
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), revelou que o indicador que mede esse cen�rio teve uma sens�vel piora de 2012 para 2013. Trata-se do �ndice de Gini, que oscila de zero a um e quanto mais baixo significa que melhor � a distribui��o de renda em um pa�s. No caso da distribui��o dos rendimentos do trabalho, o �ndice de Gini mudou de 0,496 para 0,498. Na mesma toada, o �ndice de Gini que mede as fontes de rendimento, como aposentadorias e transfer�ncias do governo, foi de 0,504 para 0,505.
A renda m�dia do brasileiro at� que melhorou de um ano para o outro, contudo, o crescimento maior ocorreu na parte de cima da pir�mide, o que ajuda a entender o aumento da desigualdade. Para se ter ideia, a renda dos 10% mais ricos subiu 5,7%, enquanto a dos 10% mais pobres avan�ou 3,5%. Na m�dia geral, em n�meros absolutos, a renda tamb�m aumentou 5,7%, de R$ 1.590 para R$ 1.681. Mas o total de lares que sobrevivem com at� um sal�rio m�nimo por morador � grande: 44,8% dos 60,8 milh�es de domic�lios com algum tipo de rendimento. Portanto, isso ocorre em mais de 27,2 milh�es de resid�ncias, como na do valadarense Jos� Francisco.
Ele mora sozinho no mesmo aglomerado em que tamb�m reside seu xar� Jos� Augusto Gomes, de 73 e que tamb�m recebe o piso nacional. “Sou aposentado. O dinheiro d� para sobreviver, mas � uma sobreviv�ncia de classe baixa. As coisas est�o ficando mais dif�ceis no Brasil”, avalia Jos� Augusto. A constata��o dele n�o � a mesma da presidente do IBGE, Wasm�lia Bivar. Para ela, o sens�vel aumento nos indicadores do Gini n�o representa uma interrup��o na melhora da distribui��o de renda, mas sim uma estabilidade.
“N�o h� uma melhora porque o �ndice subiu. O que podemos dizer � que h� uma estabilidade. Precisamos pensar agora em outras pol�ticas para o pa�s voltar a avan�ar em termos de igualdade. O Brasil, apesar da grande melhora que ocorreu nos �ltimos anos, ainda � um pa�s bastante desigual”, disse a presidente do instituto. O pa�s tamb�m precisa avan�ar na gera��o de empregos, pois, de 2012 para 2013, a taxa de desocupa��o subiu de 6,1% para 6,5%.

A Pnad, ali�s, constatou que a escolaridade dos trabalhadores aumentou nos dois �ltimos anos. Nesse sentido, o relat�rio do IBGE concluiu que “reduziram-se de 2012 para 2013 as propor��es de trabalhadores com fundamental incompleto (de 27,9% para 25,7%) e m�dio incompleto (6,7% para 6,5%) e aumentaram as dos sem instru��o (6,6% para 7%), com fundamental completo (10,3 para 10,5%), com ensino m�dio completo (30% para 30,4%), com superior incompleto (5,2% para 5,4%) e com superior completo (13,1% para 14,2%)”.
Emprego dom�stico Essa � a primeira Pnad depois da nova lei trabalhista dos empregados dom�sticos. O estudo concluiu que o rendimento m�dio dos homens e mulheres que exercem algum trabalho desse grupo (empregada no lar, motorista particular, cuidadora de idosos etc) subiu mais entre aqueles que n�o t�m carteira de trabalho assinada (5%). J� o percentual daqueles que trabalham com registro foi de 2,3%. Por outro lado, levando-se em conta o valor dos sal�rios, a m�dia dos que trabalham com carteira assinada (R$ 877) � superior ao do outro grupo (R$ 545).
O IBGE concluiu que todas as categorias tiveram acr�scimo no rendimento m�dio mensal real do trabalho principal de 2012 para 2013, de R$ 1.423,00 para R$ 1.511,00 – alta de 6,2%. “Os outros empregados sem carteira assinada tiveram o maior aumento, 10,2% (de R$ 869 para R$ 958), seguidos por militares e estatut�rios, com 5,9% (de R$ 2.576 para 2.728) e trabalhadores com carteira de trabalho assinada, com 4,4% (de R$ 1.483 para 1.548)”, informou o relat�rio do instituto.
Apesar do aumento do desemprego, houve uma boa not�cia: a propor��o do rendimento de trabalho das mulheres em rela��o ao dos homens aumentou de 72,8% para 73,7%. Em m�dia, o sexo masculino recebeu, em 2013, R$ 1.890,00. O sexo feminino, por sua vez, R$ 1.392,00. “Houve algumas melhoras no Brasil no �ltimo ano, mas muita coisa pode melhorar”, concluiu Jos� Francisco, o valadarense que se mudou para BH em busca de uma vida melhor.
Ainda mais conectados
Uma das divers�es de Fernanda Silva, a jovem de 24 anos que deseja estudar arquitetura, � navegar na internet. H� alguns meses, ela comprou um computador e um notebook. Seu celular, claro, tem acesso � rede virtual. A propor��o de percentual de internautas, de 2012 para 2013, foi de 49,2% para 50,1% em todo o pa�s, o que mostra que o brasileiro est� mais conectado � internet.
O estudo ainda apurou que 130,8 milh�es de pessoas com 10 anos ou mais de idade tinham telefone m�vel, o que representou um crescimento de 6,3 milh�es de homens e mulheres no confronto com 2012. Portanto, em termos percentuais, o total de aparelhos em rela��o � popula��o brasileira passou de 72,8% para 75,5%.
Jos� Augusto Gomes, o morador da Vila Acaba Mundo, tem um celular. Ele n�o v� vantagem em ter um telefone fixo. E se recorda da �poca em que o aparelho ligado na tomada era um dos melhores investimentos dos brasileiros. “Telefone fixo era mais caro que im�vel. Valia uma fortuna”. A desestatiza��o do sistema telebr�s, em 1998, barateou o custo da telefonia no pa�s.
Os eletrodom�sticos tamb�m t�m um cap�tulo especial na Pesquisa Nacional por Amostras de Dom�cilio (Pnad). A maioria dos lares brasileiros tem fog�o (64.304 dos 65.346 domic�lios), r�dio (49.329 endere�os), televis�o (63.297), geladeira (63.322) e m�quina de lavar roupas (37.927). Esse �ltimo equipamento era um sonho antigo de dona Maria Nilza Oliveira Silva, de 53. “Eu lavava as roupas com as m�os. Machucava. Agora � diferente. Eu coloco na m�quina e ela lava e enxagua”, conta a mulher, que ganha em torno de R$ 500 como faxineira. Em todo o pa�s, o total de lares com o aparelho aumentou 7,8%.