Para S&P, desafio do Brasil � restabelecer credibilidade

O maior desafio do pr�ximo presidente brasileiro ser� restabelecer a credibilidade e aumentar os investimentos na economia real, elevando o n�vel de crescimento do Pa�s, afirmou a diretora de ratings soberanos da Standard & Poor’s, Lisa Schineller, em entrevista ao Broadcast, servi�o em tempo real da Ag�ncia Estado. Segundo ela, esse desafio se divide em duas partes, a primeira compreendendo medidas macroecon�micas, como maior consist�ncia e transpar�ncia fiscal, e a segunda, com a��es microecon�micas, a exemplo da simplifica��o tribut�ria.

"A melhora da credibilidade ter� impacto positivo nos investimentos, n�o s� de portf�lio, mas tamb�m naqueles direcionados � economia real", disse. Al�m da quest�o fiscal, Lisa ressaltou a import�ncia do recuo na taxa de infla��o.

No �mbito das pol�ticas microecon�micas, a diretora da S&P citou ainda a import�ncia de avan�os na educa��o e na infraestrutura, al�m de defender medidas para agilizar o andamento de projetos e para reduzir as incertezas que envolvem contratos. "� necess�rio reduzir o custo Brasil e ter uma agenda econ�mica para melhorar a produtividade", acrescentou.

Reconhecendo que mudan�as macroecon�micas j� foram mais urgentes e que o Pa�s est� melhor do que no passado, Lisa apontou que houve uma deteriora��o fiscal, na infla��o e na credibilidade da pol�tica econ�mica, apesar de o Pa�s "ainda ter pontos fortes compat�veis com o grau de investimento".

Sobre os desafios impostos pelo cen�rio internacional, que o governo tem apontado como principal entrave para o crescimento do Brasil, Lisa avalia que o exterior � menos favor�vel, mas alerta que essa "� uma situa��o permanente". "A China vai continuar crescendo a taxas menores", exemplificou, emendando com cr�ticas aos aumentos de custos que ocorreram no mercado de trabalho. "Esses custos tiveram impacto forte na competitividade, sem avan�os na agenda de reformas para tentar compensar isso", pontuou.

Reformas

De acordo com Lisa, para o Brasil melhorar sua perspectiva, precisa de uma pol�tica microecon�mica que evite os obst�culos como esse do aumento de custos e perda de competitividade. "N�o � f�cil avan�ar nas reformas no Brasil, mas o pr�ximo presidente tem de fazer coliga��es com diversos partidos para conseguir", disse, ao comentar o relat�rio intitulado "Quais desafios o pr�ximo presidente do Brasil provavelmente vai enfrentar?", divulgado na segunda-feira, 15.

"Baixamos a nota do Brasil em mar�o e mudamos a perspectiva para est�vel. Ainda vemos pontos fortes compat�veis com o grau de investimento", disse Lisa, acrescentando que a d�vida externa l�quida e a composi��o da d�vida brasileira s�o muito mais fortes hoje do que no passado. Assim, segundo ela, o problema do Pa�s n�o � de solv�ncia, e sim de credibilidade.

Na percep��o da diretora da S&P, a deteriora��o do ambiente econ�mico do Brasil encontra limites nas pr�prias institui��es do Pa�s, que demarcam a pol�tica do governo. Entre elas est�o os representantes do setor privado, a imprensa e o pr�prio Banco Central, "que aumentou os juros por mais ou menos um ano para impedir aumento da infla��o". "� um exemplo de limite importante para n�s", disse Lisa, afirmando ainda que a S&P n�o vislumbra uma nova deteriora��o das condi��es econ�micas muito forte � frente.

Ainda assim, a executiva alertou para a necessidade de que o pr�ximo presidente tenha uma agenda proativa, que garanta a redu��o do custo Brasil, com a��es que melhorem a infraestrutura, o n�vel de investimentos e a reforma tribut�ria. "Qualquer governo e presidente tem de fazer coliga��es com outros partidos, com compromisso de avan�ar", disse, lembrando que essa foi a receita do M�xico, onde o presidente Enrique Pe�a Nieto negociou com v�rios partidos para conseguir implementar reformas.

"N�o ser� f�cil avan�ar com as reformas no Brasil, mas � necess�rio negocia��es", acrescentou.