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Estado de Minas

Indicador do Banco Central mostra pa�s em recess�o t�cnica

IBC-Br tem queda de 0,17% no quarto trimestre, depois de recuar 0,21% no terceiro


postado em 15/02/2014 06:00 / atualizado em 15/02/2014 00:41

Reunião do Copom: com economia dando sinais de enfraquecimento, BC deve dosar alta da Selic(foto: Elza Fiuza/ABR-18/1/11)
Reuni�o do Copom: com economia dando sinais de enfraquecimento, BC deve dosar alta da Selic (foto: Elza Fiuza/ABR-18/1/11)

Bras�lia
– A palavra recess�o por anos causou calafrios aos brasileiros. Ap�s d�cadas de esquecimento, ela voltou a dar as caras no pa�s em 2009, no ano seguinte ao estouro da maior crise econ�mica desde 1920, e pode voltar a ser ouvida muito em breve. No jarg�o econ�mico, recess�o t�cnica � quando a economia encolhe durante dois trimestres consecutivos. Foi isso o que aconteceu entre julho e dezembro de 2013, segundo o �ndice de Atividade Econ�mica do Banco Central (IBC-BR), um indicador que � visto pelo mercado financeiro como um term�metro para o Produto Interno Bruto (PIB).
No quarto trimestre do ano passado, o indicador apresentou queda de 0,17%. Desacelera��o ainda mais forte foi verificada tr�s meses antes, quando o IBC-BR recuou 0,21%. Os n�meros indicam que a economia brasileira encolheu durante metade do ano passado. N�o fosse o crescimento mais forte registrado entre janeiro e junho, de 1,88%, o indicador do BC teria encerrado 2013 no vermelho. No c�mputo geral, apresentou alta de 2,57%, em fun��o, tamb�m, da compara��o favor�vel com o desempenho fraco de 2012. O resultado do PIB no ano passado ser� divulgado dia 27 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).


Para que esses n�meros confirmem o quadro de recess�o t�cnica, � preciso que tamb�m o PIB tenha encolhido por dois trimestres consecutivos. Essa possibilidade � hoje vista como remota pela maioria dos analistas do mercado financeiro. Mas h� quem prefira n�o descart�-la, como o economista-chefe da Franklin Templeton Investments, Carlos Thadeu Filho. “N�s esperamos um n�mero do PIB muito pr�ximo de zero no quarto trimestre, mas h� uma chance real de que o resultado seja at� mesmo negativo”, ele disse.


Ainda pior do que a economia ter encolhido durante metade de 2013, diz Thadeu Filho, � o fato de que a esperada rea��o projetada para este ano ainda n�o aconteceu. “A chance de que o PIB deste primeiro trimestre seja negativo � muito grande”, contou. “Caso isso aconte�a, � poss�vel que tenhamos n�o s� dois, mas tr�s trimestres consecutivos de quedas no crescimento do pa�s, o que � muito ruim”, apontou.


Essa avalia��o desfavor�vel ao PIB n�o � feita apenas por Thadeu Filho. Tamb�m entre analistas de grandes bancos e corretoras come�a a ganhar corpo uma crescente preocupa��o com 2014. Em reuni�es reservadas, o diretor de Pol�tica Econ�mica do BC, Carlos Hamilton, ouviu ontem de diferentes analistas do mercado financeiro que as apostas para o PIB deste ano giram entre 1% e 1,5%. “Nesse caso”, frisou um interlocutor que participou desses encontros, “o 1,5% � o teto das proje��es.”

Ceticismo Motivos para o ceticismo com os n�meros � o que n�o faltam, disse o doutor em economia pela Universidade de Yale, nos Estados Unidos, Sim�o Davi Silber, professor da Universidade de S�o Paulo (USP). “Que a economia tenha fechado 2013 em baixa n�o � surpresa para ningu�m”, disse. “A ind�stria j� vinha mostrado uma queda muito forte e tamb�m os dados do com�rcio desapontaram, com o pior crescimento em 10 anos.” Silber n�o espera mudan�a substancial em 2014. “N�o existe nenhum ind�cio de expectativa favor�vel sobre qualquer aspecto da economia que voc� possa imaginar”, afirmou.
Os dados d�o raz�o ao analista. Nos �ltimos seis anos, diversos indicadores econ�micos pioraram drasticamente. O mais sens�vel deles � justamente o PIB. Quando o Brasil recebeu a chancela de grau de investimento pelas ag�ncias de classifica��o de risco, em 2008, o pa�s vivia um forte crescimento.


Em cinco anos, at� 2008, o PIB cresceu, em m�dia, a uma taxa de 4,73% ao ano. No mesmo per�odo, o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), o par�metro oficial da infla��o no pa�s, variou, a cada ano, 5,22%. Tamb�m as contas externas estavam em melhor situa��o. Entre 2004 e 2008 o saldo nas transa��es correntes – que mede o grau de depend�ncia do pa�s � poupan�a externa – ficou positivo em USS 12,663 bilh�es.


O mesmo investidor que olhasse esses n�meros cinco anos depois tomaria um susto. A taxa m�dia de expans�o ao ano do PIB caiu de 4,73% para 2,73%, entre 2009 e 2013. Enquanto isso, a infla��o passou a crescer, ano ap�s ano, a uma velocidade de 5,7%, quando o centro da meta que, em tese, deveria ser perseguida pelo governo � uma alta de 4,5%, com toler�ncia de dois pontos para baixo ou para cima. J� as transa��es correntes apresentaram talvez a maior deteriora��o no per�odo. De um resultado positivo, o saldo nas contas externas ficou negativo em US$ 51,930 bilh�es.

Freio na escalada de juros

Bras�lia
– A decep��o com o crescimento econ�mico do pa�s pode levar o Banco Central (BC) a encurtar o ciclo de aperto nos juros b�sicos. At� duas semanas atr�s crescia no mercado financeiro a aposta de que a autoridade monet�ria poderia promover um “choque de juros”, elevando a taxa Selic em at� um ponto percentual j� na pr�xima reuni�o do Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), marcada para 25 e 26. Essa possibilidade, no entanto, foi descartada por alguns dos mais experientes analistas de bancos e corretoras, que entendem que dados recentes da economia sugerem uma desacelera��o do Produto Interno Bruto (PIB). Para n�o jogar o pa�s num recess�o, disseram esses analistas, o BC ter� de dosar a m�o nos juros.


A aposta que ganha for�a � de mais uma eleva��o de 0,25 ponto percentual na Selic em fevereiro, para 10,75% ao ano. H� uma semana, um ter�o dos contratos financeiros negociados no mercado futuro (opera��es feitas com prazos dilatados, geralmente de um ano) previa essa possibilidade. Ao mesmo tempo, 70% das apostas eram de uma alta de 0,5 ponto.
A divulga��o do �ndice de Atividade Econ�mica do BC (IBC-BR) menor do que o estimado pelo mercado, ontem, levou a uma mudan�a nesse placar. No in�cio da manh�, a curva de juros negociada para contratos com vencimento em janeiro de 2015 (os mais negociados no preg�o da bolsa de valores de S�o Paulo) ainda sinalizava que dois ter�os dos investidores esperava um aperto maior da Selic no fim do m�s. Esse percentual de apostas caiu para 50% t�o logo os analistas puderam digerir os n�meros mais fracos divulgados pelo BC.


Para o ex-diretor de Assuntos Internacionais do BC Alexandre Schwartsman, h� uma grande chance, inclusive, de a autoridade monet�ria conceder apenas mais uma alta de 0,25 ponto e encerrar, j� em fevereiro, o ciclo de ajuste nos juros b�sicos. At� recentemente, discutia-se a possibilidade de que a taxa b�sica seguisse em alta pelo menos at� abril. “O que parece claro � que eles (diretores do Copom) est�o seguindo os n�meros de curto prazo, que apontam para uma forte desacelera��o da economia, em vez de mirar o longo prazo, que ainda mostra um quadro preocupante para a infla��o”, disse.
O �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou 2013 em 5,91%, bem acima, portanto, do centro da meta de 4,5%, que deveria ser atingida pelo governo. Faz quatro anos que esse indicador fecha acima da meta e, a julgar pelas proje��es do pr�prio BC, a infla��o continuar� acima de 4,5% tamb�m neste ano e em 2015.


Mesmo assim, a arma que poderia ser usada para conter essa escalada dos pre�os, os juros b�sicos, ser� dosada pelo governo. Tr�s fatores contribuem para isso. O primeiro deles � o enfraquecimento da produ��o industrial, que encolheu 3,5% em dezembro. No mesmo m�s, ocorreu uma surpreendente queda nas vendas do varejo, o que n�o acontecia havia nove meses consecutivos, de 0,2%.


Ambos os setores refletem a desacelera��o dos dois principais motores do PIB durante os governos Lula e Dilma. N�o por acaso, o IBC-BR, uma esp�cie de term�metro do PIB, tamb�m apontou para uma queda de 1,35% no �ltimo m�s de 2013. “A gente j� esperava que o BC reduzisse o ritmo de aperto dos juros h� algum tempo, mas n�o houve espa�o para isso”, disse o economista-chefe da Franklin Templeton Investments, Carlos Thadeu Filho. (DB)


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