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Estado de Minas

Viajantes brasileiros gastam R$1 bilh�o com turismo por ano na Argentina

Mesmo com queda no n�mero de pessoas e nos gastos di�rios, os gastos ajudam a salvar a Argentina da recess�o. Mas infla��o elevada assusta


postado em 04/03/2014 06:00 / atualizado em 04/03/2014 07:05

Buenos Aires — A intermin�vel crise argentina afastou o charme, o glamour e os turistas de Buenos Aires. O n�mero de brasileiros que visitam a capital portenha despencou no ano passado, fazendo com que os Estados Unidos retomassem o t�tulo de destino internacional preferido. Ainda assim, somos n�s os grandes respons�veis por dar f�lego � capenga economia dos hermanos, com a inje��o de cerca de R$ 1 bilh�o por ano, levando em conta uma estadia m�dia de cinco dias.

(foto: EM/D.A.Press)
(foto: EM/D.A.Press)
Dados obtidos com exclusividade pelo Estado de Minas ilustram o impacto da turbul�ncia econ�mica no turismo da Argentina. Nos �ltimos tr�s anos, o desembarque de brasileiros em Buenos Aires caiu 24,7% e os gastos di�rios reduziram 19,7% (veja arte). No entanto, seguimos no topo do ranking dos que mais visitam a terra de Carlos Gardel, Mercedes Sosa e do papa Francisco, e os que mais despejam dinheiro nas noites de tango, na calle Florida e nas lojinhas coloridas do Caminito.

� beira de um novo colapso, a Argentina depende cada vez mais dos turistas. Se n�o fossem os brasileiros, o pa�s j� poderia estar em recess�o. Assim como em 2009 e 2010 o consumo desenfreado dos turistas em Miami contribuiu para ajudar os Estados Unidos a se recuperarem do tombo provocado pela quebra do banco Lehman Brothers, agora � a vez do pa�s vizinho agradecer a gastan�a dos brasileiros quando viajam para o exterior.

Taxistas, gar�ons e vendedores de Buenos Aires leem sobre o Brasil e arriscam frases em portugu�s. O esfor�o n�o � � toa. “Tem muita gente que explora os brasileiros. N�o entendo, voc�s deveriam ser os mais bem tratados aqui”, diz um taxista portenho com mais de 20 anos de profiss�o. Uma viagem do aeroporto de Ezeiza ao centro de Buenos Aires custa aos turistas 450 pesos. Para quem vive na cidade, o trajeto n�o chega a 300 pesos.

Os “brasile�os” est�o na mira dos arbolitos, como s�o chamados os cambistas do mercado cambial paralelo. “Cambio, chicos, cambio”, repetem incansavelmente eles, que se proliferaram pelos principais pontos tur�sticos da capital argentina. Com o peso bastante desvalorizado, os portenhos est�o sedentos por d�lares, euros e reais. Na semana passada, um real valia 4,6 pesos na troca ilegal, cerca de 50% a mais do que no c�mbio oficial. Um d�lar chegava a render quase 12 pesos.

PRE�OS EM ALTA
A aparente for�a do real n�o se traduz em poder de compra para os brasileiros. A hiperinfla��o assusta quem abre os card�pios ou para diante das vitrines em Buenos Aires. O governo de Cristina Kirchner faz barulho para tentar transparecer tranquilidade, mas n�o convence. O descontrole dos pre�os atinge, sobretudo, alimentos e bebidas, que t�m tido reajustes na casa dos dois d�gitos da noite para o dia. Por ano, a carestia pode encostar nos 40%.

Nos churrascos de quintal, nos happy hours e nas mesas dos caf�s centen�rios da capital portenha, infla��o e recess�o s�o pautas obrigat�rias. A guerra midi�tica voltou a se intensificar, com acusa��es rec�procas entre jornais e canais de televis�o pr� e contra as medidas adotadas por Cristina. Para ambos os grupos, por�m, o Brasil, apesar de todos os desafios econ�micos que enfrenta atualmente, segue sendo exemplo para a Argentina.

A todo instante, uma propaganda na tev� pede aos argentinos que ajudem a controlar os pre�os, denunciando os aumentos abusivos. Representantes do governo e de empresas de tecnologia se reuniram recentemente para estudar a possibilidade de instalar chips em caixas de supermercados, como forma de acompanhar melhor as varia��es nas prateleiras. Redes como o Carrefour t�m sido contentemente alvo de cr�ticas, inclusive da pr�pria Cristina.

No m�s passado, a divulga��o de um novo �ndice oficial de infla��o e o reconhecimento do governo de que a carestia alcan�ou n�veis elevad�ssimos foram acompanhadas da promessa de multas a estabelecimentos, fechamento de lojas, abertura de importa��es e fim de incentivos. Como sequela da alta dos pre�os, alguns bares e restaurantes passaram a aceitar somente pagamentos em dinheiro, rejeitando os cart�es de d�bito e cr�dito de portenhos e turistas.

Sob desconfian�a dos investidores
A incessante fuga de d�lares do pa�s, sangrando as reservas cambiais, tem provocado a desconfian�a de investidores e preocupado os argentinos. No in�cio deste ano, uma turbul�ncia cambial causou p�nico aos mercados: em um dia, o peso recuou 15% frente ao d�lar, a maior desvaloriza��o desde a crise de 2001 no pa�s. Desde ent�o, as interven��es do governo foram pouco claras, sem abrir m�o das restri��es � compra da moeda americana.

O decl�nio da economia mexeu muito com a autoestima dos argentinos, que j� se orgulharam de serem um “cantinho da Europa na Am�rica Latina”. Greves, protestos e panela�os externam a desconfian�a dos portenhos em mudan�as significativas do cen�rio no curto prazo. O alto escal�o do governo tem dedicado semanas inteiras � negocia��o com categorias que andam reivindicando at� tr�s aumentos por ano, para compensar a infla��o nas alturas.

Embora Cristina insista que n�o h� embasamento para se falar em crise e ataque o que chama de “previs�es apocal�pticas”, basta conversar com moradores da capital e percorrer as ruas da cidades para perceber a instabilidade econ�mica. Os pedintes est�o nas esta��es de metr� e at� de dentro de shoppings. Chegaram tamb�m aos restaurantes de luxo de Porto Madero, �rea nobre de Buenos Aires. A economia cambaleante aumentou a sensa��o de inseguran�a. (DA)


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