Energia solar no Brasil passa pela prova de fogo

�s margens da BR-101, numa �rea de 100 mil metros quadrados que j� foi usada para armazenar res�duos de carv�o, est� a maior usina solar do Brasil. Ela foi desenvolvida pela geradora de energia Tractebel, em parceria com outras 12 empresas, na cidade de Tubar�o (SC) e tem uma capacidade instalada de 3 MW - o suficiente para abastecer 2,5 mil resid�ncias.

Essa usina entrou em opera��o em agosto e d� duas mensagens sobre o mercado de energia solar no Pa�s: se essa � a maior, significa que o Brasil ainda est� engatinhando. A capacidade do maior complexo do mundo, localizado na Calif�rnia (EUA), � 100 vezes superior � da usina de Tubar�o. Mas, embora ainda seja um projeto pequeno, � sinal de que algo come�ou a mudar.

O que mais tem se ouvido dizer no setor nos �ltimos meses � que "chegou a hora" da energia solar no Brasil. A frase � repetida por investidores, fabricantes de equipamentos, geradoras de energia, e foi dita mais uma vez na semana passada pelo presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social (BNDES), Luciano Coutinho.

A crise que reduziu investimentos na Europa e nos EUA nos �ltimos anos e os pre�os recordes da energia no Pa�s contribu�ram para esse clima de "agora vai" e fizeram com que grandes empresas, de fora e daqui, come�assem a olhar esse mercado com outros olhos. A gigante chinesa Yingli Green Energy, maior fabricante de pain�is fotovoltaicos do mundo, come�ou a sondar o mercado brasileiro em 2012 e abriu um escrit�rio em S�o Paulo no ano passado. A WEG, de Jaragu� do Sul, criou um centro de pesquisas na Alemanha em 2013 para estudar tecnologias voltadas para a energia solar e tamb�m j� fornece produtos para usinas desse tipo no Brasil: a da Tractebel � uma delas.

A fabricante brasileira tamb�m atuou no lan�amento da usina de Fernando de Noronha, inaugurada em julho pela Neoenergia, com capacidade para abastecer 4% do consumo da ilha. Um m�s antes, a Eletrosul, em Florian�polis, come�ou a gerar energia fotovoltaica, com placas instaladas na cobertura do estacionamento e da sede da empresa. Em agosto do ano que vem, deve entrar em opera��o no semi�rido baiano uma usina solar da brasileira Renova que vai desbancar a de Tubar�o como a maior do Pa�s. O projeto ter� capacidade de 4,8 MW.

"Essa movimenta��o toda � in�dita, mas o que vai definir se a energia solar vai deslanchar mesmo ou n�o s�o os sinais que o governo brasileiro dar� aos investidores que querem desenvolver essa fonte no Pa�s", diz Umberto Gobbato, diretor superintendente da WEG Automa��o. Um leil�o em que o governo vai comprar exclusivamente energia solar est� marcado para o dia 31 de outubro. Ser� o primeiro do tipo no Brasil e ter� papel fundamental para que as empresas do setor definam seus investimentos daqui para frente.

No ano passado, o governo chegou a realizar um leil�o para v�rias fontes renov�veis de energia, que inclu�a projetos solares - s� que na disputa com outras modalidades, como a e�lica e as pequenas centrais hidrel�tricas, a solar perdeu no pre�o e nenhum megawatt foi contratado. Em junho deste ano, por exemplo, as usinas e�licas conseguiram vender energia a um pre�o m�dio de R$ 130.

Aposta

No setor, estima-se que, para serem vi�veis, os projetos de energia solar devem vender o megawatt-hora por pelo menos R$ 250. O pre�o-teto deve ser divulgado a partir desta semana. "Estamos dispostos a pagar mais caro para desenvolver uma massa cr�tica em termos de ind�stria e fornecedores. Assim, � medida que o pre�o cai, teremos uma estrutura montada", diz Maur�cio Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energ�tica (EPE), bra�o de planejamento do Minist�rio de Minas e Energia (MME).

Neste ano, pela primeira vez, o Plano Decenal de Expans�o de Energia, que est� em consulta p�blica, incluiu a energia solar na matriz energ�tica brasileira. A previs�o � de que at� 2023, a capacidade instalada da energia solar no Brasil saia do zero para 3,5 mil MW, de um total de 195 mil MW. Na Alemanha, pa�s que virou refer�ncia na gera��o de energia renov�vel, a capacidade j� supera, hoje, os 25 mil MW.