Luiz Ribeiro
A banana nunca foi t�o badalada. Na �ltima semana, a fruta foi destaque na m�dia – e em diferentes partes do mundo –, sendo exibida nas redes sociais por personalidades como o jogador Neymar, a cantora Ivete Sangalo, os apresentadores Luciano Huck e Ang�lica, o primeiro-ministro italiano Matteo Renzi e o t�cnico da It�lia, Cesare Prendelli. Tamb�m levou � manifesta��o da presidente Dilma Rousseff. Tudo por conta da campanha contra o racismo. Agora, a Confedera��o Nacional dos Produtores de Banana (Conaban) quer aproveitar a superexposi��o da fruta para fazer uma campanha de marketing estimulando o consumo.
“A ideia � que, al�m de combater o racismo, possamos aproveitar esse epis�dio para divulgar e valorizar os valores nutricionais da fruta. Vamos contratar uma ag�ncia para difundir que ‘todos n�s devemos comer banana e que ela faz muito bem � sa�de’”, afirma o presidente da Conaban, o mineiro Dirceu Colares Moreira, numa alus�o � campanha “Somos todos macacos”, que foi “lan�ada” por Neiymar (orientado por uma ag�ncia de publicidade), depois que o jogador Daniel Alves comeu uma banana atirada em sua dire��o por um torcedor no jogo do Barcelona contra o Vilarreal, domingo passado.
De acordo com a confedera��o nacional, com uma �rea plantada 523 mil hectares, o Brasil alcan�a hoje uma produ��o de 6,846 milh�es de toneladas de bananas por ano, situando-se como quinto maior produtor mundial, depois de �ndia, China, Filipinas e Equador. A bananicultura gera faturamento no Brasil de US$ 4,37 bilh�es anuais. Minas Gerais � o terceiro produtor nacional, sendo superado por S�o Paulo e pela Bahia. No territ�rio mineiro, as maiores colheitas s�o feitas na regi�o de Jana�ba e Ja�ba (Norte do estado), que tem cerca de 15 mil hectares de bananais.
O consumo m�dio de banana dos brasileiros � de 30 quilos por habitante/ano. Dirceu Colares ressalta que existem condi��es para ampliar o consumo n�o somente da banana, mas tamb�m de outras frutas. “De acordo com a FAO (Organiza��o das Na��es Unidas para Alimenta��o e Agricultura), mundialmente, � recomendado o consumo de 100 gramas de frutas por dia. O brasileiro consome, em media, 70 gramas de frutas diariamente, tendo a banana como carro-chefe. Mas a nossa inten��o � estimular o consumo de todas as frutas tropicais. O ideal � que os brasileiros consumam todos os dias uma salada de frutas”, observa.
Colares lembra que h� algum tempo o governo brasileiro anunciou que lan�aria uma campanha publicit�ria, envolvendo diversos minist�rios, para estimular o consumo de frutas, especialmente da banana, como forma de combater consequ�ncias da m� alimenta��o, como a obesidade – pois pesquisa recente demonstra que a metade da popula��o brasileira est� acima do peso. “Estivemos v�rias vezes nos minist�rios da Sa�de e da Agricultura cobrando a veicula��o da campanha, que nunca come�a”, lamenta o l�der classista.
Ele afirma que a divulga��o da banana pelas celebridades representa uma boa oportunidade para destacar as qualidades da fruta, especialmente do produto que � colhido no Brasil. “Existe uma grande vantagem no pa�s que � a produ��o de banana em praticamente todos os estados. Assim, os brasileiros consomem uma fruta fresca, mais saborosa”, comenta Colares. “Quando a banana � exibida por celebridades fica mais f�cil divulgar que se trata de uma fruta muito saud�vel e saborosa. Vamos fazer uma campanha de marketing mostrando essas qualidades”, anuncia.
DISPUTA COM O EQUADOR
O Equador, maior exportador mundial de banana, tenta vender a fruta para o Brasil e trava uma luta contra os produtores brasileiros, que fazem gest�es junto ao governo para que seja impedida a compra da fruta do pa�s vizinho. Na semana passada, o presidente do Equador, Rafael Correa, tamb�m entrou na “onda” da banana contra o racismo, assim como fez a presidente Dilma. Correa divulgou um post nas redes sociais em que aparece segurando uma penca de bananas, junto com a frase: “Do Equador, o maior e melhor produtor de bananas do mundo, rejeitamos o racismo #somostodosmacacos”.
O presidente da Confedera��o Nacional dos Produtores de Banana, Dirceu Colares, disse que j� fez diversos apelos ao governo brasileiro para impedir a importa��o da fruta equatoriana, o que, segundo ele, vai causar uma instabilidade no mercado nacional e acarretar preju�zos para os agricultores. Colares tamb�m questionou o presidente do pa�s vizinho, no que diz respeito � qualidade da banana daquele pa�s. “A nossa banana � muito melhor do que a do Equador porque aqui se consome uma fruta mais fresca e mais saborosa. Al�m do mais, podemos dizer que a banana brasileira � produzida quase na agricultura org�nica, pois recebe, em m�dia, quatro aplica��es de defensivos anualmente. No Equador, s�o realizadas de 40 a 50 aplica��es de defensivos a cada ano”, compara.
OSCILA��O DE PRE�OS
Ao mesmo tempo em que banana ganha maior divulga��o por causa da campanha contra o racismo, os consumidores brasileiros conviveram com a oscila��o de pre�os do alimento nos �ltimos meses. O quilo da banana-prata an�, que custava R$ 1,20 no fim do ano passado, chegou a R$ 1,80 em janeiro e agora est� em cerca de R$ 1,50. Em Montes Claros, no Norte de Minas, em abril, o quilo da banana para o consumidor teve uma queda de 3,18% depois de sucessivas eleva��es nos meses anteriores, de acordo com �ndice de Pre�os do Consumidor (IPC) da Unimontes.
“A varia��o de pre�os da banana sempre ocorre entre a �poca da safra e o per�odo da entressafra, como estamos vivendo agora. Isso � consequ�ncia da lei da oferta e da procura”, afirma Dirceu Colares. Ele diz que o pre�o come�ou a cair em abril e que dever� reduzir ainda mais � medida que se aproxima de uma nova safra, no meio do ano. (LR)