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Estado de Minas

Mercado ignora poder dos solteiros

Mais de 64 milh�es de brasileiros vivem sozinhos, somam renda de R$ 726 bilh�es, mas ainda buscam produtos exclusivos para eles. Segmento � o segundo mais promissor no pa�s


postado em 24/08/2014 07:00 / atualizado em 24/08/2014 07:58

"As despesas ficam pesadas para uma pessoa. No meu caso, chegam a comprometer at� 30% do or�amento", Tatiana Paiva, 37 anos, Engenheira (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Embora ainda continuem invis�veis para parte da ind�stria, do com�rcio e do setor de servi�os, os solteiros acima de 18 anos formam um grupo de 64,8 milh�es de brasileiros que, em 2014, somam a robusta renda de R$ 726 bilh�es. A pesquisa do Instituto Data Popular, com base em dados do IBGE, mostra que nos �ltimos tr�s anos os ganhos desse grupo cresceram perto de 70%. Um valor alto demais para ser ignorado pelo mercado: representou fatia de 15% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2013. Quem investe no segmento lucra, mas os solteiros ainda reclamam da falta de produtos desenvolvidos especialmente para eles. Muitos ainda perdem alimentos na geladeira por falta de por��es menores, moram em casas maiores do que precisam e buscam companhia para dividir o quarto do hotel, mais caro para os solteiros.

Vantagens e desvantagens de se viver sozinho; veja o que dizem os solteiros:



Pesquisa do Sebrae de Santa Catarina divulgada em junho destaca mais de 10 segmentos da economia considerados os mais promissores para o empreendedorismo. No ranking, o chamado “mundo dos sozinhos”, que envolve produtos e servi�os desenvolvidos especialmente para atender quem vive como solteiro, ocupa a segunda coloca��o, perdendo apenas para o setor voltado para animais de estima��o. Pudera. S� em Belo Horizonte, 247 mil domic�lios t�m apenas um morador. No Brasil, s�o 8,8 milh�es morando s�s, crescimento de 17% em tr�s anos.


Considerado um p�blico consumidor exigente, que observa mais a qualidade e costuma pechinchar menos por pre�os, solteiros convictos em BH consideram que o mercado ainda est� devendo e tem muito a lhes oferecer. Engenheira e professora universit�ria, Tatiana Paiva, de 37 anos, faz parte desse universo e diz que o estado civil � um peso para o bolso. “As taxas n�o se alteram de acordo com o n�mero de moradores de uma casa, como o financiamento do apartamento e o condom�nio, essas despesas ficam pesadas para uma pessoa. No meu caso, chegam a comprometer at� 30% do or�amento”, revela. Outra constata��o de Tatiana sobre o alto custo de uma vida s� est� na alimenta��o. Ela reconhece que s�o poucos os supermercados da capital que oferecem produtos em quantidade pequena para quem mora sozinho. “Geralmente, eles est�o concentrados na Zona Sul da cidade. Procuro comprar nesses lugares, por�m, as frutas e verduras acabam sobrando por perderem o prazo de validade muito r�pido. Ent�o, procuro trocar com amigas, fazer receitas, como bolos de banana e tentar consumir o mais r�pido poss�vel”, afirma.

A consumidora n�o precisaria enfrentar a mesma maratona em alguns mercados como o europeu e o americano. “L� j� � poss�vel comprar tr�s bananas, ou apenas uma”, reconhece o superintendente da Associa��o Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues. Segundo ele, algumas redes, principalmente as voltadas para classes A e B, j� est�o atentas a esse p�blico e oferecem uma gama de produtos quase adequadas para atender esse consumidor. No entanto, a maioria dos super e hipermercados ainda precisa se adaptar. “Vamos come�ar, inclusive, a discutir com a ind�stria de alimentos a maior produ��o desses itens, embalados em menor quantidade, de alimentos a produtos de limpeza.”

Rodrigues lembra que at� mesmo casados podem morar s�s em casas separadas e que o mercado deve estar atento. “Um exemplo s�o os pacotes de a��car e arroz de dois quilos. Em muitos supermercados, as embalagens menores vendem at� mais que aquelas com cinco quilos”, admite. O pre�o, outro desafio para os solteiros, que muitas vezes, proporcionalmente, pagam mais por embalagens menores, s� pode ser resolvido com a escala. “Quanto mais produ��o a ind�stria tiver, mais barato vai se tornar o produto.”
Um quarto do apartamento de José de Paula virou escritório quando ele ficou solteiro(foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Um quarto do apartamento de Jos� de Paula virou escrit�rio quando ele ficou solteiro (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

ESPA�O Depois de procurar por muito tempo um apartamento de um quarto, Tatiana desistiu da busca por achar caro o pre�o praticado no mercado para a modalidade e h� dois anos optou por comprar um im�vel de dois dormit�rios, onde sobra espa�o para hospedar estrangeiros e complementar a renda. “Aos poucos estou decorando o apartamento. Reconhe�o que sou uma consumidora exigente e quero comprar bons produtos para a minha casa”, diz.

Os bares, restaurantes e setor de entretenimento j� captaram a for�a do consumo dos solteiros e apostam no lucro. Alexandre Pampolini inaugurou h� cerca de 14 meses a casa de shows Woods. Ele fez investimentos pr�ximos a R$ 5 milh�es e diz que a rede tem planos de expans�o. “Entre 70% e 80% do nosso p�blico � de solteiros.” H� mais de 10 anos no ramo de festas e eventos voltados para o perfil, ele desenvolveu esp�cie de expertise no tema. “Os solteiros permanecem por mais tempo na casa de shows e consomem produtos mais caros. Enquanto os casados gastam em torno de R$ 100 por pessoa, o solteiro consome entre R$ 150 e R$ 180”, compara.

H� dois anos, o advogado Jos� de Paula Miranda Alves, de 66, entrou para o grupo dos solteiros. Morando s�, Jos�, que j� foi casado, transformou um dos c�modos do seu apartamento em seu escrit�rio. “O que eu gastava com comida quando era casado passei a gastar com faxineira. Como sempre fora de casa e os congelados s�o a mina de ouro na vida do solteiro.” Jos� acredita que o mercado est� atento a esse p�blico, lan�ando novos produtos para homens e mulheres, e diz que melhor que dividir contas � n�o dividir problemas.



PALAVRA DE ESPECIALISTA

Grande nicho
“Ao contr�rio das fam�lias, os solteiros n�o costumam olhar pequenas diferen�as de pre�os, tendem a buscar produtos de boa qualidade. � um grande nicho promissor, que deve ser pensado pelos diversos setores da economia. No caso da alimenta��o, os micro e pequenos neg�cios come�am a explorar o segmento, oferecendo produtos diferenciados, embalados em por��es menores e congelados. � uma �rea promissora para a presta��o de servi�os em domic�lio, incluindo at� a moda diferenciada e exclusiva, atendendo a estilos. E � um mercado que deve ser observado pela grande ind�stria de autom�veis, pelos setores imobili�rios e tur�sticos. Hoje, um pacote de viagem, por exemplo, custa mais caro para quem os sozinhos e esse � um ponto de aten��o para hot�is. Pesquisas apontam que, em m�dia, o solteiro com idade pr�xima aos 30 anos tem renda mensal acima de R$ 2 mil.” - Mara Veit, gerente de atendimento ao empreendedor do Sebrae-Minas


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