O governo da presidente Dilma Rousseff est� colhendo o que plantou ao brincar com a infla��o e permitir que ela ficasse mais pr�xima do teto de 6,5% ao ano e n�o da meta de 4,5% determinada pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN). A chefe do Executivo inicia o quarto ano de mandato com mais um PIB fraco. O ritmo de avan�o do Produto Interno Bruto (PIB) caiu de 0,4% para 0,2% entre o �ltimo trimestre de 2013 e janeiro a mar�o, conforme dados divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Esse resultado foi puxado, sobretudo, pela queda de 0,1% do consumo das fam�lias, que est�o perdendo o poder de compra com a carestia cada vez maior.
Nos segundo e o terceiro trimestres do ano passado, a chamada Forma��o Bruta de Capital Fixo j� havia encolhido 2% e 1,2%, respectivamente. “S�o quedas expressivas, explicadas pelo baixo dinamismo da economia brasileira e pela queda das expectativas empresariais”, refor�aram os t�cnicos do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
O economista-chefe da Gradual Investimentos, Andr� Perfeito, avalia que o somat�rio de eventos no in�cio do ano – amea�a de “apag�o”, corte de �gua, alta inflacion�ria por conta dos custos dos alimentos e rigoroso inverno nos Estados Unidos – foi determinante na trajet�ria de retra��o dos investimentos. Ele avalia que o real impacto foi potencializado por um “processo eleitoral agressivo”. Perfeito vislumbra que o mercado deve acalmar a partir do segundo semestre, com a melhor compreens�o dos empres�rios acerca da situa��o eleitoral do pa�s. E recorda frase do ent�o ministro da Fazenda, Ant�nio Palocci, “n�o se d� cavalo de pau em transatl�ntico”, para justificar que mesmo caso outro governo assuma o Pal�cio do Planalto no ano que vem dificilmente haver� mudan�a dr�stica no rumo.
A fraca atividade econ�mica � resultado de uma produ��o industrial capenga, que recuou 0,8% no trimestre em rela��o ao mesmo per�odo anterior e n�o tem capacidade de suprir a demanda interna e, por conta disso, faz o pa�s caminhar para o primeiro deficit comercial no ano desde 2009, quando a economia brasileira estava em recess�o, a reboque da crise financeira global, estourada em 2008, com a quebra do banco americano Lehman Brothers.
O recuo da ind�stria em rela��o ao desempenho do fim de 2013 se explica pelo p�ssimo momento da ind�stria de transforma��o, que recuou 0,8%, e da consider�vel contra��o na constru��o civil (-2,3%). A situa��o s� n�o foi pior porque o extrativismo mineral teve alta de 0,5% e as atividades de eletricidade, g�s, �gua, esgoto e limpeza urbana (1,4%) conseguiram crescer. A desacelara��o no in�cio do ano fez com que os economistas revisassem suas proje��es de alta do PIB neste ano, agora mais pr�ximas de 1% do que de 2%. E as apostas de queda j� neste trimestre est�o aumentando. Com o resultado, Perfeito revisou a proje��o do PIB para 2014, de 1,9% para 1,5%.
Sem muni��o A equipe econ�mica de Dilma est� sem cartas na manga para reverter a tend�ncia de baixo crescimento. Mantega disse que o governo aposta no consumo para tentar virar o jogo. Para ele, “a Copa vai ajudar a melhorar a economia do pa�s”. “O investimento foi afetado pelos estoques, que ficaram altos e pelo crescimento fraco da demanda das fam�lias. O que est� faltando � consumo. � claro que o investimento tamb�m sofre sem consumo das fam�lias. � medida que voc� tiver mais consumo, as empresas v�o investir mais"”, disse Mantega, ontem, em S�o Paulo.