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Estado de Minas IBGE NA CORDA BAMBA

Um dia ap�s divulgar a Pnad, IBGE diz que h� erros graves na pesquisa e corrige desigualdade

J� desgastada pela crise gerada com a greve dos servidores do �rg�o, a presidente do instituto, Wasm�lia Bivar, lamentou a falha


postado em 20/09/2014 00:12 / atualizado em 20/09/2014 07:14

Bras�lia –Um dia depois de ser criticado pela oposi��o ap�s a divulga��o dos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domic�lios (Pnad) 2013, um dos levantamentos mais completos sobre as caracter�sticas da sociedade brasileira, o governo voltou atr�s. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) admitiu ter cometido erros “extremamente graves” na publica��o que re�ne dados de refer�ncia para programas sociais. Segundo o instituto, houve falha na checagem dos dados e que, na verdade, ao inv�s de aumentar, a desigualdade no pa�s diminuiu ao longo dos �ltimos tr�s anos. Em contrapartida, a taxa de analfabetismo piorou com a revis�o.


Segundo o instituto, erros no c�lculo da pesquisa alteraram o �ndice de Gini, medida da desigualdade. O Gini do trabalho, que mensura exclusivamente a distribui��o dos rendimentos do trabalho, passou de 0,496 em 2012 para 0,495 no ano passado, o que indica uma estagna��o, segundo o IBGE. Antes, o instituto havia informado que indicador tinha passado para 0,498. Tamb�m mudou a estimativa do renda do trabalho, que passou do dado de 5,7% de expans�o para uma alta menor, de 3,8% em 2013. A renda foi reestimada de R$ 1.681 para R$ 16.51. O �ndice de analfabetismo caiu de 8,7%, em 2012, para 8,5% em 2013 – e n�o 8,3% como primeiramente informado.

J� desgastada pela crise gerada com a greve dos servidores do �rg�o, a presidente do instituto, Wasm�lia Bivar, lamentou a falha. “Nos cabe pedir desculpas � toda a sociedade brasileira”, disse ela, que, por v�rias vezes ficou com l�grimas nos olhos durante entrevista no fim da tarde de ontem. “O governo est� chocado com este erro cometido pelo IBGE. � um erro grav�ssimo”, lamentou a ministra do Planejamento, Miriam Belchior. Ela anunciou a cria��o de uma comiss�o de “especialistas independentes” que vai avaliar a consist�ncia da Pnad. A composi��o da comiss�o dever� ser publicada at� a ter�a-feira, previu a ministra. Al�m disso, uma comiss�o de sindic�ncia vai apurar as raz�es dos erros na Pnad, “o porqu� isso aconteceu e se existe alguma medida disciplinar que deve ser adotada”, garantiu Belchior.

O segundo grupo ser� formado por integrantes do Minist�rio do Planejamento, da Casa Civil, do Minist�rio da Justi�a e da Controladoria-Geral da Uni�o. A ministra evitou falar sobre corte de cabe�as no IBGE, o que s� poder� ser analisado ap�s o fim do trabalho das comiss�es — que ainda n�o tem prazo definido para apresentarem resultados. “No momento eleitoral, qualquer coisa � usada politicamente”, ponderou Belchior.
A ministra descartou que o erro na Pnad seja resultado de ajustes fiscais que prejudicaram o quadro de funcion�rios do Instituto, o que poderia ter comprometido a qualidade das pesquisas. “Neste ano n�s liberamos 660 novos servidores para o IBGE, e o or�amento, nesse per�odo nosso de governo, cresceu mais do que 60%. S�o indicadores claros dessa condi��o que o IBGE tem hoje de realizar as pesquisas”, afirmou a ministra “Al�m do que, qualquer profissional de estat�stica sabe quais s�o os procedimentos que a gente tem que fazer numa pesquisa. E, infelizmente, lamentavelmente, um procedimento b�sico, que � de checagem e rechecagem, n�o funcionou no caso da Pnad”, criticou, lamentando a “falta de cuidado em um procedimento b�sico para quem faz estat�stica em qualquer lugar”.

A falha O diretor de Pesquisa do IBGE, Roberto Lu�s Olinto Ramos, descartou press�o do governo sobre a pesquisa, e disse que o instituto encara o fato como um acidente estritamente t�cnico que ser� investigado. “O IBGE est� extremamente abalado por isso, mas identificado o erro, ele � assumido”. Ramos explicou que ocorreu um erro t�cnico ao atribuir pesos aos dados de alguns estados. “Existe um processo onde voc� pega a amostra e projeta com um peso. Da amostra para o todo, houve um problema restrito �s regi�es metropolitanas de sete estados (Cear�, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, S�o Paulo, Paran� e Rio Grande do Sul) que t�m mais de uma regi�o metropolitana, onde foi considerado o peso da regi�o metropolitana do estado inteiro, e n�o apenas o da capital”, explicou o diretor.


N�o � a primeira vez que o IBGE corrige os resultados de uma pesquisa. Mesmo na Pnad, n�o � raro os rep�rteres receberem a brochura da pesquisa sem partes de alguns cap�tulos, que s�o posteriormente anexados em folhas destacadas. S�o corre��es, resultado de filtros internos. S�rgio Besserman, ex-presidente do IBGE, afirma que, neste momento politicamente sens�vel – em raz�o do debate eleitoral – o desej�vel seria que cerca de 30 vari�veis passassem por um processo de “cr�tica” mais rigorosa antes da divulga��o. Mas para isso � preciso mais gente e or�amento. “� um erro t�cnico, lament�vel, que ocorre em um momento em que sociedade est� em processo eleitoral. Mas n�o acredito em inger�ncia pol�tica”, disse ele.

 

A�cio: ‘erros n�o s�o pequenos’

 

Bras�lia – Um dia depois de ser condenado pelos candidatos � Presid�ncia, A�cio Neves (PSDB) e Marina Silva (PSB) pelo aumento na desigualdade social e no desemprego apontados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Dom�cilio (Pnad), o Executivo Federal voltou a ser criticado ontem depois da revis�o dos dados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica. Em nota divulgada no in�cio da noite de ontem, o candidato do PSDB � presid�ncia, A�cio Neves, afirmou que os sucessivos erros s�o decorrentes da incompet�ncia da atual gest�o. “� impressionante o dano que o governo federal vem causando �s institui��es do pa�s. Na �nsia de se manter no poder, o governo n�o hesita sequer em colocar em xeque institui��es que s�o guardi�s da mem�ria da sociedade brasileira”, afirmou ele.

Segundo A�cio, os dados equivocados s�o decorrentes da press�o feita sobre os pesquisadores e demais profissionais de institutos como o IBGE e IPEA, aliado ao sucateamento desses �rg�os, que acabam colocando em d�vida todos os dados apresentados, inclusive, e sobretudo, os positivos. “A press�o do governo sobre os pesquisadores e demais profissionais de institutos como o IBGE e Ipea e o sucateamento desses acabam colocando em d�vida todos os dados apresentados, inclusive, e sobretudo, os positivos. Os erros n�o s�o pequenos. � o governo do PT acabando com a credibilidade de nossas mais s�rias e conceituadas institui��es”, completou o tucano.

O l�der do PSDB, deputado Antonio Imbassahy (BA), acusou o governo de interferir no resultado da pesquisa e disse que a gest�o do PT, "n�o conformada em danificar a imagem da Petrobras" parte para “destruir” o IBGE. “� muito estranho”, resumiu o l�der do DEM na C�mara, Mendon�a Filho (PE).

O coordenador-geral da campanha de Marina Silva (PSB), Walter Feldman, cobrou investiga��o e explica��es sobre as falhas do IBGE. “O dram�tico � o IBGE ter cometido esses erros. Mais importante que o dado em si, agora, � saber por que o IBGE errou. O Brasil n�o pode ficar sujeito a esses problemas nas informa��es oficiais”, disse Feldman. J� para o coordenador financeiro da campanha presidencial de Marina Silva (PSB), deputado M�rcio Fran�a, s�o tantas idas e vindas nos n�meros divulgados oficialmente que fica dif�cil saber “qual � o governo verdadeiro e qual � o falso”. Fran�a, que � candidato a vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB-SP) afirma que essas revis�es trazem inseguran�a a outros dados, como �ndices de infla��o e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB). “Passa a impress�o de que todas a��es do governo ter�o de passar pelo crivo do Jo�o Santana (marqueteiro da campanha de Dilma Rousseff)”, lamentou o deputado socialista.

 

Hist�rico de dados errados

 

Essa n�o � a primeira vez que um instituto ligado ao governo federal divulga estat�sticas incorretas. Depois de uma repercuss�o gigantesca de uma pesquisa que mostrava 65% dos brasileiros concordando total ou parcialmente com a ideia de que mulheres de roupas curtas merecem ser violentadas, divulgada em abril pelo Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), a institui��o admitiu que os dados estavam errados. O percentual correto era de 26%. Presidente do Ipea � �poca, o atual ministro da Secretaria de Assuntos Estrat�gicos, Marcelo Neri, defendeu o instituto das cr�ticas.

O erro, decorrente de uma “troca de gr�ficos”, levou o diretor de Estudos e Pol�ticas Sociais, Rafael Guerreiro Osorio, a pedir exonera��o do cargo. Como o pesquisador � servidor concursado, permaneceu no instituto. O dado inicialmente apresentado causou tanto rep�dio que at� a presidente Dilma Rousseff lamentou o achado do levantamento, recha�ando o machismo no pa�s e dizendo que o Brasil precisava avan�ar.

Uma mobiliza��o tomou conta da internet, com mulheres declarando “eu n�o mere�o ser estuprada” nas redes sociais. Apesar do erro, a pesquisa “Toler�ncia social � viol�ncia contra as mulheres” trouxe constata��es graves, tais como 58,5% dos entrevistados afirmando concordar com a afirma��o de que haveria menos estupros se as mulheres soubessem como se comportar.


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