
Depois de trabalhar quase uma d�cada como a�ougueiro, Agnaldo Marciano, de 42 anos, se mandou para Portugal, onde aprendeu o of�cio de gesseiro. Ficou l� de 2004 a 2008, quando migrou para a Espanha, pa�s onde continuou a nova profiss�o at� 210. “A� veio a crise internacional e retornei ao Brasil. Trabalhei numa empresa nacional como gesseiro, mas vi uma oportunidade de montar meu pr�prio neg�cio”. Agnaldo se refere � categoria do microempreendedor individual (MEI), universo criado pelo Projeto de Lei Complementar (PLC) 128/08 e que entrou em vigor em julho de 2009.
A categoria foi criada com dois objetivos. Um deles � ajudar quem sonha em ser o dono do pr�prio neg�cio a abrir um empreendimento, como ocorreu com Agnaldo. O outro � estimular quem trabalha na informalidade a migrar para a formalidade. � o que ocorreu com Rodrigo Fonseca, de 49, dono da Cia da Panqueca. “Trabalhei tr�s anos na informalidade e, h� dois anos, me tornei um MEI. Passei a ter Cadastro Nacional de Pessoa Jur�dica (CNPJ) e passei a emitir nota fiscal, o que aumentou minhas vendas em cerca de 150%, pois comecei a vender para empresas. Antes n�o conseguia em raz�o de as empresas exigirem nota fiscal, o que eu n�o tinha.”
Para facilitar a vida de quem deseja se transformar num MEI, a lei federal simplifica o pagamento de tributos. Na pr�tica, o microempreendedor paga R$ 36,20, referentes ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), e mais R$ 5 no caso dos prestadores de servi�os (ISS), ou mais R$ 1, que � destinado ao custo com Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os (ICMS) e outros tributos, caso atue no com�rcio ou na ind�stria. Em contrapartida, tem alguns benef�cios garantidos, como aux�lio-maternidade, direito � aposentadoria, entre outros.
Na pr�tica, o MEI serve como um degrau para que o microempreendedor suba um degrau, atingindo a categoria de pequeno ou m�dio empres�rio. Foi o que ocorreu com Agnaldo. Menos de um ano depois de abrir a Gruta Gesso Projetada, ele mudou a categoria de seu empreendimento de MEI para pequena empresa. E as coisas melhoraram ainda mais: “Tenho um funcion�rio e na semana que vem vou contratar mais tr�s, pois as coisas est�o evoluindo. Minha vida deu uma grande guinada: de a�ougueiro a dono do pr�prio neg�cio.”
Crescimento Francielle de Castro, de 29, � outra moradora de Belo Horizonte que trocou a vida de funcion�ria para abrir o pr�prio empreendimento, a Rom�ntica Lingerie. Ela trabalhou por quase cinco anos como vendedora de embalagens em tr�s ind�strias. Em 2011, durante uma viagem de passeio a S�o Paulo, se encantou com o mercado de pe�as �ntimas femininas. Por cerca de 12 meses ela juntou dinheiro e estudou o ramo de lingerie. Quando se sentiu preparada para o desafio, deixou o emprego, se registrou como MEI e criou um site de vendas.
“Montei a empresa em 2012. Em 2013, as vendas foram cerca de 40% acima (das registradas no exerc�cio anterior). Se elas continuarem no ritmo que est�o, devem fechar o ano com alta de 50%”, comemora a jovem, que j� planeja se transformar numa micro ou pequena empresa. “Negocio a entrada de um investidor, que pode se transformar em s�cio. A meta � virar empresa. Meu escrit�rio funciona em casa e j� est� pequeno. Preciso de um espa�o maior”, planeja Francielle, que � formada em marketing e vai cursar uma p�s-gradua��o em gest�o de neg�cios.
Suas vendas subiram dois d�gitos em raz�o de novas estrat�gias adotadas nos �ltimos meses. Uma delas foi investir no mercado de noivas. Ela mesmo conta como: “A noiva faz uma festa para as amigas e eu levo as pe�as para que as mesmas amigas as comprem e presenteiem a noiva. Nesse evento, promovo brincadeiras e palestras sensuais”, conta a empres�ria individual.