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Estado de Minas

Empres�rios investem nos food trucks em BH, mas esbarram na legisla��o


postado em 05/10/2014 00:12 / atualizado em 05/10/2014 07:00

Bráulio está customizando um micro-ônibus e espera faturar mais de R$ 25 mil por mês(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
Br�ulio est� customizando um micro-�nibus e espera faturar mais de R$ 25 mil por m�s (foto: Beto Magalh�es/EM/D.A Press)
Enquanto nos Estados Unidos a gastronomia sofisticada j� ganhou as ruas em trailers, com arrecada��o anual de quase R$ 2 bilh�es, no Brasil, a onda dos food trucks, que oferecem comida gourmet em pontos p�blicos da cidade, chega esbarrando na legisla��o. Em S�o Paulo, o servi�o foi legalizado, mas os ve�culos est�o limitados a pontos fixos, sem circular e parar de acordo com a demanda, como ocorre nos EUA. Em Belo Horizonte, o freio de m�o est� ainda mais puxado. Por enquanto, � proibido esse tipo de servi�o na cidade.

Por�m, um grupo de empres�rios que considera a novidade um neg�cio lucrativo quer reverter esse quadro at� o fim do ano e espera que a regulamenta��o para restaurantes sobre rodas seja aprovada na C�mara Municipal de BH at� dezembro. Otimistas, eles j� est�o investindo, cada um, at� R$ 250 mil em food trucks e esperam faturar algo em torno de R$ 30 mil por m�s. Ao consumidor, o prato pode ser de at� R$ 20.

Parte do cen�rio urbano nos EUA, o food truck surgiu naquele pa�s em 1872, quando eram vendidas tortas e sandu�ches a trabalhadores de f�bricas. Uma comida de baixo custo e r�pida. At� o come�o do ano 2000, os food trucks ainda carregavam o estigma de comida barata, de baixa qualidade. Mas isso mudou com a crise econ�mica de 2008, que levou muitos restaurantes a fechar suas portas. Sem op��o, alguns chefs investiram na velha modalidade despojada de fazer comida. Assim, s�o servidos bons pratos, como carnes especiais, a um pre�o mais baixo.

“Hoje, nos Estados Unidos, � uma febre. Para se ter ideia, voc� consegue comprar um food truck por R$ 40 mil, mas a licen�a para circular com ele pelas ruas ao investidor estrangeiro � de US$ 1 milh�o. Pelo potencial do neg�cio, vale a pena. De acordo com a Associa��o de Bares e Restaurantes dos EUA, em 2008, esse tipo de servi�o correspondia a 7% do faturamento do setor. Hoje, j� representa 38%. Em 2012, o faturamento foi de US$ 680 milh�es. A previs�o � chegar a 2017 com US$ 2,7 bilh�es”, comenta Luigi Russo, empres�rio que tem investido na �rea de projetos para trazer a onda do food truck para Minas.

INVESTIMENTO
Para se ter um food truck completo, com uma cozinha equipada, o empres�rio tem um investimento da ordem de R$ 250 mil. Isso porque o ve�culo passa por adapta��es. S� o carro sai por cerca de R$ 100 mil e pode ser uma van. O restante vai para fazer a cozinha e customizar. J� h� montadoras de olho nesse mercado e projetam ve�culos adaptados para ser montado o neg�cio. “Hoje, depois de transformar o carro, ainda h� a burocracia do Departamento de Tr�nsito”, diz Luigi sobre a legaliza��o do ve�culo modificado.

O empres�rio Br�ulio Guimar�es est� transformando um micro-�nibus que comprou h� tr�s meses. “Se comparado a uma van da Mercedez-Bens, que pode custar R$ 100 mil, gastei a metade com o micro-�nibus, que tem 10 anos de uso. Agora, tenho investido na transforma��o e customiza��o do ve�culo, o que j� custou cerca de R$ 60 mil. A minha ideia � vender grelhados, arroz diferenciado, saladas mais sofisticadas e tamb�m hamb�rgueres especiais. Como isso � uma onda que come�a no Brasil, espero ter o retorno do capital em um ano”, aposta, contando que a receita m�dia do servi�o gira em torno de R$ 25 mil a R$ 35 mil.

 

Projeto de lei

Luigi Russo tem experi�ncia no ramo de gastronomia e pretende ter 12 foods trucks na capital. Ele � o respons�vel por apresentar aos vereadores informa��es para a cria��o de um projeto para regulamentar o servi�o. De acordo com a Prefeitura de Belo Horizonte (PBH), para o exerc�cio da atividade, � necess�rio passar por processo de licita��o e obter licen�a pr�via. E s� s�o permitidas as atividades elencadas na legisla��o, nas quais se enquadram os ve�culos automotores de no m�ximo 1 tonelada. Al�m disso, � proibido o com�rcio em trailer ou reboque na rua. O descumprimento pode gerar apreens�o da mercadoria e multa de at� R$ 1.514,66. Pela proposta de Luigi, em BH, o limite seria de 6,30 metros de altura por 2,20 metros de largura, e peso entre 1 mil kg a 3,5 mil kg. “Acima disso, a lei prev� que � necess�rio um motorista habilitado para caminh�o”, comenta.

Setor teme concorr�ncia


� medida em que cresce a expectativa de empres�rios para criar em Belo Horizonte a onda dos food trucks, aumenta o interesse de empresas pelo neg�cio e o receio de a novidade impactar negativamente os restaurantes cidade. Muitos j� est�o sendo contratados por grandes redes para p�r os food trucks em espa�os privados ou eventos. “Fechei uma parceria com uma concession�ria e, em novembro, vou colocar meu restaurante sobre rodas nas unidades dela na cidade”, revela o empres�rio e chef de cozinha Felipe Borba.

Dono do restaurante Dip’s Fine Burguer, na Regi�o Centro-Sul, Felipe j� investiu cerca de R$ 170 mil em seu food truck, que vai oferecer hamb�rguer gourmet a R$ 18. Com a parceria, ele conta que n�o deixar� o restaurante f�sico, onde fica no per�odo da noite. Por�m, para o presidente da Associa��o Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Fernando J�nior, essa onda pode afogar muitos estabelecimentos.

“Somos a favor dessa atividade, por�m, frequentemente vemos empres�rios reclamando de ambulantes na porta de restaurantes o que se configura como uma concorr�ncia desleal. Esses trabalhadores n�o pagam um aluguel e a regra � a disposi��o deles a mais de 50 metros de um estabelecimento”, comenta, dizendo que reconhece o food truck como uma tend�ncia mundial. “Mas tem que haver uma regulamenta��o s�ria e fiscaliza��o rigorosa.” Ele acredita que, se n�o for bem conversado, o setor da alta gastronomia na cidade pode morrer. “O empres�rio de food truck tem como m�o de obra, geralmente, duas pessoas. Seu custo � baixo, o pre�o do prato tamb�m ser� menor”, compara.

Para Luigi Russo, especialista no assunto, n�o haver� briga entre restaurantes e food trucks, uma vez que o primeiro vai se manter como local social de encontro. “Al�m de ningu�m marcar um jantar em um food truck, h� a desvantagem de a chuva espantar a freguesia”, diz.

L� FORA
Enquanto aqui ainda se discute o assunto, em outros pa�ses a hist�ria j� � outra. O brasileiro Fernando Marri, de 24 anos, est� h� dois anos no Texas, nos Estados Unidos, e, depois de se casar com uma norte-americana, vai largar o emprego na Apple para se dedicar ao food truck de comida brasileira nos EUA. Com investimento de US$ 46 mil, em novembro, ele estreia nas ruas. Por aqui, sua fam�lia, que mora em BH, tamb�m quer entrar no neg�cio, mas levando lanches e refei��es para as ruas mineiras. “Temos uma rede de cantinas em BH e estamos esperando a legisla��o para termos nosso food truck. J� temos a estrutura necess�ria e sabemos que ser� um bom mercado”, comenta Lucas Marri, irm�o de Fernando.

SUCESSO
Em S�o Paulo, a lei que permite os food trucks foi sancionada em dezembro de 2013. As primeiras licen�as para habilitar os vendedores de comida de rua come�aram a ser emitidas entre o fim de agosto e in�cio de setembro. Pouco mais de 1 mil propostas foram feitas para 900 pontos divulgados em junho. A reclama��o recorrente entre os donos � que, segundo a lei de comida de rua, os ve�culos t�m de se limitar a pontos fixos. No Rio de Janeiro, um projeto de lei para regulamentar a atividade est� em tramita��o.


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