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Estado de Minas

Resultado da elei��o presidencial reflete no mercado

Ap�s a apura��o dos resultados das urnas, a Bolsa de Valores de S�o Paulo, ontem, fechou o dia com valoriza��o de 4,72%, a maior em tr�s anos. O d�lar, por sua vez, perdeu for�a e caiu 1,38%


postado em 07/10/2014 07:00 / atualizado em 07/10/2014 07:17

Bras�lia –O mercado reagiu de forma euf�rica ao resultado do primeiro turno da elei��o presidencial, com a arrancada final do candidato A�cio Neves (PSDB) e a possibilidade de uma vit�ria da oposi��o. Ontem, a Bolsa de Valores de S�o Paulo (BM&FBovespa) chegou a operar com alta de quase 8% ao longo do dia e fechou o preg�o com valoriza��o de 4,72%, a 57.115 pontos, puxada pelas a��es da Petrobras, que tiveram o terceiro volume de negocia��es da hist�ria do papel, de R$ 2,355 bilh�es. O d�lar tamb�m teve uma rea��o positiva ao quadro eleitoral e registrou queda de 1,38%, cotado a R$ 2,429.

Mais do que comemorar a presen�a do tucano no segundo turno, o mercado reagiu � especula��o de que pesquisas internas do pr�prio Partido dos Trabalhadores (PT), de Dilma Rousseff, apontariam um empate t�cnico entre os dois concorrentes ao Pal�cio do Planalto, com A�cio Neves ligeiramente � frente da presidente. “Diante da surpresa da presen�a do seu candidato preferido na disputa, o mercado vislumbrou a chance real de vit�ria da oposi��o”, analisou o economista-chefe da SulAm�rica, Newton Rosa.

O resultado da euforia foi a supera��o de alguns recordes. A BM&FBovespa atingiu ontem a marca hist�rica de 1.779.282 neg�cios no mercado de a��es. O anterior era de 1.650.568 opera��es, registrado em 20 de junho do ano passado. A alta de 4,72% � a maior em tr�s anos, desde agosto de 2011, quando chegou a 5,10%, empatando em valoriza��o percentual di�ria com o desempenho de 27 de julho de 2012. Das 70 a��es mais negociadas no preg�o, 64 subiram e seis ca�ram. A movimenta��o tamb�m foi surpreendente, com giro financeiro de R$ 14,4 bilh�es, bastante acima da m�dia di�ria do ano, de R$ 6,9 bilh�es.

As a��es das estatais puxaram a alta na bolsa. Os pap�is da Petrobras tiveram valoriza��o de 15% do fechamento do preg�o de sexta-feira at� a abertura de ontem. Depois houve uma acomoda��o ao longo do dia e os ativos da petroleira fecharam com alta de 11,11% os pap�is preferenciais, cotados a R$ 20,39, e valoriza��o de 9,71% nas a��es ordin�rias, a R$ 19,20. As ordin�rias da Eletrobras subiram 9,29%, enquanto os pap�is preferenciais tiveram alta de 6,46%. Liderando os ganhos do dia ontem, os ativos do Banco do Brasil se valorizaram 11,92%.

Acelera��o

Em Nova York, os American Depositary Receipts (ADRs) — recibos das a��es negociadas nos Estados Unidos — da Petrobras dispararam no mercado. Os ADRs dos pap�is preferenciais subiram 12,66% a US$ 16,55. J� os ordin�rios tiveram alta de 15,25% a US$ 16,10. Isso num dia em que a bolsa nova-iorquina operou em queda. A Nasdaq caiu 0,43% e o Dow Jones recuou 0,10%.

Na avalia��o do economista da DX Investimentos Lino Gill, o desempenho da bolsa brasileira, que teve uma das maiores altas entre os principais preg�es do mundo, � resultado do “efeito A�cio”. “Estruturalmente, n�o houve nada que impulsionasse essa valoriza��o. N�o h� um movimento cont�bil sequer. De concreto, apenas, a possibilidade de mudan�a na pol�tica econ�mica”, assinalou. Para Gill, a oposi��o � mais bem vista pelo mercado porque sinaliza com maior controle da infla��o e taxa de juros. “A proposta � de uma condu��o da pol�tica econ�mica mais amig�vel ao capital privado”, ressaltou.

Jason Vieira, economista do portal de informa��es financeiras Moneyou, destacou que o mercado prefere A�cio a Marina, por isso reagiu t�o bem ontem. “Quando olha para o A�cio, o mercado v� Fernando Henrique Cardoso, Arm�nio Fraga e um conjunto de especialistas que, do ponto de vista econ�mico, enfrenta melhor as crises”, ponderou. Vieira explicou que o mercado � um reflexo das a��es de investidores e empres�rios. “Ele pode reagir de forma emocional, visceral, mas seus motivos s�o t�cnicos e racionais”, pontuou.

A disputa eleitoral tamb�m influenciou o mercado cambial ontem. Em um dia de aprecia��o das principais moedas emergentes perante o d�lar, o real conseguiu liderar a rela��o das divisas com maior alta ante a moeda americana. Para o gerente de c�mbio da corretora Treviso, Reginaldo Galhardo, houve um certo exagero na abertura do preg�o, quando a cota��o caiu a R$ 2,368 na m�nima do dia. “Houve uma dose excessiva de especula��o antes e o mercado tirou um pouco do pre�o diante do atual quadro eleitoral e a presen�a de A�cio no segundo turno”, esclareceu. O especialista estimou que a

volatilidade continuar� alta, com oscila��es conforme os dados de pesquisas eleitorais.

Hora de mostrar as estrat�gias

Bras�lia – As pr�ximas tr�s semanas ser�o decisivas para que Dilma Rousseff (PT) e A�cio Neves (PSDB) explicitem as diferen�as do pensamento econ�mico de cada partido e sinalizem, de forma clara, de que forma o novo governo poder� melhorar a vida do eleitor. At� ent�o as campanhas foram centradas em �reas como corrup��o e pol�ticas sociais, temas debatidas � exaust�o durante as elei��es de 2010, e que deram a vit�ria � presidente Dilma sobre o rec�m-eleito senador Jos� Serra (PSDB).

Naquela �poca, por�m, a economia n�o era motivo de preocupa��o. Enquanto a disputa pelo segundo turno pegava fogo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) anunciava que a carestia acumulada em 12 meses, at� setembro daquele ano, era de 4,7%. Portanto, apenas 0,2 ponto percentual acima da meta de infla��o, de 4,5% ao ano. Era o pa�s do crescimento chin�s, cujo Produto Interno Bruto (PIB) avan�ou 7,5% naquele ano — o melhor desempenho em mais de tr�s d�cadas.

“Agora a situa��o � totalmente diferente”, assinalou a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif. Em vez de crescimento forte, o pa�s convive com a recess�o. J� a infla��o s� n�o fugiu do controle porque o governo represou pre�os administrados por si pr�prio, como combust�veis e energia el�trica. Mesmo assim, o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula alta de 6,51% at� agosto, rompendo o teto da meta estabelecido pelo Conselho Monet�rio Nacional (CMN), o que ocorreu durante um ter�o do governo Dilma Rousseff.

Diante do crescimento nulo e da carestia elevada, a renda real dos trabalhadores passou a crescer em ritmo cada vez maior. Em 2014, o avan�o ser� de, no m�ximo, 1,5% — o menor desempenho desde 2003. Para completar, os juros ao consumidor n�o param de subir. Em agosto chegaram ao maior patamar em tr�s anos. N�o por acaso, o endividamento das fam�lias tamb�m recorde. Hoje, 46% do que o brasileiro ganha est� comprometido com o pagamento de d�vidas, diz o Banco Central.

Ao PSDB, diz o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, caber� traduzir o debate econ�mico pouco palat�vel em situa��es reais do cotidiano. “Ser� preciso mostrar ao eleitor que a pol�tica atual n�o � sustent�vel, e que a consequ�ncia dos desarranjos na economia ser� a piora do lado social, que tem sido a principal bandeira do PT”, emendou. Para o economista, a principal diferen�a entre A�cio e Dilma est� na forma como planeja o crescimento econ�mico.

Decis�es para 27 de outubro

Bras�lia – O novo governo come�ar� em 27 de outubro, dia seguinte ao segundo turno das elei��es, e n�o em 1º de janeiro de 2015, quando o vencedor subir� a rampa do Planalto. Nos dois �ltimos meses deste ano, Dilma Rousseff (PT) ou A�cio Neves (PSDB) ter�o de tomar decis�es importantes para que a economia reaja, se livre dos artificialismos e consiga se desgarrar do marasmo que a levou ao crescimento p�fio e � infla��o alta e persistente.

Entre os temas a serem resolvidas de imediato pelo candidato vitorioso nas urnas, estar� o imbr�glio do pre�o dos combust�veis. Dilma ou A�cio precisar� n�o s� definir quando ser� o reajuste da gasolina e do diesel, como ser�o pressionados a dar uma resposta � defasagem atual dos valores em rela��o ao mercado externo, que pressiona o caixa e os investimentos da Petrobras, fazendo a estatal perder milh�es de reais todo dia, comprometendo ainda mais a sua sa�de financeira.

Pelo andar da carruagem, independentemente das inten��es do pr�ximo presidente, o reajuste dos combust�veis deve ocorrer em novembro, ainda em meio � ressaca do resultado. Tamb�m j� no m�s que vem, quando o governo ter� de colocar na mesa receitas e despesas, ser� a hora de discutir sobre o Or�amento de 2015 e sobre o super�vit prim�rio deste ano. Nesse ponto, o principal entrave, sustentam analistas, est� no fato de que as receitas est�o infladas e dif�ceis de serem domadas.

Logo ap�s a vit�ria, da petista ou do tucano n�o haver� muito tempo para descanso ou comemora��o. Quem conquistar a prefer�ncia do eleitorado precisar� negociar com o Congresso a redu��o da meta de super�vit prim�rio, a economia do governo. Os 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB) fixados pela Lei de Diretrizes Or�ament�rias (LDO) n�o ser�o atingidos at� dezembro, mesmo com o atual governo utilizando manobras cont�beis para melhorar as contas.

O maior desafio, que n�o vai esperar a festa da posse na virada do ano, corresponde � “menor expans�o da despesa”, na opini�o do economista e professor da Universidade de S�o Paulo (USP), Sim�o Davi Silber. “A gastan�a p�blica � o ponto mais preocupante. No curt�ssimo prazo, para conseguir acabar com o artif�cio cont�bil e propor um super�vit maior, o pr�ximo presidente ter� de segurar custos no maior n�mero de �reas”, defendeu.

Mesmo com boa vontade e disposi��o para mudar a pol�tica econ�mica, quem herdar o cen�rio atual n�o escapar� de aumentar impostos a partir de 2015, analisou Silber. “N�o haver� outra sa�da para ajustar as contas p�blicas. A�cio ou a pr�pria Dilma ter� nas m�os um abacaxi monumental”, comentou ele, lembrando que as ag�ncias de classifica��o de risco est�o de olho no Brasil e, caso n�o haja mudan�a de rumo, o pa�s tem tudo para sofrer novos rebaixamentos.

Anunciar a equipe o quanto antes tamb�m ditar� os humores da economia, acrescentou Newton Marques, conselheiro do Conselho Regional de Economia do Distrito Federal. “Mesmo se for Dilma a vitoriosa, o discurso e o posicionamento ter�o de mudar, para provocar uma revers�o de expectativas para o ano que vem, uma vez que 2014 est� perdido”, disse. A�cio j� anunciou Arm�nio Fraga como seu ministro da Fazenda. Dilma avisou que Guido Mantega n�o continuaria.


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