Os n�meros fiscais do setor p�blico consolidado apresentaram uma piora em julho, distanciando-se da meta de arrecada��o e gastos do governo, avaliou Raul Velloso, especialista em contas p�blicas. "Se n�o acontecer alguma guinada na dire��o de algum ajuste nos pr�ximos meses, vamos ter um resultado prim�rio muito ruim neste ano", disse.
Segundo os n�meros do Banco Central, o setor p�blico consolidado registrou um d�ficit prim�rio de R$ 4,715 bilh�es em julho. Esse � o pior resultado para o m�s desde o in�cio da s�rie hist�rica iniciada em dezembro de 2001 e a primeira vez que o saldo fica negativo em julho. O setor p�blico consolidado envolve o Governo Central, as contas de Estados, munic�pios e estatais, com exce��o da Petrobras e Eletrobras. As proje��es de economistas consultados pelo AE Proje��es iam de um d�ficit de R$ 2,9 bilh�es a um super�vit de R$ 2 bilh�es.
Velloso ressaltou que a situa��o das contas p�blicas est� pior do que no m�s anterior. Ele lembrou que o governo havia programado um crescimento real em torno de 6% nas receitas e de 4% nos gastos. "Em julho h� uma situa��o de distanciamento dessas metas", disse, ressaltando que os n�meros est�o muito abaixo das expectativas.
O especialista avaliou os n�meros como muito ruim e disse que essa ser� "uma das heran�as malditas que v�o ser deixadas para o pr�ximo governo, seja ele qual for". Velloso lembrou que o governo est� adiando os gastos e, mesmo assim, o n�mero est� muito acima daquele previsto no in�cio do ano.
A expectativa de Velloso � de que a meta de super�vit prim�rio de 1,9% do PIB neste ano n�o vai ser cumprida e, agora, as aten��es devem se voltar para as elei��es. "Se o pr�ximo governo n�o der sinais r�pidos de como lidar com as contas p�blicas, pode haver um clima de expectativa muito ruim no exterior, correndo o risco de as ag�ncias de classifica��o de risco trazerem algum tipo de rea��o contr�ria."
Essa sinaliza��o deve ocorrer assim que se tornar mais clara a vit�ria de algum candidato. No entanto, ele lembrou que h� incertezas quanto �s promessas do atual governo da presidente Dilma Rousseff porque "a credibilidade da gest�o da pol�tica fiscal est� muito abalada no Brasil". Em um primeiro momento, a oposi��o teria mais credibilidade para retomar a confian�a, pois sempre h� uma expectativa inicial de mudan�a influenciada pelo desconhecimento das reais inten��es dos candidatos, disse.
Para o pr�ximo governo, mais que um ajuste r�pido nas contas p�blicas, � preciso de um programa cr�vel no m�dio prazo, afirmou. Isso porque h� muitos gastos j� programados para o pr�ximo ano, somados a uma expectativa de crescimento econ�mico fraco, o que torna dif�cil um ajuste r�pido. "A quest�o da credibilidade � mais importante que a velocidade", acrescentou.