O governo argentino reconheceu nesta quinta-feira a elevada infla��o do pa�s com a estreia do novo �ndice de Pre�os ao Consumidor Nacional Urbano (IPCNU), divulgado pelo ministro de Economia, Axel Kicillof. Conforme o �ndice elaborado pelo Instituto Nacional de Estat�sticas e Censos (Indec), a infla��o de janeiro foi de 3,7%. O valor � bem superior aos n�meros que o organismo tem divulgado mensalmente, desde janeiro de 2007, os quais sempre foram inferiores a 1%.
O n�mero ficou um pouco abaixo dos valores apurados pelos institutos e consultorias privados. A infla��o de janeiro do denominado IPC Congresso, uma m�dia das medi��es realizadas por um grupo de consultorias privadas e economistas do pa�s, divulgado pela bancada opositora no Congresso, foi de 4,6%.
Nesta manh�, o Chefe de Gabinete de Ministros, Jorge Capitanich, questionou a "seriedade" do IPC Congresso e o classificou de um "mamarracho" (uma bagun�a). Segundo ele, � um "�ndice pol�tico", que "carece de seriedade, credibilidade e de metodologia". Nas estimativas destes consultores, a infla��o anual chegou a 30,7%, em janeiro. O aumento da infla��o no m�s passado ficou ligeiramente abaixo das estimativas privadas preliminares de 5,0%.
"A infla��o acelerou ap�s o fim do acordo de congelamento de pre�os em Maio de 2013, e recebeu um novo impulso a partir da forte desvaloriza��o do peso em meados de janeiro. De acordo com a m�dia dos �ltimos tr�s meses, a infla��o anual � de 50%", comentou o economista do Banco Ita� de Buenos Aires, Juan Barboza, em an�lise distribu�da aos clientes nesta quinta.
"Embora a infla��o tenda a subir como resultado da desvaloriza��o recente, a recess�o esperada deve limitar o aumento. Vemos a infla��o em 37% at� o final de 2014 (contra 28,4% em dezembro de 2013)", ressaltou Barboza. No ano passado, a infla��o do �ndice Congresso foi de 28,3%, enquanto a oficial foi de 10,9%. O novo IPCNU inclui seis cestas b�sicas regionais e estreia em momentos de in�cio de negocia��es de contratos coletivos de trabalho.
FMI
- O novo IPCNU foi uma exig�ncia do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), que emitiu mo��o de censura ao pa�s, no in�cio do ano passado, pela falta de transpar�ncia nas medi��es de infla��o e do Produto Interno Bruto (PIB). A medida foi a primeira desta natureza adotada pelo organismo contra um membro e significa o primeiro passo para a expuls�o de um pa�s. Se o FMI entender que a nova metodologia de apura��o dos pre�os n�o atende aos entendimentos pr�vios mantidos com as autoridades argentinas, o pa�s poderia ficar em uma situa��o ainda mais vulner�vel perante a comunidade internacional.
Nos �ltimos meses, a presidente Cristina Kirchner tem emitido sinais de querer negociar o regresso de seu pa�s ao mercado volunt�rio de d�vida e buscar atrair divisas ao pa�s. O governo acertou o pagamento de d�vidas a cinco empresas com ganhos de causa junto ao Centro de Arbitragem Internacional de Diferen�as sobre Investimentos (Ciadi); tamb�m negociou a indeniza��o que deve � espanhola Repsol e encaminhou proposta de reestrutura��o da d�vida que mant�m com o Clube de Paris.
Extraoficialmente, o governo estaria dando impulso ainda negocia��es paralelas com os holdouts, os credores que mant�m b�nus n�o reestruturados, em morat�ria desde dezembro de 2001. A inten��o � abrir caminho para a entrada de divisas ao pa�s em momentos de falta de liquidez do mercado dom�stico e retrocesso das reservas. Por outro lado, no discurso interno, a presidente tem se mostrado agressiva com os mercados e empres�rios. O governo iniciou uma campanha forte para denunciar os aumentos dos pre�os verificados nas �ltimas semanas.
Ataques
- Nomes de empresas e empres�rios t�m sido denunciados em cadeias nacionais de r�dio e TV. Shell, Walmart, Carrefour e Coto s�o algumas das empresas acusadas pelo governo. Desde a sexta-feira passada, in�meros cartazes com fotos e nomes dos empres�rios representantes destas empresas foram estampados pela cidade com a legenda: "estes s�o os que roubam o sal�rio dos argentinos". Ontem, Cristina disse que os mercados e a imprensa cr�tica tentaram "voar a Argentina pelos ares", com especula��o contra a moeda nacional e os pre�os para desestabilizar o governo.
"Tentaram que fazer voar, mas n�o conseguiram. Eu n�o sou bruxa", disse ela. Desde ontem, a presidente incluiu em sua rotina liga��es telef�nicas para consumidores desconhecidos que denunciam pelas redes sociais aumentos de pre�os, racionamento e desabastecimento. A estrat�gia visa estimular o engajamento dos consumidores na campanha denominada Pre�os Cuidados, que congelou uma lista de uns 180 produtos b�sicos desde o dia 6 de janeiro. Este � o terceiro congelamento que o governo tenta aplicar no pa�s. No final de janeiro, os pre�os dispararam, como consequ�ncia da desvaloriza��o de 23% do peso argentino.