Um dos autores da pesquisa e presidente do instituto Families and Work, Ellen Galinsky avalia que o “homem ideal” n�o � mais aquele funcion�rio que trabalha para ser chefe de fam�lia bem-sucedido. “Eles est�o experimentando uma press�o parecida com a das mulheres quando elas entraram no mercado de trabalho”, compara. No mesmo estudo, homens dedicados a “empregos exigentes” s�o apontados como mais propensos a experimentar conflitos familiares.
Apesar de ser uma tend�ncia �bvia, a maior participa��o da mulher no or�amento dom�stico ainda n�o soa como algo natural em muitos lares. Para esta reportagem, por exemplo, o EM entrou em contato com dois casais em que a mulher ganha mais. De �ltima hora, em ambos os casos, a entrevista foi desmarcada. “Quando o homem perde o controle da renda e deixa de ser o manda-chuva do ponto de vista financeiro, isso realmente mexe com ele. Ainda � um problema s�rio”, diz o consultor financeiro Rog�rio Oleg�rio, coautor do livro Fam�lia, afeto e finan�as.
CONVERSA
Desde a �poca do namoro, Roberta Rios e Fl�vio Soares se acostumaram a conversar sobre dinheiro e a compartilhar despesas. O casamento, h� dois anos, levou � cria��o de uma conta conjunta. “A grana n�o � de um ou de outro, � nossa”, explica ela, servidora p�blica, de 27 anos, respons�vel por bancar a maioria dos gastos da casa at� outubro do ano passado, quando ele tamb�m foi aprovado em concurso e passou a ganhar mais. “N�o faz sentido voc� dividir a vida com a pessoa e ter uma vida financeira independente”, afirma ele, de 29, advogado de uma fam�lia onde o pai sempre proveu tudo.
Sem muito estresse, por ora o casal tenta colocar em pr�tica as orienta��es dos gurus financeiros. “O planejamento � nosso, para os dois”, insiste ela. Todo m�s eles reservam uma parcela do sal�rio para viagens. Por meio de um programa instalado no computador e nos celulares, acompanham diariamente a movimenta��o das receitas e das despesas. Este ano, resolveram definir uma esp�cie de mesada individual, “para os gastos pessoais sem peso na consci�ncia”, esmiu�a ele. “O di�logo � a sa�da. Falar de dinheiro tem de ser uma coisa natural”, acrescenta Roberta.
Mesmo quando n�o s�o elas as detentoras da maior renda, as mulheres t�m ocupado, cada vez mais, o papel de administradora dos recursos familiares. Na estimativa do educador financeiro Reinaldo Domingos, tamb�m autor de livros sobre o tema, o protagonismo feminino j� se concretiza em cerca de 70% dos casais. “Os homens est�o perdendo o reinado e h� uma propens�o clara para que elas assumam o comando do or�amento dom�stico”, sublinha.