
Ipanema, Vale do Rio Doce – H� cinco anos se propondo ao desafio de produzir o maior queijo minas padr�o do Brasil, a cidade de Ipanema, na Regi�o do Vale do Rio Doce, est� prestes a bater um novo recorde no pa�s. Feito com 17 mil litros de leite e pesando 1,7 tonelada, o maior queijo do tipo produzido em terras brasileiras est� pronto e, hoje, ser� distribu�do pelas ruas da cidade para as cerca de 10 mil pessoas esperadas para o evento. Tamb�m receber� auditores da RankBrasil, empresa respons�vel por registrar os recordes.
H� tr�s anos, o munic�pio conquista o t�tulo nacional ao produzir a iguaria gigante, que no ano passado pesou 1,6 tonelada. Desde que foi criado, o evento em Ipanema tem atra�do turistas e, consequentemente, o interesse pelos produtos feitos na cidade. Prova disso � que o faturamento da Cooperativa Agropecu�ria de Ipanema Ltda (Capil Vida), principal do local, era de R$ 28 milh�es em 2010 e a expectativa da entidade � fechar 2014 com R$ 70 milh�es.
Com cerca de 20 mil habitantes, o munic�pio tem como propulsor da economia a pecu�ria leiteira, com 1,5 mil produtores. A Capil recebe sozinha 100 mil litros de leite diariamente, sendo que, h� dias em que o volume chega a 180 mil litros. Segundo o vice-presidente da cooperativa, Rui Gon�alves Rodrigues, a concentra��o das vendas est� em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. “O leite � a �nica atividade com renda mensal para o produtor daqui. � o sal�rio deles”, comenta Rui. O queijo Minas padr�o para o consumidor na cidade chega a custar R$ 13,90 o quilo, pre�o pouco abaixo do encontrado em Belo Horizonte, onde o quilo chega a custar em torno R$ 16.
Com o primeiro evento, feito em 2010, em parceria da cooperativa com a prefeitura da cidade, a ideia era criar uma identidade local, colocando Ipanema entre as cidades refer�ncia para o queijo de minas. “Da primeira vez, produzimos 805 quilos de queijo, tamanho que n�o foi auditado pela Rank Brasil. E, com o passar do tempo, fomos aumentando a altura e largura da iguaria at� que, h� tr�s anos a Rank Brasil vem nos consagrando com o t�tulo de maior queijo Minas padr�o do pa�s”, comenta Rui. O evento j� faz parte do calend�rio da cidade e atrai cada vez mais turistas. Este ano, os produtores dizem que o queij�o ser� o maior do mundo. Por�m, conforme explicam autoridades, n�o existe fabrica��o de queijo Minas em outros pa�ses e, por isso, ao bater o recorde nacional, consequentemente, a cidade bate o mundial.
ESCONDERIJO Ontem, pela primeira vez, a cooperativa permitiu a entrada de uma equipe de reportagem no esconderijo`da iguaria. Dentro de um caminh�o com capacidade para 5 toneladas, o queijo est� guardado a sete chaves h� uma semana. Com refrigera��o de 2,8 graus, a del�cia � monitorada 24 horas por dia. Ela mede 71 cent�metros de altura e 1,75 metro de di�metro. Para ser feita, foram usados 17 mil litros de leite e, de acordo com tecn�logo em latic�nios Ricardo Santana, respons�vel pela fabrica��o do queijo, o processo � o mesmo dos queijos tradicionais. “� feita a pasteuriza��o, com tratamento t�rmico a 72 graus por 15 segundos”, diz, esclarecendo que, assim, s�o separadas as bact�rias ben�ficas das patog�nicas.
Logo em seguida, � feita a adi��o do coalho, fermento e cloreto de s�dio. A subst�ncia � passada para o equipamento que chama queijomate. “Quando adicionamos o coalho, o queijo se torna gelatinoso e precisa ser cortado em cubinhos para que haja a separa��o do soro. Depois, � feita a mexedura, para que os gr�os fiquem firmes e o queijeiro respons�vel determine o ponto ideal. Esse processo, geralmente, dura de duas a tr�s horas”, explica.
Quando a massa est� no ponto � que ela � levada para a f�rma. � nessa parte que h� diferen�as com o processo comum de um queijo tradicional. Para salgar uma iguaria de 800 gramas, ela � colocada em salmouras (solu��o de �gua e sal). “Por�m, com 1,7 toneladas n�o � poss�vel, por isso, o sal � adicionado � massa durante o processo. Para este caso, usamos 170 quilos de sal”, explicou Ricardo. Com tudo pronto, a massa � armazenada em refrigerador com temperatura entre 1°C e 10°C.

Para acompanhar, um "do��o" de leite
No embalo da fama do queijo, h� um ano a f�brica de doces Nha Nair, em Ipanema, enfrenta o desafio de, nesta �poca do ano, produzir um doce de leite tamanho gigante. No ano passado, a del�cia chegou a pesar 350 quilos e tamb�m foi auditada pelo RankBrasil como o maior doce de leite do Brasil. “Este ano, fizemos uma barra com 450 quilos, e esperamos levar o t�tulo novamente”, comenta o s�cio e gerente da f�brica, Marl�cio Ven�ncio Rodrigues.
Ele conta que a f�brica ao poucos est� crescendo. “Estamos come�ando aos poucos e, hoje, temos um faturamento de R$ 35 mil mensais.” Com 18 cent�metros de altura, 1,84 metro de comprimento e 1,08 metro de largura, o doce gigante foi feito durante dois dias e foram usados 1 mil litros de leite, 250 quilos de a��car e amido. Hoje, junto com o queijo, ele ser� distribu�do pela cidade.
Apesar de o maior queijo do Brasil ser colocado`a prova apenas em um dia, quando h� filas na cidade, o seu impacto para Ipanema dura o ano todo. Segundo comenta o produtor de leite Francisco Rodrigues, desde que o evento foi criado, a situa��o melhorou para os pecuaristas. “Passamos a ter o nosso produto reconhecido por toda a regi�o. Antes do evento, tinha 15 cabe�as de gado e, hoje, como aumentou a procura pela nossa produ��o, tenho 40 animais para a capta��o de leite. Por dia, retiro 300 litros, o que tem me proporcionado uma boa renda. Com o meu faturamento, j� comprei casa e carro”, comemora.
J� para o produtor Edil�nio de Oliveira, h� 15 anos no mercado, a vida tem melhorado aos poucos. “Aqui em Ipanema, o �nico jeito de se ganhar dinheiro � com leite. Mas h� muitas despesas com ra��o para o gado, por isso, digo que meu faturamento ainda n�o est� como gostaria.”
Patrim�nio imaterial
Em 2008, o modo artesanal da fabrica��o do queijo em Minas Gerais virou patrim�nio cultural imaterial brasileiro aprovado pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico Nacional (Iphan). O Iphan inventariou as regi�es da cidade hist�rica do Serro, a Serra da Canastra e a Serra do Salitre, onde predominam fazendas que mant�m a tradi��o do artesanal queijo mineiro. Em 2002, o Instituto Estadual do Patrim�nio Hist�rico e Art�stico de Minas Gerais (Iepha/MG) j� havia reconhecido a t�cnica de fabrica��o como patrim�nio imaterial. Por ano, o estado produz mais de 26 mil toneladas somente de queijo artesanal.