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Estado de Minas

Alta do d�lar deve pesar nas compras de fim de ano

Em apenas tr�s meses, a moeda norte-americana valorizou mais de 10% e esta alta poder� refletir nos importados que est�o chegando ao Brasil. Lojistas, no entanto, esperam segurar os repasses


postado em 02/10/2014 06:00 / atualizado em 02/10/2014 07:39

Para não passar aperto, Hermilo Raiano vai tentar trocar marcas de alimentos e estocar seus vinhos preferidos(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
Para n�o passar aperto, Hermilo Raiano vai tentar trocar marcas de alimentos e estocar seus vinhos preferidos (foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Com valoriza��o de 10,77% nos �ltimos tr�s meses, o efeito da valoriza��o do c�mbio no pre�o dos importados j� deixa os consumidores em alerta, principalmente aqueles que nos �ltimos anos passaram a encher os carrinhos com itens produzidos em diversos cantos do mundo. Varejistas dizem que a alta da moeda n�o ser� repassada – por enquanto – para os pre�os. No entanto, importadores, que j� come�aram a pagar mais caro pelas encomendas que est�o desembarcando no Brasil, consideram que de agora at� o fim do ano produtos como bebidas e alimentos devem ter reajustes da ordem de 10%. Os mais prevenidos optam por se proteger da alta, fazendo em casa pequenos estoques dos itens preferidos.

O d�lar iniciou outubro a R$ 2,48, alta de 1,5%. Frederico Martini, diretor da Domus, empresa especializada em importa��o e exporta��o, diz que este ano sentiu uma retra��o na demanda perto de 30%, envolvendo as encomendas internacionais de alimentos e tamb�m de partes e pe�as de autom�veis. Segundo ele, mesmo quem fez suas compras no primeiro semestre est� pagando mais caro pelos importados, uma vez que o comum � que os pre�os sejam calculados levando em conta a cota��o do d�lar na data da entrega dos produtos. “Alguns varejistas v�o optar por reduzir suas margens de lucro, mas quem n�o conseguir fazer isso ter� que repassar para os pre�os uma alta m�dia de 10%.”

Nos �ltimos anos, os brasileiros aumentaram o consumo de alimentos fabricados no exterior, que v�o de azeites, biscoitos, frutas, chocolates, bolos e massas at� os temperos ex�ticos. A participa��o dos itens fabricados em outros pa�ses no faturamento das redes varejistas pode chegar a 20%, no caso dos supermercados especializados em produtos gourmets. Adilson Rodrigues, superintendente da Associa��o Mineira de Supermercados (Amis), avalia que a recente eleva��o do d�lar ainda n�o refletiu nos pre�os e afirma que o setor est� preparado para lidar com “bolhas” que envolvam a alta do c�mbio em determinados momentos do ano e ciclos da economia, como o per�odo pr�-eleitoral. No entanto ele ressalta que se houver uma disparada, a alta da moeda ser� repassada. “Caso contr�rio n�o h� como repor os estoques.”

Consumidor de vinhos franceses e italianos e tamb�m de alguns alimentos importados, o administrador de empresas Hermilo Raiano, de 36 anos, j� est� tomando algumas medidas para se proteger da recente valoriza��o do c�mbio. No caso de produtos importados, como molhos, petiscos, azeites e massas, ele reduziu o consumo ou fez substitui��es por marcas nacionais. Quanto aos vinhos, Hermilo diz que a troca n�o � poss�vel. Ele costuma pagar entre R$ 120 e R$ 250 pela garrafa e para se proteger da acelera��o dos pre�os sem reduzir o consumo ele far� em casa um pequeno estoque da bebida preferida. “� comum o d�lar subir no fim do ano, mas como estamos em um per�odo at�pico e a alta pode ser maior que o esperado, vou comprar agora duas caixas para guardar.” Consumidor experiente, ele diz que o momento tamb�m � para ligar o radar e ficar de olho nos estoques antigos das casas especializadas, que em tempos de d�lar em alta podem oferecer bom custo-benef�cio.

Dono de duas lojas de produtos importados na Savassi, Gustavo Josias observa que a alta do c�mbio n�o vai afetar seus pre�os do Natal porque as compras foram feitas em abril. J� alguns produtos importados mensalmente podem sofrer a press�o do c�mbio. “O consumidor est� muito sens�vel a pre�os. Por isso, vamos reduzir as margens e evitar o repasse”, observa o lojista, considerando, no entanto, que em linhas como as porcelanas, onde a alta, � mais forte pode ser necess�rio reajustar os pre�os. Na Casa Rio Verde, especializada em bebidas como vinhos, espumantes e destilados, Renata Andrade, gerente geral, diz que a empresa est� bem estocada e devido � retra��o do consumo nacional, a casa n�o vai repassar aumentos de pre�os. “Estamos apostando no bom e barato e em outros segmentos, como os de festas e eventos empresariais.”

Atra��o

Sens�veis � alta da moeda norte-americana, empresas de turismo acreditam que destinos internacionais v�o continuar atraindo a aten��o do brasileiro. “As viagens para outros pa�ses s�o financiadas em presta��es e pequenas altas n�o s�o contabilizadas pelo consumidor. S� uma alta muito forte, de 20% a 30%, poderia impactar o setor”, diz Lenine Lamounier, diretor comercial da Master Turismo. Segundo ele, o exterior continua atrativo.

“No Brasil, acredito que nada tenha valorizado tanto nos �ltimos meses como o d�lar”, aponta o analista de mercado e professor de finan�as Paulo Vieira. Segundo ele, o momento atual � de muita volatilidade, repetindo o que j� ocorreu no pa�s em outros per�odos eleitorais. Vieira aponta que, tradicionalmente, o fim do ano � uma �poca de alta da moeda, j� que coincide com o envio de remessas ao exterior. No entanto, as elei��es e ind�cios de recupera��o da economia americana, que pode experimentar nos pr�ximos meses aumento das taxas de juros atraindo o capital internacional, contribuem para as oscila��es dos �ltimos meses. “A quase R$ 2,50, o d�lar preocupa porque c�mbio muito alto pode gerar infla��o.”

Frederico Martini acredita que a eleva��o do c�mbio vai ser percebida pelo consumidor, que pode migrar nos pr�ximos meses para itens produzidos no Brasil. “Quando percebe que o chocolate que custava R$ 9 no ano passado passou a valer R$ 13, as pessoas come�am a escolher marcas nacionais”.

Preju�zos para o BC

Bras�lia – O Banco Central (BC) avalia a escalada do d�lar frente o real como preocupante, considerando o risco de a disparada das cota��es pressionar ainda mais a infla��o, � medida que produtos importados ficam mais caros para o consumidor. Mas a intensidade do “repasse” do c�mbio para o �ndice de Pre�os ao Consumidor (IPCA), que j� est� acima do teto (6,5%) da meta anual de 4,5%, n�o � o �nico receio da autoridade monet�ria. O outro � a perda bilion�ria com opera��es para conter as varia��es moeda norte-americana.

O BC mant�m desde 22 de agosto de 2013 programa de venda de d�lares batizado de “ra��o di�ria” ao mercado. Diariamente s�o despejados US$ 200 milh�es em leil�es de swap, que equivalem a uma venda de moeda a uma data futura. Com a opera��o, o BC persegue dois alvos: garantir d�lares para quem tiver necessidade de comprar e, segundo, travar a cota��o do c�mbio num patamar mais baixo que o negociado no mercado � vista. �, portanto, uma aposta. Se a moeda cair abaixo da taxa ofertada pelo BC, a autoridade monet�ria obt�m ganhos nessa opera��o. Se sobe, amarga preju�zos.

Em agosto, o saldo foi positivo para o governo em R$ 2,479 bilh�es, gra�as ao recuo de 1,37% do d�lar. Mas no m�s seguinte a situa��o se inverteu. O governo ainda n�o informou qual o tamanho da perda com opera��es de swap em setembro, mas � poss�vel imaginar que ser� bem maior do que o “lucro” de agosto.

Para tentar estancar a alta, o BC intensificou as interven��es sobre o c�mbio. Agora, al�m dos leil�es di�rios de swaps, a autoridade sinalizou que passar� a rolar integralmente os contratos de venda ofertados fora do programa, o que ocorreu novamente ontem. Ap�s a moeda avan�ar quase 2% no mercado futuro, cotada acima de R$ 2,506, o BC foi ao mercado e recomprou todos os 8 mil contratos que estavam por vencer. At� ent�o, s� 70% desses contratos vinham sendo renovados semanalmente. Mas a rea��o n�o impediu novo avan�o da moeda, de 1,5%.


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