e existe a possibilidade de chuvas e que o calor amenize nas pr�ximas, arrefecendo o consumo que tem batido recordes.
Diz o texto: “Observa-se que os armazenamentos contemplam a aplica��o da metodologia vigente, que conduziu ao atingimento de Custos Marginais superiores ao 1.º patamar de d�ficit determinado pela Resolu��o Homologat�ria n.º 1667 da Aneel. Todavia, as regi�es SE/CO, NE e N encontram-se em pleno per�odo �mido, o que conduz � expectativa de revers�o do atual cen�rio hidrol�gico. Assim sendo, a opera��o do SIN ser� realizada considerando o pleno atendimento aos requisitos de carga”.
O governo diz que j� era esperado que o custo de gera��o da energia nessas regi�es ultrapassasse o primeiro limite da curva do custo de d�ficit. Mas a avalia��o � que o modelo � “meramente econ�mico”, ou seja, serve apenas para c�lculo do pre�o da energia. Ele mostra que, quando o custo de gera��o de 1 MW ultrapassa o primeiro patamar estabelecido, fica mais barato reduzir o consumo do que atender a demanda a esse pre�o.
Corte de carga, por�m, seria uma decis�o de governo. A pr�pria resolu��o da C�mara de Gest�o da Crise Energ�tica, que estabeleceu o modelo em 2002, informa que “os valores obtidos n�o implicam acionamento de medidas de redu��o compuls�ria de consumo”. O secret�rio executivo do Minist�rio de Minas e Energia, M�rcio Zimmermann, reafirmou que o sistema el�trico tem equil�brio estrutural e est� dimensionado para atender o consumo.
Transpar�ncia
Segundo especialistas do setor, a melhor alternativa nesse momento seria a transpar�ncia: “O governo deveria ter a humildade diante do risco de desabastecimento, que � real, explicar para a popula��o o que est� acontecendo e pedir ajudar: falar para as pessoas economizarem energia”, diz um especialista.
Como n�o h� mais usinas t�rmicas para serem ligadas, o governo tem duas alternativas, segundo t�cnicos. Uma � estabelecer um “racionamento branco”: combinar com as ind�strias cortes de produ��o para baixar o consumo ou negociar com empresas que t�m produ��o de energia, os chamados autoprodutores, que liberem excedentes para o sistema.
Tamb�m pode abrir um pouco mais a comporta das hidrel�tricas para utilizar um volume maior de �gua. Essa manobra, por�m, pode agravar a situa��o dos reservat�rios se as chuvas n�o se confirmarem, ampliando a crise de abastecimento e levando a necessidade de elevar o n�vel de racionamento. Se o custo da energia chegar a R$ 2.943,05, seria necess�rio cortar 10% da energia.