S�o Paulo, 17 - O mercado de a��es no Brasil est� em queda. Mas a regra cl�ssica de investir na Bolsa durante a baixa e vender na alta n�o vale neste momento. Apesar do recuo de 15,5% do Ibovespa em 2013 e do mau come�o deste ano, analistas creem que investimentos na Bovespa s� devem ser considerados num horizonte de resgate de longo prazo, acima dos 18 meses.
Em 2014, as turbul�ncias do mercado devem se manter. As redu��es nas inje��es mensais de d�lares do banco central dos Estados Unidos nos mercados diminuir�o o fluxo de investimentos. H� tamb�m o poss�vel corte na nota de cr�dito do Brasil, que, caso ocorra, afugentar� aplica��es. Pesam ainda a desconfian�a em rela��o aos emergentes e o risco de desacelera��o econ�mica na China, importante mercado para empresas nacionais, como a Vale.
�No Brasil, a palavra � volatilidade�, diz o gestor de renda vari�vel da Conc�rdia, Thiago Tregier. �A Bolsa s� reagir� quando o cen�rio interno melhorar e, com ele, as perspectivas para o PIB.� O resultado da Bolsa, para Rodrigo Vazquez, planejador financeiro certificado pelo IBCPF, depender� do desempenho macroecon�mico do Pa�s. �A Bolsa cresce quando o PIB sobe, mas n�o deve haver nenhuma melhora expressiva neste ano�, diz.
N�o se pode negar as oportunidades de compra de algumas a��es, hoje vendidas pela metade do valor patrimonial das empresas, como no caso da Petrobras. Mas o sobe e desce assusta. Assim, a sugest�o � clara: �O investidor s� deve colocar na Bolsa o capital que n�o vai precisar em menos de dois anos�, diz Vazquez.
O economista-chefe da Gradual Investimentos, Andr� Perfeito, tem opini�o semelhante. Embora corrobore a recomenda��o de que devemos comprar na baixa e diga que os pre�os das a��es da Bovespa est�o mais descontados do que deveriam, pondera: �Fatores externos e dom�sticos, como as elei��es presidenciais, sugerem volatilidade no curto prazo e, para um investidor pequeno, pode ser arriscado�.
Hoje, o investidor estrangeiro est� se livrando de suas a��es no Pa�s, vendendo-as por pre�o inferior ao que elas realmente valem - e isso derruba as cota��es. Seus investimentos t�m sido levados para mercados considerados mais seguros, como o americano, cujas bolsas t�m maiores retornos. O �ndice S&P 500, por exemplo, tem alta de 21% em 12 meses. O Ibovespa, por sua vez, registra queda de 17% no per�odo. Das 73 a��es no preg�o, s� 12 estavam em alta at� o dia 13.
Petrobras
Para alguns setores, como os de energia el�trica e petr�leo, a atua��o do governo tem contado negativamente. O mercado v� com maus olhos o �intervencionismo� da equipe econ�mica. No caso espec�fico da Petrobras, acredita-se que a pol�tica de pre�os dos combust�veis deveria ser independente da persegui��o � meta de infla��o. O peso do poder de decis�o do governo na empresa pode ser medido pelo cargo desempenhado pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, na estatal: ele � presidente do Conselho de Administra��o.
No dia do �ltimo reajuste de pre�os, em dezembro, as a��es da empresa tombaram 10%. As altas da gasolina e do diesel n�o bastaram para tirar a defasagem dos pre�os locais em rela��o aos praticados no exterior. Essa diferen�a faz com que a empresa acumule preju�zo com importa��es, ao subsidiar o consumo interno.
De acordo com o diretor do Centro de Energia e Recursos Naturais da Ernst & Young, Heron Miguens, o cen�rio n�o � positivo para companhia em pelo menos dois anos. S�o tr�s os fatores dom�sticos prejudiciais, diz: (1) interfer�ncias do governo; (2) baixos n�veis de produ��o, associados ao alto custo de explora��o do petr�leo; e (3) a tens�o de um ano de elei��es como este.
A desconfian�a dos investidores com a economia brasileira joga contra a empresa, diz Miguens. Como a Petrobr�s � a maior companhia nacional, o humor do mercado em rela��o ao Brasil sempre respinga sobre ela. E o momento, como se sabe, n�o � de risos. S� em 2014, seus pap�is preferenciais j� ca�ram 15%. Est�o cotados na faixa dos R$ 14, algo in�dito desde 2008.
Bancos
Dentro do Ibovespa, al�m de Petrobr�s e Vale (queda de 26% em 12 meses), as a��es de bancos n�o tinham bom desempenho at� janeiro. A primeira explica��o � que, por serem a��es l�quidas, h� forte rela��o entre os pap�is e o momento da economia. A sa�da de estrangeiros da Bolsa impacta fortemente o pre�o dos ativos. �A segunda quest�o � o pagamento dos planos econ�micos, algo ainda n�o julgado na Justi�a e que trouxe press�o sobre o setor�, avalia a analista Karina Freitas, da Conc�rdia.
Os dados j� divulgados em fevereiro, por�m, s�o bons, diz o analista da Coinvalores Felipe Silveira. Com boas perspectivas, a recomenda��o � de compra, sempre considerando que, neste ano, a a��o pode ainda ter volatilidade. Silveira s� faz uma ressalva, para Santander e Banco do Brasil. �O Santander demorou para cortar custos, se comparado ao que outros bancos fizeram�, diz. �E o BB tem o foco do cr�dito em carteiras cujo risco de inadimpl�ncia � superior (autom�veis e agr�cola).�
As a��es do setor j� reagem. Os pap�is do Ita� Unibanco, que estavam em tend�ncia de queda, passaram a subir ap�s a divulga��o do balan�o do banco. Figuram entre as maiores altas do Ibovespa em 2014. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.