O carro-chefe do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nos �ltimos anos pifou. O consumo das fam�lias, cujo peso no desempenho da atividade econ�mica do pa�s � de 62%, est� em franca desacelera��o este ano, afetado pela infla��o alta, pela parada nos ganhos reais de sal�rios e, sobretudo, pelo aumento dos juros, que encarece o cr�dito. Essa realidade ficou estampada na pr�via do PIB, divulgada ontem pelo Banco Central (BC), que apresentou recuo de 1,2% no segundo trimestre.
Na avalia��o do economista da Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC), Fabio Bentes, o ano est� muito complicado para o consumo das fam�lias, particularmente em raz�o dos juros. “� a maior taxa desde 2009. Isso atrapalha o com�rcio, sobretudo as vendas de bens dur�veis, que dependem de cr�dito”, explicou.
Em julho, a pesquisa da CNC Inten��o de Consumo das Fam�lias (ICF) registrou queda de 3,5% em rela��o a igual m�s de 2013. O item que mais pesou foi justamente as vendas de bens dur�veis, com o maior tombo na compara��o anual, 13,4%, consagrando o pior patamar da s�rie. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) apontam tamb�m queda de 0,7% no desempenho do varejo em junho sobre maio. Se incluir o com�rcio de carros, a retra��o no per�odo � de 3,6%.
Para o ex-diretor do BC Carlos Thadeu de Freitas, o segundo trimestre foi muito fraco, por�m com componentes sazonais. “Tivemos menos dias �teis por conta da Copa do Mundo. A perspectiva � que bens n�o dur�veis, como alimentos, devolvam, at� o fim do ano, a forte alta do primeiro semestre. Mesmo assim, os juros inibem o consumo”, observou.
Sem o consumo das fam�lias para sustentar o crescimento, os investimentos poderiam ser a mola propulsora do Produto Interno Bruto (PIB). Mas, no Brasil, est�o mais t�midos do que nunca. A presidente Dilma Rousseff disse que deixaria o governo com uma taxa de investimentos de 24% do PIB. N�o foi o que aconteceu. Est� em 18,1%, o menor n�vel desde 2009, ano posterior � crise mundial. Com as incertezas do ano eleitoral, nada indica que o quadro vai melhorar. Pelo contr�rio, os �ndices de confian�a dos empres�rios da ind�stria e do com�rcio desabaram em 2014.
Pelo terceiro m�s consecutivo, o �ndice de Confian�a do Empres�rio do Com�rcio (Icec) alcan�ou novo piso hist�rico. Aos 108,4 pontos, recuou 1% na compara��o com o m�s anterior, acumulando nove retra��es seguidas. Em rela��o a julho de 2013, houve queda de 7%, mesmo percentual registrado no indicador de investimentos do varejo em um ano. O �ndice de Confian�a da Ind�stria (ICI) caiu 3,2% em julho na compara��o com junho, registrando a s�tima queda seguida, de acordo com a Funda��o Getulio Vargas (FGV).
No setor da constru��o civil, n�o � diferente. Conforme o presidente da C�mara Brasileira da Ind�stria da Constru��o (CBIC), Jos� Carlos Rodrigues Martins, o setor se frustrou com o resultado econ�mico do pa�s no primeiro semestre. “As obras para o Copa do Mundo acabaram, o Minha Casa Minha Vida praticamente atingiu a meta de constru��es e n�o h� sinais de melhoria no segundo semestre”, comentou.
Agroneg�cio
Em meio ao baixo crescimento da economia, o agroneg�cio continua a registrar resultados positivos, o que que impede recess�o mais profunda. Com o aumento na produ��o e nas exporta��es de gr�os e de carnes, o setor se mant�m competitivo, com base nos ganhos de produtividade e investimentos. Especialistas avaliam que esse processo � sustent�vel porque ainda h� �reas que podem ser incorporadas � pecu�ria e � agricultura. Eles tamb�m explicam que as obras de infraestrutura em curso no pa�s ser�o fundamentais para escoar o que � produzido.
O presidente da Associa��o Brasileira do Agroneg�cio(Abag), Luiz Carlos Corr�a Carvalho, acredita que a demanda por alimentos no mundo continuar� em alta e isso impulsionar� os neg�cios do setor. “O agroneg�cio continuar� a ter um peso importante no PIB e, para manter um crescimento sustent�vel, precisamos de mais acordos bilaterais com pa�ses europeus, com os Estados Unidos e a �sia”, detalhou. (Com Antonio Tem�teo)