(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas UM FANTASMA NO FIM DO T�NEL

Pa�s volta a sofrer com risco de falta de luz mais de uma d�cada ap�s o racionamento

Ver�o seco e disparada do consumo exp�em fragilidade do sistema el�trico brasileiro


postado em 23/03/2014 06:00 / atualizado em 23/03/2014 08:20

De 2001 para 2014, muita coisa e pouca coisa mudou no setor el�trico brasileiro. H� 13 anos foi decretado o racionamento de energia que vigorou por quase tr�s meses no pa�s. O motivo: pouca chuva, represas vazias, falta de investimentos e planejamento na gera��o de energia. At� o fim de 2013, segundo a Empresa de Pesquisa Energ�tica (EPE), uma pot�ncia de 51,6 mil megawatts (MW) foi adicionada ao sistema, mas, apesar disso, a regularidade do fornecimento do insumo voltou ao fio da navalha. O motivo: a �nica maneira de armazenar energia � encher os lagos das usinas de �gua. Como os novos empreendimentos hidrel�tricos instalados no pa�s s�o a fio d’�gua (n�o possuem reservat�rios) e a situa��o hidrol�gica em 2014 � pior do que a de 2001, continuamos nas m�os de S�o Pedro.

Leia reportagem completa:
Ainda existem brasileiros que n�o sabem o que � ter energia
Usina no Vale do Jequitinhonha est� com 73% de capacidade mesmo com a falta de chuva


Nesse sentido, outra cosia que n�o mudou � que Minas Gerais continua tendo uma import�ncia mais do que estrat�gica para a regulariza��o da oferta de energia no pa�s. Est�o localizadas no estado as nascentes dos tr�s rios mais importantes para a hidroeletricidade brasileira: o Grande, o Parana�ba e o S�o Francisco, que possuem uma s�rie de usinas hidrel�tricas em seu curso e contam, juntas, com pot�ncia instalada de 24.529,5 MW, quase 30% de toda a pot�ncia hidr�ulica existente no pa�s at� 2013. Al�m disso, est�o em Minas todos os grandes reservat�rios do Sudeste, regi�o que responde por 70% da gera��o hidrel�trica nacional. A quest�o � que esses grandes reservat�rios s�o os mesmos desde 2001, observa Fl�vio Neiva, presidente da Associa��o Brasileira de Empresas Geradoras de Energia (Abrage).

Na avalia��o dele, nos 13 anos que se passaram do racionamento de energia para c�, v�-se um equil�brio estrutural no sistema, j� que as usinas instaladas no Brasil apresentam sobra de 6.000 MW. “O que aconteceu agora foi a conjun��o de um calor absurdo com pouca chuva, o que de um lado aumentou o consumo e de outro reduziu a aflu�ncia de �gua nos reservat�rios, que esvaziaram mesmo com a sobra estrutural. A �nica sa�da para essa situa��o seria que existissem mais usinas hidrel�tricas com reservat�rio ou mais usinas t�rmicas”, acredita.

Essa sobra de energia, no entanto, n�o foi suficiente para evitar que o ministro das Minas e Energia, Edison Lob�o, convocasse os representantes do setor el�trico na �ltima ter�a-feira, em Bras�lia. Na reuni�o, da qual participaram 30 representantes do setor el�trico, ele orientou o segmento para n�o alarmar a popula��o e disse que ainda � poss�vel operar o sistema evitando o racionamento de energia este ano. Desta forma, os reservat�rios das usinas chegariam a 15% de sua capacidade em novembro 2014. Em 2001, em igual per�odo, eles chegaram a 21%. A diferen�a � que naquela �poca n�o havia o recurso das t�rmicas. Dos 51 mil MW que entraram no sistema interligado nacional nos �ltimos 14 anos, 48% s�o provenientes de termel�tricas.

Clique na imagem para ampliá-la e saiba mais(foto: EM/D.A Press)
Clique na imagem para ampli�-la e saiba mais (foto: EM/D.A Press)


NO LIMITE
“Aumentou o volume da oferta, mas n�o a seguran�a dessa oferta nos reservat�rios. O sistema tem sido operado no limite. Em fevereiro, a opera��o esteve abaixo da frequ�ncia de 60 hertz, que � a normal no Brasil, o que culminou com o blecaute do dia 5 daquele m�s”, diz um especialista do setor el�trico. A mesma fonte aponta que, coincidentemente, em 2014 deixar�o de entrar em opera��o 6.000 MW, principalmente por atrasos nas obras das linhas de transmiss�o que conectariam a energia que est� sendo produzida nos parques e�licos do Nordeste e que estava saindo das usinas de Jirau e Santo Ant�nio, no Rio Madeira (RO), � Regi�o Sudeste.

De acordo com Elbia Melo,  presidente da Associa��o Brasileira de Energia E�lica (Abee�lica),  havia um total de 1.200 MW parados nos parques por falta de linha de transmiss�o. No entanto, em fevereiro entraram 360 MW, outros 300 MW entrar�o at� o fim deste m�s “e at� o fim do ano todos estar�o transmitindo”, sustenta. Somente a linha de transmiss�o do Madeira ter� 2.300 quil�metros. Sua capacidade de transmiss�o ser� de 7.000 MW instant�neos, mas, por enquanto, s� 1.100 MW est�o passando.

A entrada da energia que j� est� sendo produzida em Santo Ant�nio e em Jirau, somada  aos megawatts que est�o “parados” nas e�licas, poderia ajudar a manter mais �gua nos reservat�rios em 2014, mas seria um atenuante e n�o a solu��o para o problema. O lado bom � que as duas fontes de energia s�o complementares ao sistema de gera��o hidrel�trica do Sudeste. Ou seja, quando est� chovendo por aqui, no Norte e no Nordeste est� ventando. Por outro lado, quando a chuva deixa de cair no Sul e no Sudeste, as usinas de Santo Ant�nio e Jirau est�o produzindo energia que vem da �gua e as e�licas, a energia que vem do vento.





Pouca armazenagem para muita demanda

Com o ver�o mais seco, o fato � que a capacidade armazenada de energia no Brasil para atender ao consumo no pa�s est� diminuindo. Hoje, de acordo com uma fonte do setor que pediu para n�o ser identificada, ela � suficiente para fazer frente � demanda no pa�s por cerca de 5 meses. H� 10 anos, por�m, os reservat�rios das mesmas usinas tinham capacidade para atender a carga do sistema por seis meses. E � justamente a energia armazenada que d� garantia ao sistema para enfrentar situa��es como a que o Sudeste est� vivendo hoje.

Enquanto isso, o consumo s� cresce, principalmente nas resid�ncias e no segmento de com�rcio e servi�os. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energ�tica (EPE), entre 2001 e 2013 a expans�o da demanda pelo insumo no pa�s foi de 40,6%, em m�dia. No consumo residencial ela cresceu 59,1%, no comercial 68%, e no industrial apenas 19%. Para Walter Froes, diretor da CMU Comecializadora de Energia, houve um aumento grande da demanda sobretudo na “Era Lula”. Isso significa que a entrada da Classe C no mercado de consumo, amparada pelo emprego, pelo aumento da renda e pelo cr�dito farto, impulsionou a compra de geladeiras, televisores, aparelhos de ar condicionado, entre outros eltrodom�sticos. “A sorte � que a economia n�o est� crescendo a contento porque hoje o sistema est� se equilibrando no fio da navalha”, diz.

Para se ter uma ideia, enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) de 2012 cresceu 0,9%, o consumo de energia cresceu 4,2% no mesmo ano, ou seja quase quatro vezes mais. Em 2013, o pa�s cresceu 2,3% enquanto o aumento da carga foi de 3,6%. A previs�o para 2014 � de uma expans�o de 1,9% no PIB contra 4,8% no consumo. “O problema � que em dezembro de 2012 anunciou a redu��o de 20% na conta de luz e isso � um sinal econ�mico invertido porque induz as pessoas a gastarem mais energia”, diz outra fonte do setor que n�o quer ter seu nome revelado.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)