Empresas em crise s�o um fil�o para fundos especializados em investimentos de alt�ssimo risco. No Brasil, institui��es financeiras como Opus, Jive, Blackwood e o banco Brasil Plural s�o alguns dos gestores que t�m visto oportunidade em neg�cios provenientes de massas falidas.
O banco de investimentos Brasil Plural, por exemplo, est� estruturando um fundo que deve levantar de R$ 100 milh�es a R$ 150 milh�es para colocar no mercado recursos para empresas em reestrutura��o ou em recupera��o judicial. Esse fundo ter� como �ncora o bra�o do Banco Mundial, o IFC (International Finance Corporation), que dever� colocar R$ 50 milh�es, afirmaram ao Estado Warley Pimentel e F�bio Vassel, executivos do banco. Os fundos Jive, Blackwood e Opus n�o retornaram os pedidos de entrevista.
Os recursos desse fundo poder�o ser destinados para compra de "equities" (a��es) ou d�vida de empresas de pequeno e m�dio portes, informou Pimentel. A expectativa � de que a opera��o esteja estruturada at� o fim do ano. "O diferencial do nosso fundo � que buscaremos ter o controle ou uma fatia relevante das empresas nas quais o fundo far� o aporte", disse Pimentel.
Os executivos acreditam que a demanda por esse tipo de recurso tem potencial de crescimento no Brasil, uma vez que o cen�rio atual macroecon�mico � de desacelera��o e empresas em busca de assessoria para reestrutura��o financeira.
H� 14 meses, o Brasil Plural decidiu criar sua pr�pria �rea de reestrutura��o financeira de olho em empresas em crise. "O Brasil tem um v�cuo nessa �rea, hoje ocupado por bancos de investimentos ou butiques. Hoje, os principais bancos s�o tamb�m credores dessas empresas", afirmou Vassel, que � respons�vel por esse neg�cio.
O banco tem em m�os um dos casos mais emblem�ticos de processo de recupera��o judicial, que � o do Grupo Inepar. A empresa paranaense de m�quinas e equipamentos entrou com pedido de recupera��o no fim de agosto e tem hoje uma d�vida acumulada em R$ 2 bilh�es. Na esteira da Inepar, outras empresas est�o indo para o mesmo caminho e a expectativa � de que os n�meros avancem at� o fim do ano, segundo especialistas ouvidos pelo jornal O Estado de S. Paulo.
Recupera��o
Dados da Serasa Experian mostram que, em setembro, 90 empresas pediram recupera��o judicial, alta de 38,5% ante agosto, quando foram realizadas 65 solicita��es, e 20% acima do mesmo m�s de 2013. As micro e pequenas empresas lideraram os requerimentos de recupera��o judicial com 49 pedidos, seguidas pelas m�dias, com 25, e pelas grandes, com 16.
J� os pedidos de fal�ncias cresceram 21,5% em setembro ante agosto, de acordo com o Indicador Serasa Experian de Fal�ncias e Recupera��es. No m�s passado, foram feitos 181 pedidos em todo o Pa�s, contra 149 requerimentos em agosto. Em termos absolutos, este � o pior resultado do ano e o n�mero mais alto para meses de setembro em quatro anos, destacou a institui��o. Na compara��o com o mesmo m�s de 2013, o acr�scimo foi de 16%.
De acordo com a Serasa Experian, dos pedidos feitos no m�s passado, 91 foram efetuados por micro e pequenas empresas, 39 por m�dias e 51 por grandes empresas. Segundo a institui��o, o aumento dos pedidos de recupera��o judicial e fal�ncia reflete a deteriora��o do quadro conjuntural dom�stico.
Confian�a abalada
Luiz O. Muniz, s�cio e diretor das opera��es do banco Rothschild para Am�rica Latina, afirmou � reportagem que o ano de 2014 registrou importantes casos de empresas que entraram em recupera��o judicial. Em sua avalia��o, havia uma expectativa de crescimento econ�mico para o ano, que n�o se materializou. "Cada caso (de empresa em recupera��o) � um caso", disse.
Segundo Muniz, o baixo crescimento da economia minou a confian�a do empresariado de modo geral. Muitas empresas est�o com baixas margens operacionais.
O pedido de recupera��o judicial, segundo Muniz, n�o � necessariamente o fim da linha para essas empresas. "Nos Estados Unidos, usa-se a terminologia 'prote��o contra credores' para demonstrar que o 'Chapter 11' (equivalente � nossa recupera��o judicial) existe para que a empresa continue a operar enquanto trabalha num plano de reestrutura��o da d�vida sem ter de lidar diariamente com press�o por caixa dos credores", afirmou o executivo.
Neste ano, o Rothschild assessorou importantes companhias que entraram em recupera��o. Caso do grupo de energia Rede e da companhia de l�cteos LBR, que teve parte de seus ativos vendidos para a francesa Lactalis. O banco tamb�m assessorou os credores da OGX, petroleira do empres�rio Eike Batista, e a mineradora Mirabela Nickel.
Surpresa
"Geralmente, o empres�rio que entra em crise (na maioria empresas familiares e pouco profissionalizadas) n�o tem dom�nio sobre os dados da empresa", afirmou Lu�s Paiva, s�cio da Corporate Consulting. "� uma surpresa para todo mundo. Eles s� percebem a gravidade do problema quando se d�o conta de que n�o t�m dinheiro em caixa para pagar contas do dia a dia."
Na maioria desses casos toda a gest�o tem de ser revista, com cortes profundos de custos e do quadro de funcion�rios, al�m da necessidade de remodelar toda a opera��o. O objetivo � buscar um caminho para que o patrim�nio e a hist�ria de uma empresa n�o seja reduzida a p�.