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Estado de Minas

Taxa de infla��o no Brasil � uma das maiores do mundo

Entre 16 economias monitoradas pelo BC, a brasileira s� tem custo de vida menor que a da Venezuela, da Argentina e do Uruguai


postado em 21/04/2014 06:00 / atualizado em 21/04/2014 08:02

Depois de quase duas d�cadas de estabilidade, o Brasil voltou a figurar em um ranking nada lisonjeiro: o de pa�ses com as maiores taxas de infla��o do mundo. No pa�s, enquanto as fam�lias lutam para acomodar a disparada dos pre�os em um apertado or�amento — da batata inglesa �s carnes, da gasolina ao plano de sa�de, tudo aumentou —, nos Estados Unidos, o governo torce pela eleva��o da carestia e, na Europa, o valor de produtos e servi�os caiu tanto, a ponto de a amea�a de defla��o p�r em risco a recupera��o da regi�o.


Desde o in�cio de 2011, quando a presidente Dilma Rousseff tomou posse, o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a carestia oficial no pa�s, avan�ou 22%. Ou seja, em m�dia, a cada ano, a infla��o engoliu 6% da renda da popula��o. Tamanho descuido com esse mal produziu um efeito indesejado, como mostra levantamento realizado pelo Estado de Minas, com base em uma lista de 16 economias monitoradas pelo Banco Central. Os dados indicam que a nossa carestia s� n�o foi maior do que o custo de vida observado em tr�s vizinhos sul-americanos: Venezuela, Argentina e Uruguai.


N�o por acaso, esses s�o pa�ses que tentam combater a infla��o da pior forma poss�vel, ao recorrer a medidas como congelamento de pre�os e intervencionismo do governo em setores-chave da economia. Essas experi�ncias extravagantes, com as quais o Brasil est� flertando, ao segurar os reajustes da gasolina e do diesel, e ao derrubar as tarifas de energia por decreto, t�m, no entanto, alcance curto e pouca efic�cia para combater a verdadeira raiz dos problemas. "Uma infla��o muito elevada, em geral, � reflexo de uma economia com desarranjos estruturais", diz o economista Wellington Ramos, da Austin Rating. Nos �ltimos anos, tornou-se evidente o descompasso entre a demanda das fam�lias e a oferta limitada de produtos e servi�os no pa�s, quadro agravado pela baixa produtividade da m�o de obra.


Ao estimular o consumo sem a devida contrapartida da produ��o, tudo o que o governo Dilma conseguiu foi produzir mais infla��o. H� quatro anos consecutivos, o custo de vida sobe muito acima do centro da meta perseguida pelo BC, de 4,5%. Em 2014, a estimativa da institui��o � de que os pre�os ultrapassem os 6%. Pelos c�lculos do mercado, o IPCA romper� o teto da meta, de 6,5%, entre maio e junho pr�ximos, e encerrar� o ano em 6,47% — a maior taxa desde 2011.

SURREAL

Para os especialistas, quaisquer que sejam os par�metros de compara��o, o Brasil se tornou o pa�s da carestia. Itens simples, como um sandu�che do McDonald’s, comprovam o quanto os pre�os est�o fora da realidade. Em 2000, um Big Mac era vendido por R$ 2,95. Agora, n�o sai por menos de R$ 12,40 — uma alta de 143%. No mesmo per�odo, em d�lares, o pre�o saltou de US$ 1,79 para US$ 5,25. Nesse valor, j� � o sexto mais caro do planeta. Diversos itens, principalmente eletr�nicos, comprovam o quanto os brasileiros est�o sendo explorados. O iPhone custa, em m�dia, no pa�s, US$ 1,1 mil. O mesmo item comprado no Canad� sai por US$ 604, ou 47,9% menos.


S�o exemplos corriqueiros, mas que escancaram o quanto o or�amento das fam�lias est� sendo aviltado pela carestia. Nos �ltimos anos, com a renda crescendo muito acima da infla��o e o mercado de trabalho absorvendo tantas pessoas, n�o se notou tanto os reajustes disseminados de pre�os que tomaram conta da economia. Agora, por�m, com o n�vel da atividade fraquejando — o Produto Interno Bruto (PIB) cresce a um ritmo inferior a 2% —, j� n�o se gera tantas vagas no mercado de trabalho. Com a produ��o e as vendas capengando, ind�stria e com�rcio j� resistem a dar aumentos salariais expressivos.


Para piorar, os consumidores est�o enfrentando um choque nos pre�os dos alimentos. Com falta de chuvas em algumas regi�es e excesso de �gua, em outras, o encarecimento da comida est� levando muita gente a retirar produtos essenciais dos carrinhos de supermercados. "Tudo est� jogando contra", afirma Fl�vio Serrano, economista s�nior do Esp�rito Santo Investment Bank. O quadro se agrava porque, al�m de n�o fazer o dever de casa, o governo s� adicionou problemas na economia. Em vez de cair, a carga tribut�ria aumentou, os juros subiram, os trabalhadores se empanturraram de d�vidas, a qualidade da infraestrutura piorou, a burocracia se agigantou e h� press�es inflacion�rias represadas, devido �s interfer�ncias do Pal�cio do Planalto nos pre�os dos combust�veis e da energia el�trica. Esse represamento estimula a desconfian�a e as remarca��es preventivas, que s� fortalecem o IPCA

 

"Infelizmente, s�o os consumidores que pagam a conta. E ela est� ficando cada vez mais salgada", reconhece Ramos, da Austin Rating. E como n�o se espera mudan�as significativas a curto prazo, independentemente de o Banco Central estar aumentando os juros h� um ano — de 7,25% para 11% ao ano —, os brasileiros devem preparar o bolso. O Brasil permanecer�, por um bom tempo, como um dos pa�ses mais caros do mundo.

RISCO POL�TICO

A escalada da infla��o produziu estragos na renda dos brasileiros e derrubou a aprova��o da presidente Dilma Rousseff. Na vis�o dos especialistas, est� claro que os brasileiros n�o perdoam governos que ponham em risco o poder de compra da popula��o. Foi a consolida��o da estabilidade econ�mica que permitiu a mais de 40 milh�es de pessoas migrar para a classe m�dia na �ltima d�cada. "Com infla��o n�o se brinca", afirma a diarista Maria Pereira da Cruz, 48 anos. "O governo precisa agir r�pido para conter a carestia. A sensa��o que se tem hoje � de descontrole de pre�os", acrescenta a professora Mariluce Lopes, 40.


Para o economista-chefe da Sul Am�rica Investimentos, Newton Rosa, se a presidente Dilma deseja realmente a reelei��o, na disputa marcada para outubro pr�ximo, deve dar sinais claros de que o governo est� agindo para conter a infla��o. Com o bolso apertado, os brasileiros j� veem os empregos amea�ados, mesmo com o pa�s registrando taxas de desocupa��o historicamente baixas.


H� raz�es de sobra para a popula��o estar em alerta. Em nenhum momento desse governo, o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), par�metro oficial do custo de vida, ficou pr�ximo do centro da meta, de 4,5%, perseguida pelo Banco Central. A m�dia da carestia foi de 6% ao ano. E deve se manter nesse n�vel at� pelo menos 2016, independentemente do arrocho promovido pelo Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom), que elevou a taxa b�sica de juros (Selic) de 7,25% para 11% ao ano desde abril de 2013.


"A preocupa��o com a economia come�a quando o eleitor se d� conta de que o sal�rio dele j� n�o � mais suficiente para comprar a mesma quantidade de itens que um m�s antes", observa Rosa.


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