A decis�o do governo de manter as usinas t�rmicas ligadas para amenizar o esgotamento dos reservat�rios das hidrel�tricas causada pela estiagem dos �ltimos anos teve um profundo impacto no consumo nacional de g�s. Isso tamb�m implicou em preju�zo �s contas externas do Pa�s, uma vez que boa parte do principal insumo usado nas usinas termoel�tricas, importado da Bol�via, � pago em d�lares.
Dados compilados pelo Minist�rio de Minas e Energia (MME) apontam um crescimento de mais de quatro vezes no consumo m�dio de g�s pelas t�rmicas desde 2011. Em n�meros, a combust�o m�dia do hidrocarboneto saltou de 10,42 milh�es de metros c�bicos, registrada no primeiro ano de mandato da presidente Dilma Rousseff, para uma m�dia de 45,83 milh�es de metros c�bicos neste ano.
A explos�o na demanda do g�s pelas t�rmicas repercutiu diretamente nas importa��es da mat�ria-prima, quadro que consolida o Brasil como forte dependente do produto que vem do exterior.
Entre janeiro e agosto deste ano, segundo o Minist�rio do Desenvolvimento, Ind�stria e Com�rcio Exterior (MDIC), o Pa�s gastou US$ 2,645 bilh�es na importa��o de g�s. O n�mero, que inclui o consumo residual do insumo por parte da ind�stria da regi�o Centro-Sul, supera em US$ 1 bilh�o a importa��o registrada nos primeiros oito meses de 2011.
O quadro preocupa, segundo o consultor Welber Barral, ex-secret�rio de Com�rcio Exterior do governo Lula, n�o apenas porque confirma a depend�ncia nacional de uma mat�ria-prima que poderia ser beneficiada aqui e revendida para as usinas t�rmicas, como tamb�m pela possibilidade de um pedido de revis�o dos pre�os pelos bolivianos em raz�o do aumento do consumo. O contrato atual prev� reajuste apenas em 2019.
"A importa��o � inevit�vel. No ano que vem voltamos a depender das chuvas, mas essa importa��o ou aumenta ou continua no mesmo patamar, dificilmente cai", avalia Barral. "Houve negocia��o com a Bol�via e o contrato est� em vigor, mas v�o pedir revis�o com certeza. Da�, a urg�ncia de o Brasil diversificar as fontes de energia."
Consumo
Os n�meros do MME apontam que a importa��o de g�s, que em 2011 registrava uma m�dia de 28 milh�es de metros c�bicos por dia, chega agora a 54 milh�es de metros c�bicos. O peso que a gera��o t�rmica de energia teve sobre o consumo de g�s fica mais evidente quando comparado � utiliza��o do insumo pela ind�stria.
Antes da crise energ�tica, o setor industrial absorvia mais da metade do g�s dispon�vel. Em 2011, a ind�stria respondeu pelo consumo m�dio de 40,8 milh�es de m³ por dia, de um total de 61,4 milh�es consumidos naquele ano, enquanto a demanda t�rmica n�o chegava a 11 milh�es de metros c�bicos.
Neste ano, a demanda das usinas simplesmente ultrapassou a das ind�strias. Da m�dia de 98 milh�es de metros c�bicos usados diariamente, 46 milh�es s�o queimados para gera��o de energia, enquanto a ind�stria fica com 43 milh�es de metros c�bicos.
Mesmo cotado em moeda estrangeira, o g�s pode representar uma vantagem competitiva para algumas ind�strias de alto consumo de energia, as chamadas eletrointensivas, como cer�micas e alum�nio, por exemplo. Mas neste caso, dificilmente o consumo nacional pela produ��o vai crescer, pois falta log�stica para levar o insumo para todas as regi�es do Pa�s.