
A pouco mais de 60 dias do in�cio da Copa do Mundo, o governo federal finalmente admite que parte das obras previstas para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, n�o ser� entregue a tempo e, para piorar, diz que ser� preciso “tapear” o que n�o for conclu�do a tempo para garantir a opera��o do terminal durante o evento. A obra de amplia��o da pista de pouso, por exemplo, n�o ser� entregue, assim como a reforma completa do terminal de passageiros, disse o presidente da Infraero, Gustavo do Vale, nessa segunda-feira, na cerim�nia de assinatura do contrato de concess�o do aeroporto. A pra�a de alimenta��o tamb�m ser� improvisada.
O plano emergencial da Copa, previsto no contrato de concess�o, tamb�m corre o risco de n�o ser posto em pr�tica at� junho. Com isso, medidas importantes para melhorar a qualidade do servi�o podem n�o ser implementadas, como a amplia��o dos pontos de energia, a disponibiliza��o de wi-fi gratuita de alta velocidade e a instala��o de c�meras no estacionamento. “As obras est�o andando, mas n�o no ritmo que esper�vamos. Reconhe�o que est�o atrasadas, que n�o ficar� pronto com aquilo que a gente estava prevendo para a Copa do Mundo, mas posso garantir que, com o que estar� pronto at� o final de abril, ser� perfeitamente poss�vel para Confins receber todos os passageiros que aqui vir�o com conforto e tranquilidade”, afirma o presidente da Infraero.
Como rela��o �s obras n�o ficar�o prontas, a solu��o encontrada ser� isol�-las at� o fim do evento para retom�-las na sequ�ncia. “N�s podemos, vamos dizer assim, tapear as obras de modo que voc� melhore a operacionalidade sem termin�-las como um todo”, afirma Gustavo do Vale ao lado do ministro da Secretaria de Avia��o Civil, Moreira Franco, do diretor da Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac), Marcelo dos Guaranys, e do presidente da concession�ria de Confins, Paulo Rangel.
De acordo com o �ltimo balan�o de andamento, at� fevereiro 42% das obras do terminal de passageiros haviam sido executadas, incluindo a instala��o das nove pontes de embarque e a instala��o de parte do piso de granito. Resta ainda a substitui��o dos elevadores e das escadas rolantes, al�m da conclus�o da obra de extens�o do teto, entre outros. O projeto deveria ser conclu�do em abril, mas s� ser� entregue em setembro. O terminal provis�rio teve apenas 41,7% das obras conclu�das, deveria ter sido entregue no m�s passado, mas a previs�o � que fique pronto na primeira semana de maio.
“As pessoas que n�o viajavam nesse pa�s 10 anos atr�s hoje viajam. O processo de distribui��o de renda foi mais r�pido que o processo de melhoria da infraestrutura. Agora, estamos criando as condi��es para que isso ocorra o mais rapidamente poss�vel”, afirmou a presidente Dilma Rousseff, presente no evento. Segundo ela, os passageiros est�o mais exigentes e querem um servi�o aeroportu�rio cada vez melhor. “O objetivo, de fato, � providenciar a moderniza��o do setor. Um setor que tem crescido extraordinariamente. E reflete uma caracter�stica de nosso modelo econ�mico”, disse.
Segundo a estatal, 33,8% das obras da pista e do p�tio foram executadas. O p�tio dever� ficar pronto ainda neste m�s, mas a pista, s� depois da Copa do Mundo. A explica��o do presidente da Infraero � que, para ser feita a jun��o da pista, � preciso reduzi-la temporariamente em 400 metros, o que restringiria consideravelmente a capacidade de opera��o das aeronaves da TAP. “Pode operar, mas tem que reduzir tanto a carga que a empresa n�o v� vantagem”, afirma o presidente da Infraero. Com isso, os 600 metros que devem ser acrescidos � pista ser�o unidos aos 3 mil metros existentes depois de encerrado o evento.
A reforma na pista, no entanto, n�o ser� suficiente para as necessidades no terminal. O presidente da Infraero afirma que a concession�ria precisar� iniciar reforma mais profunda na pista em at� dois anos. A obra estava prevista para ser feita pela Infraero. “A pista vai ter que passar por uma reforma importante, profunda. � preciso fazer manuten��o da pista depois de 30 anos de uso”, diz ele. A solu��o para tal obra, segundo ela, pode ser a execu��o de um paliativo para que a reforma de fato seja feita depois de pronta a segunda pista do aeroporto, que deve ser entregue pelo concession�rio at� 2020.
Alimenta��o
Apesar de a Infraero ter feito reforma do terminal de passageiros prevendo a implanta��o de uma pra�a de alimenta��o no terceiro andar, ao lado do restaurante panor�mico, em conversas com o governo federal, a empresa concession�ria pediu que o espa�o n�o fosse ocupado pelo setor de alimenta��o. Com isso, mesmo tendo sido feita a licita��o para implanta��o dos estabelecimentos, os vencedores n�o assumir�o tais espa�os.
Segundo a superintendente do aeroporto de Confins, Maria Edwiges Madeira, o local est� praticamente pronto para as empresas montarem suas cozinhas. “Aqui ter�amos cerca de 12 concession�rios, dentro da estrat�gia da Infraero de colocar, em um mesmo ambiente, v�rias empresas de alimenta��o, at� para haver concorr�ncia de qualidade e pre�o. A concession�ria tem outra concep��o de arquitetura. Faz-se um cancelamento dos contratos. Tudo vai ser revisto”, afirma. Entre os integrantes da pra�a de alimenta��o estavam o restaurante e a lanchonete com pre�os populares.
Caso os contratos fossem assinados e o espa�o fosse ocupado por lanchonetes e restaurantes, ao encerrar os contratos, daqui a 12 meses, e concession�ria teria que fazer nova reforma para instal�-los no lugar previsto no escopo definitivo. “J� fizemos algumas proposi��es para evitar o desperd�cio de dinheiro. A �rea de restaurante � um exemplo”, afirma o presidente da BH Airport, Paulo Rangel.
Em contrapartida, cinco pontos provis�rios de alimenta��o ser�o instalados no t�rreo do terminal durante a Copa do Mundo para atender os passageiros e demais visitantes. No terceiro piso, ser� instalada uma Fan Zone patrocinada pela Caixa Econ�mica Federal, com tel�o, caixa eletr�nico e outros equipamentos de entretenimento para as pessoas que aguardam por voos poderem assistir aos jogos.
Terminal deve projetar BH
O primeiro passo da administra��o da concession�ria foi a cria��o de uma logomarca com o intuito de tornar o aeroporto mais vend�vel, principalmente no exterior. Os tr�s tra�os da marca formam um avi�o e, ao lado, vem a inscri��o: BH Airport – Aeroporto Internacional de Belo Horizonte. A proposta � associar o aeroporto � capital do estado, em vez de � cidade de Confins, onde, de fato, ele est� instalado. A mudan�a tamb�m era pleiteada pelo governo de Minas.
No dia do leil�o, integrante do grupo CCR, um dos tr�s integrantes do cons�rcio, declarou que uma das metas do grupo era internacionalizar Confins, permitindo aos mineiros viajar para o exterior sem ter que fazer conex�o em Rio e S�o Paulo. O presidente da BH Airport, Paulo Rangel, confirma que as negocia��es com as companhias a�reas come�aram antes mesmo da assinatura do contrato. Uma possibilidade � que rotas sejam criadas entre os aeroportos pertencentes aos operadores privados. Al�m de Confins, Zurique e Munique, Cura��o, Bogot� e terminais chilenos e hondurenhos fazem parte dos quadros dos acionistas. “Existe a possibilidade de rotas (com aeroportos) que j� tenham conex�o com nossos s�cios. Est� dentro dos planos”, afirma Rangel.
At� a Copa, os novos operadores pretendem revisar elevadores, sanit�rios, escadas rolantes e principalmente o sistema de combate a inc�ndio. Para isso, � preciso correr na elabora��o dos projetos. A empresa tem 30 dias para apresentar o chamado plano de a��es imediatas e a Ag�ncia Nacional de Avia��o Civil (Anac) tem outros 20 dias para aprov�-lo. O prazo � curto. Conta favoravelmente o fato de a empresa ter participado, desde o ano passado, de conversas com o governo federal, o que contribui para agilizar a entrega e aprova��o do projeto. Depois disso, s�o necess�rios mais 30 dias para a implanta��o dos itens que integram o plano, como amplia��o dos pontos de energia; revis�o da ilumina��o e do sistema de combate a inc�ndio. Mais 90 dias ser�o necess�rios para outros seis pontos do plano, como a implanta��o da rede de internet sem fio de alta velocidade e a coloca��o de c�meras no estacionamento. (PRF)