
E a expectativa � de que a ressaca de pre�os da cerveja durante a Copa seja ainda maior. O temor � de que o pre�o da garrafa chegue a R$ 10 na v�spera dos dias de jogos. Vale lembrar que o os torcedores que v�o assistir �s partidas da Copa nos est�dios v�o pagar este mesmo valor em um copo de 473ml de Brahma. O pre�o foi divulgado pela Fifa na semana passada.
O consultor em seguran�a Bruno C�sar Dondice Larcher, de 34 anos, � um apreciador de cerveja e tem se assustado com os reajustes dos �ltimos meses. “Em 2013, a garrafa custava de R$ 6 a R$ 6,50 na Zona Sul de BH. Agora, chega a R$ 8, quase R$ 9”, observa. Ele n�o v� justificativa para os reajustes. “E essa propaganda de pre�o congelado � uma ilus�o. Tudo aumentou antes”, pondera. Para tentar reduzir um pouco o gasto com a loura gelada, Larcher mant�m um cooler sempre cheio com 24 lat�es de Brahma ou Itaipava. Apesar de conseguir uma boa economia na conta, ele diz que o aumento para as latas tamb�m foi uma realidade dos �ltimos meses. “A cerveja est� mais cara em todo lugar”, afirma o empres�rio Marques Moreno, que n�o dispensa um copo bem gelado no happy hour. No ano passado, ele desembolsava cerca de R$ 20 com a bebida e o tira-gosto. Hoje, n�o gasta menos de R$ 30 quando chega ao bar. “� muito reajuste. N�o tem justificativa.”
Propriet�rios de bares, choperias e restaurantes e mesmo de revendas de bebidas da cidade confirmam que os pre�os n�o est�o totalmente estacionados. O dono do Emp�rio Santa Tereza, Cristiano Augusto Gon�alves de Paula, vende de 250 a 300 r�tulos de bebidas e observa que os aumentos foram “exorbitantes” no �ltimo ano. “H� um ano tinha lat�o a R$ 1,40. Teve aumento de 100%”, diz, apesar de lembrar que havia uma situa��o de “promo��o”. Os benef�cios e b�nus foram sendo retirados. Com isso, apesar do pre�o de tabela n�o subir, na pr�tica, aumentos foram praticados. “J� me avisaram que para este m�s v�o tirar mais condi��es que me garantiam um pre�o menor”, conta. “Para segurar o cliente, s� suando e criando estrat�gias”, refor�a. Ele capricha no atendimento e entrega a cerveja gelada em casa. Nas quintas e sextas-feiras, o emp�rio � transformado em bar com capacidade para de 180 a 200 pessoas
NO DESTILADO Jorge Lage, propriet�rio do Bar do Doca, que leva seu apelido, diz que vende as cervejas entre R$ 8 e R$ 8,50. “Nesta mesma �poca do ano passado estava em uns R$ 6. Tivemos muitos aumentos e n�o deu para segurar. Tive que repassar”, conta. E ele ainda diz estar segurando: “Se fosse para repassar todas as altas, j� estaria em R$ 10”. Por causa dos aumentos, a clientela do bar est� mudando de h�bito e consumindo mais caipivodka e destilados. E o empres�rio ainda acredita que novos reajustes vir�o nos pr�ximos dias: “congelaram para gringo ver.”
Rodrigo Ferraz, que tem entre os seus neg�cios as choperias Albanos e o Haus M�nchen, lembra que a Lei Seca j� colocou o p� no freio do consumo de cerveja e chope em Belo Horizonte. E a renda em queda tamb�m reflete diretamente no setor. “Aumentos, Lei Seca e economia ruim s�o p�ssimos para as vendas”, observa. Em um ano, ele calcula quedas nos neg�cios entre 10% e 30%. Por isso, a resist�ncia tamb�m para novos repasses, mesmo que eles cheguem das ind�strias. A Copa pode ser positiva para aumentar o consumo, mas Ferraz lembra que se houver manifesta��es, o que ocorre � o contr�rio, pois as pessoas evitam sair de casa.
Para o dono da Cantina do Sorriso, Anderson Luiz Fernandes, conhecido como Sorriso, n�o h� justificativas para os reajustes do �ltimo ano. No seu restaurante, onde h� tamb�m um espa�o do cervejeiro artesanal que serve para confraria, para se produzir uma garrafa da bebida de cevada artesanal, o custo fica entre R$ 5 e R$ 6. “E � uma cerveja de qualidade muito superior � vendida no mercado convencional”, pondera. “Os aumentos s�o injustos”, destaca o empres�rio que � um apreciador da bebida. Para ele, o mercado da cerveja artesanal tem sido motivado por causa desse tipo de situa��o injusta: “cada dia � maior o n�mero de pessoas querendo produzir suas pr�prias receitas”.
Respingos dos tributos
A explica��o para os reajustes da cerveja, que podem deixar a bebida mais cara nas comemora��es para a Copa est� no ano passado. Paulo Solmucci, presidente-executivo da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), lembra que em outubro houve uma alta de 13% nos impostos. Em abril, foram mais 4%. E os tributos representam mais de 40% do pre�o final cobrado pela loura gelada. “O que pode estar ocorrendo agora � o repasse dos aumentos que estavam represados. Para n�o perder o cliente, os bares v�o passando aos poucos”, observa . Como reajustes implicam em queda no volume de vendas, ele n�o acredita em novas altas para a Copa. “A recomenda��o � para que os empres�rios n�o sejam oportunistas.”
Fernando J�nior, presidente da regional mineira da Abrasel confirma que os aumentos mais fortes ficaram concentrados em 2013. No entanto, muitos dos empres�rios do setor diminu�ram suas margens para n�o perder vendas. “N�o tem como negar: se o pre�o aumenta, o consumo diminui”. Por esse motivo, a lucratividade do setor, que h� mais tempo variava de 15% a 20% do faturamento foi reduzida: “quem consegue 10% hoje est� feliz”.
Um ver�o a mais Apesar do cen�rio, Copa � Copa. Por isso, os fabricantes de cerveja est�o bem animados. Paulo Petroni, diretor-executivo da Associa��o Brasileira da Ind�stria da Cerveja (CervBrasil), explica que ser� como ter quatro meses de ver�o e dois de inverno. “Vamos substituir um per�odo de baixa por um de alta.” No pa�s, o consumo � da ordem de 66 litros por pessoa/ano, segundo dados de 2011. Como houve retra��o na produ��o em 2013, de 2,6%, para este ano, a expectativa � de pelo menos retomar os patamares de 2012, quando foram produzidos 13,74 bilh�es de litros da bebida. “Em 2013 houve perda da capacidade de compra do consumidor.”
Petroni n�o comenta a pol�tica de pre�os das fabricantes de cerveja. Mas observa que o adiamento da alta dos tributos aumenta a flexibilidade das empresas, o que segura reajustes. “Quem trabalha bem pre�os, ganha no aumento do volume vendido”, lembra. Ele n�o acredita que haver� altas antes ou durante a Copa.
O diretor comercial da Ambev em Minas Gerais e no Esp�rito Santo, Marcelo Abud, refor�a que este m�s e o pr�ximo v�o representar um segundo ver�o para as vendas de cervejas. E ele garante que a ind�stria est� preparada para o aumento do consumo: “n�o vai faltar cerveja”. E ele afirma que n�o vai haver nenhum reajuste durante a Copa. “� o nosso compromisso com o consumidor e nossa rede de revendas est� orientada a tamb�m n�o promover repasses.” Em Minas, segundo ele, 80 mil pontos de vendas aderiram � campanha. Mas ele diz que no ano passado os reajustes foram da ordem de 10% por causa de uma combina��o de infla��o mais forte e alta nos impostos da bebida.
Para Feliciano Abreu, diretor-executivo do Mercado Mineiro, a sa�da para o consumidor � pesquisar antes de comprar. Ele lembra que nos supermercados os reajustes foram menores, de at� 10,9% no �ltimo ano. “H� mais concorr�ncia e muitas promo��es.” Em sua opini�o, quem aumentar o pre�o vai correr o risco de dar um tiro no p�: “A renda j� est� apertada e as pessoas cortam nos gastos com o bar”. (GR)