Aos 74 anos, o aposentado Joaquim Martins de Oliveira j� sabe bem o destino que dar� para a primeira parcela do 13º sal�rio que recebeu nessa segunda-feira: quitar suas d�vidas. Segurado do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Joaquim ressalta que o que ganha n�o d� para as suas despesas e o abono antecipado ser� uma forma de ajudar a zerar o que est� devendo. O senhor faz parte do universo de 3,1 milh�es de mineiros que, desde de ontem, come�aram a receber o 13º sal�rio do INSS, o que ir� injetar R$ 1,5 bilh�o na economia do estado. Em todo o Brasil, ser�o mais 27 milh�es de pessoas que ter�o direito � gratifica��o, movimentando R$ 13,9 bilh�es na desaquecida economia nacional.
Os primeiros a receber a primeira parcela do 13º sal�rio, que pode chegar a 50%, ser�o os segurados com rendimento de um sal�rio m�nimo (R$ 724) com cart�o final 1, desconsiderando-se o d�gito. Para aqueles que ganham acima do m�nimo, o pagamento come�a a ser depositado em 1º de setembro. De acordo com a Previd�ncia Social o calend�rio de pagamento de agosto segue at� o dia 5.
Al�m disso, segundo a Previd�ncia Social, a folha de agosto vai pagar mais de 31 milh�es de benef�cios, o que corresponde a mais de R$ 29 bilh�es. Essa diferen�a entre a quantidade de benef�cios da folha e o n�mero de benef�cios do abono ocorre porque nem todos os segurados t�m direito ao 13º, como � o caso de quem recebe amparo previdenci�rio do trabalhador rural, renda mensal vital�cia, amparo assistencial ao idoso e ao deficiente, entre outros (veja quadro).
Em Minas, a quantidade de benef�cios da folha � de 3,5 milh�es de pessoas, por�m, destes, 87% ter�o direito ao 13º sal�rio, o que corresponde a 3,1 milh�es de segurados. Aposentados e pensionistas, em sua maioria, receber�o 50% do valor do benef�cio. A exce��o � para quem teve o benef�cio concedido depois de janeiro deste ano. Para esse grupo, o valor ser� calculado proporcionalmente aos meses entre a concess�o e este m�s.
Quitar d�vidas
Ontem, dia em que o dinheiro come�ou a ser depositado nas contas de alguns segurados, o aposentado Joaquim Martins, de 74, n�o sabia sobre a antecipa��o da primeira parcela do 13º e, ao ser avisado, diz ter sentido um certo al�vio, j� que est� em d�vida com o condom�nio e ainda n�o pagou o seu Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). “Moro sozinho e o que ganho com a aposentadoria n�o d� para pagar todas as despesas. Essa parcela vai ajudar um pouco, mas n�o sei se ser� suficiente para tudo”, reclama.
O caminho de quitar as d�vidas � o mais coerente, na avalia��o da economista da C�mara dos Dirigentes Lojistas (CDL/BH) Ana Paula Bastos. Ela comenta que o ideal para os maiores de 65 anos � procurar sair da inadimpl�ncia, j� que o d�bito dessa faixa et�ria est� cada dia maior. “A tend�ncia � que esses consumidores, principalmente os aposentados, priorizem o pagamento do que devem, pois, dessa forma, poder�o voltar ao mercado de consumo e demandar cr�dito”, diz.
De acordo com os dados do Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC) da CDL/BH, em julho, o n�mero de d�vidas em atraso desse p�blico (acima dos 65 anos) chegou a 9,75%. No mesmo m�s do ano anterior, esse �ndice era de 8,17%. “Com um custo de vida mais alto e com uma queda na renda, os aposentados est�o se endividando. Por isso, aqueles que j� est�o com d�bitos devem priorizar. Neste momento, quitar o que devem, preferindo, inclusive, n�o parcelar o valor da d�vida. Mas, se isso n�o for poss�vel, podem , inclusive, pagar, primeiro, os valores menores. Mas o interessante � deixar o consumo para depois”, recomenda.
Poupan�a
No caso da aposentada e pensionista Maria da Concei��o Almeida Cota, de 87, essa primeira parcela ser� aplicada na poupan�a. Maria diz que, por enquanto, n�o est� com d�vidas. Ela ganha acima do m�nimo e, por isso, s� ter� o dinheiro depositado na sua conta em setembro. “Vou guardar a quantia para os casos de necessidade. �s vezes, posso precisar em caso de sa�de e outras despesas. Mas, 10% do que ganhar darei de d�zimo para a Igreja”, revelou. De acordo com a economista, quem pode guardar essa primeira parcela, como far� Maria, � o ideal. “� bom ter uma seguran�a, j� que imprevistos podem ocorrer. Mas, para quem tem d�vidas na pra�a, o melhor � usar essa quantia e tentar quit�-las”, aconselha.
Aposentadoria em risco
C�lia Perrone
Bras�lia - Mais de 2 milh�es de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ainda n�o fizeram a prova de vida e a renova��o de senha dos benef�cios recebidos em bancos por meio de conta-corrente, e correm o risco de ter o benef�cio suspenso a partir do ano que vem.
O recadastramento pode ser feito at� 31 de dezembro na ag�ncia banc�ria onde o segurado recebe o benef�cio. Para realizar a atualiza��o cadastral, o segurado deve ir o banco levando um documento de identifica��o com foto. Algumas institui��es financeiras est�o utilizando os sistemas de biometria. Para evitar esquecimentos, as institui��es financeiras est�o emitindo avisos sobre a necessidade de confirma��o de dados em extratos e por meio dos caixas eletr�nicos.
Exterior Os benefici�rios que n�o puderem comparecer pessoalmente por motivos de doen�a ou dificuldade de locomo��o podem realizar a prova de vida por meio de um procurador devidamente cadastrado no INSS. Quem mora no exterior, em pa�ses onde o Brasil tem acordo previdenci�rio, tem a possibilidade de usar o procurador cadastrado no INSS. Nas localidades onde n�o vigora o acordo, os segurados s�o convocados e preenchem um formul�rio na embaixada ou no consulado. Esse documento dever� ser enviado ao banco onde o benef�cio � pago ou diretamente para o INSS. Atualmente, s�o pagos 14 mil benef�cios em Portugal, Espanha, Gr�cia, Jap�o, Alemanha, Chile e It�lia.
O recadastramento dos segurados do instituto come�ou a ser feito em maio de 2012 e j� foi prorrogado por duas vezes, devido ao alto n�mero de pessoas que n�o confirmaram os dados: 2.197.282, ou seja, 7,04% do total. O INSS informou que dos 31,1 milh�es de benef�cios ativos, 29 milh�es j� renovaram a senha nos bancos.
Enquanto isso...
...Busca por cr�dito segue em queda
A demanda dos consumidores por cr�dito caiu 7,8% em julho na compara��o com o mesmo m�s do ano passado, segundo a Boa Vista Servi�o Central de Prote��o ao Cr�dito (SCPC). Em outras bases comparativas, as retra��es foram menos expressivas: de 3,2% no acumulado do ano; de 2,1% nos 12 meses encerrados em julho, ambos ante igual per�odo de 2013; e de 1,5% ante junho, j� descontados os efeitos sazonais. Segundo a Boa Vista, o movimento registrado “segue em linha com o cen�rio de incerteza que ainda permeia a economia brasileira”. Entre os fatores que explicam o recuo na demanda por cr�dito est�o a cautela do consumidor e o aperto monet�rio.