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Estado de Minas

Projeto prev� reajuste de 8,8% no sal�rio m�nimo e valor chegar� a R$ 788,06

Proposta do governo prev� reajuste de 8,8% no menor sal�rio pago no pa�s a partir de 2015. Trabalhadores criticam alta de R$ 64 especialistas condenam otimismo do Planalto


postado em 29/08/2014 06:00 / atualizado em 29/08/2014 07:26

O Projeto de Lei Or�ament�ria (Ploa) de 2015 encaminhado pelo governo federal ao Congresso ontem prev� um sal�rio m�nimo de R$ 788,06 a partir de janeiro. O novo valor, com reajuste de 8,8% representa um aumento de R$ 64,06 sobre os R$ 724 vigentes este ano. Pelas contas da Salto Tend�ncias, o reajuste ter� impacto de R$ 19,2 bilh�es no Or�amento da Uni�o. Calculado com base no avan�o do PIB em 2013 (2,5%) e na infla��o deste ano (prevista pelo governo em 5%), o novo valor do m�nimo deve sofrer ajustes at� o fim do ano, como admite a equipe econ�mica.


O novo valor do m�nimo foi criticado por trabalhadores de Belo Horizonte, que destacam os pre�os de alimentos e outros itens com reajustes muito superiores. “Com esse valor, n�o d� para alimentar uma fam�lia”, reclamou Mar�lia Cristina de Souza, de 36 anos. E ela tem motivos para o pessimismo. Desempregada desde dezembro, ela est� gr�vida de 4 meses e ainda tem tr�s filhos para criar. “Sou pai e m�e na minha casa. Com um sal�rio m�nimo n�o tem jeito de viver. Imagina sustentar crian�as com R$ 788,06?”, questiona, indignada.

A mesma indigna��o tem a atendente B�rbara Gon�alves, de 27. Em 2015, ela come�a uma faculdade de moda, em uma institui��o particular da capital mineira. Atualmente, a jovem ganha o m�nimo e prev� que o seu or�amento vai ficar apertado a partir de janeiro, quando o sal�rio m�nimo chegar� aos R$ 788,06. “Esse reajuste n�o ajuda em nada. A faculdade � mais de R$ 1 mil. Pelo menos, n�o tenho filhos e moro com a minha m�e. Onde trabalho ganho comiss�es, mas sei que h� fam�lias que necessitam de uma renda maior e, por isso, a corre��o � p�fia”, avalia.

Para a dona do Bar Cal�ad�o do Churrasco, no Funcion�rios, na Regi�o Centro-Sul, Sueli Lelis, o aumento ser� positivo. Com 15 funcion�rios no bar, ela diz que dois trabalhadores, respons�veis pela faxina do lugar, ganham um sal�rio m�nimo. “N�o acho que o reajuste traz um impacto negativo para n�s. Pelo contr�rio. Com o aumento, os funcion�rios ficar�o mais incentivados com o trabalho e v�o render mais. Ao mesmo tempo, haver� mais dinheiro em circula��o no com�rcio”, observa.


Otimismo

O Projeto de Lei Or�ament�ria entregue ontem pela ministra do Planejamento, Miriam Belchior, ao presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL), tem como um dos par�metros para 2015 uma taxa de crescimento de 3% para o Produto Interno Bruto (PIB). Essa � a mesma proje��o feita pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para a expans�o do PIB neste ano, que j� foi cortada v�rias vezes e hoje est� em 1,8%. Enquanto isso, a mediana das expectativas do mercado, de acordo com o �ltimo Boletim Focus do Banco Central, � que o PIB deste ano avance apenas 0,7%, e, no pr�ximo ano, 1,2%.

J� a proje��o de infla��o do Ploa para 2015 tamb�m est� fora da realidade. O governo manteve a expectativa para o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) em 5%, enquanto o mercado espera algo em torno de 6% a 6,5%. No documento, a meta de super�vit prim�rio (economia para o pagamento dos juros da d�vida p�blica) para o pr�ximo ano foi fixada em 2% do PIB, ou R$ 114,7 bilh�es, algo dif�cil ou at� imposs�vel de ser atingida, na avalia��o dos especialistas.

Longe do real

O economista-chefe da Sul Am�rica Investimentos, Newton Rosa, acredita que esses n�meros s�o muito otimistas para um ano de ajuste. “Pelas nossas proje��es, esses dados est�o bem distantes do que a gente considera real”, afirmou. Ele estima uma expans�o de apenas de 0,6% no PIB de 2015, quando o IPCA chegar� a 6,3%. “Existe uma infla��o reprimida grande por conta dos pre�os

administrados. E s� isso implicaria em uma press�o sobre os pre�os e que ser� dif�cil segurar a infla��o abaixo de 6,5% no pr�ximo ano”, afirmou. Pelos c�lculos de Rosa, o superavit prim�rio que o governo entregar� em 2015 ser� de 1,8% do PIB. “Para cumprir a meta fixada, de 2%, ele ser� obrigado a dar uma contrapartida fiscal maior. N�o sei como eles v�o resolver isso no Or�amento”, explicou.

O professor da Funda��o Getulio Vargas (FGV) e especialista em Direito Tribut�rio, Fernando Zilveti, tamb�m considera esses par�metros fora da realidade. Na vis�o do professor, ao contr�rio das proje��es de Mantega que estima queda na d�vida p�blica l�quida, de 33,6% para 32,9% do PIB, e de 57,7% para 56,4% do PIB v�o piorar. “O PIB vai apresentar um crescimento menor em 2015, n�o vai ser poss�vel chegar nesse resultado”, disse. A mesma opini�o � compartilhada pelo economista Felipe Salto da consultoria Tend�ncias. Ele estima que a d�vida l�quida vai atingir 34,8% do PIB. “Isso vai impactar na avalia��o das ag�ncias de classifica��o de risco que dever�o reavaliar o rating do pa�s”, alertou.

O doutor em economia pela Universidade de Chicago Paulo Rabello de Castro, coordenador do Movimento Brasil Eficiente, considera que os dados apresentados pelos ministros demonstram uma realidade para um governo de oposi��o. A seu ver, a meta fiscal “est� comprometida” por conta da gastan�a do governo. O economista Samy Dana, professor de Finan�as da FGV, tamb�m n�o v� muita sa�da para o pa�s se n�o houver conten��o de gastos p�blicos. “Vamos acabar igual � Argentina, segurando os pre�os administrados a fatores irreais, com fechamento de mercado”, concluiu.

 

Cen�rio melhor

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que os n�meros da Proposta de Lei Or�ament�ria (Ploa) est�o otimistas porque haver� melhora no cen�rio internacional no ano que vem. “� l�cito prever que, em 2015, a economia internacional estar� um pouco melhor que ela esteve em 2014 e em 2013”, disse ele acrescentando que o atual governo vai entregar um pa�s “s�lido” e que “consegue enfrentar uma crise internacional porque tem reservas de quase US$ 400 bilh�es”. “Temos uma confian�a grande do investidor externo. Passamos a ser um dos pa�ses que mais recebem Investimento Estrangeiro Direto (IED). Mais de US$ 60 bilh�es est�o sendo investidos no pa�s. E se isso n�o � confian�a, eu n�o sei o que �”, afirmou.

Mantega destacou ainda que o aumento da produ��o de petr�leo pela Petrobras ajudar� a equilibrar a balan�a comercial. “Estamos exportando 2,45 milh�es de barris por dia. Essa produ��o vai crescer e isso est� melhorando as contas externas. Vamos chegar a 3 milh�es de barris por dia no pr�ximo ano”, disse. “Esse � o cen�rio que teremos em 2015”, disse ele, que prometeu at� chuva no ano que vem. “2015 ser� melhor em termos de crescimento porque alguns problemas ser�o superados. Vai chover muito em 2015. Voc�s v�o at� reclamar”, brincou. (RH, CP e BN)

 


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