O custo social da desacelera��o da economia dom�stica ainda "n�o se fez sentir de maneira intensa", mas tende a aumentar caso o Brasil n�o retome a trajet�ria de crescimento, avalia o Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), que divulgou nesta quinta-feira, 16. sua Carta de Conjuntura trimestral.
O custo social envolve o emprego e renda, e at� o momento a taxa de desocupa��o permanece baixa, enquanto a renda tem sustentado o crescimento real.
"Os efeitos da desacelera��o ainda n�o se fizeram sentir de maneira intensa (no emprego e na renda). Mas o custo social tende a aumentar caso permane�a o quadro de baixo crescimento e infla��o elevada. Sem d�vida, o crescimento tem de ser retomado", afirmou o economista Fernando Ribeiro, coordenador do Grupo de Estudos de Conjuntura (Gecon) do Ipea.
Segundo Ribeiro, al�m do custo social baixo, o fato de o momento atual de baixo crescimento "n�o se caracterizar por crises externas, flutua��es bruscas nos pre�os macroecon�micos ou apag�es energ�ticos" torna a situa��o mais confort�vel para o ajuste. "A situa��o n�o � de crise. A despeito do momento, n�o est� com a corda no pesco�o, n�o precisa tomar medidas dr�sticas ou muito r�pidas", disse o economista.
Os problemas de curto prazo, que incluem o baixo avan�o da economia, a infla��o elevada e a confian�a dos empres�rios deprimida n�o devem ser ignorados, ponderou Ribeiro. "Acumulamos desequil�brios ao longo do processo, e agora isso come�a a pesar um pouco. Ent�o, n�o quer dizer que n�o h� problemas no curto prazo", disse. Segundo ele, por�m, h� "um pouco mais de tempo" para p�r os ajustes em pr�tica, evitando um custo social muito mais elevado.
A arruma��o nas contas do governo, listou o economista do Ipea, talvez seja um dos pontos mais dif�ceis. Atualmente, as receitas p�blicas s�o fracas, reflexo da pr�pria desacelera��o da economia. Sem uma retomada, Ribeiro comentou que o or�amento da Uni�o � bastante engessado, e que cortes teriam de ser amplamente discutidos e negociados.
"De fato temos uma situa��o fiscal complicada, mas temos de discutir para ver onde se est� disposto a abrir m�o", afirmou. De janeiro a agosto, o setor p�blico consolidado economizou R$ 10,2 bilh�es (0,3% do PIB). A meta � entregar uma economia de 1,9% do PIB, recursos usados para pagar os juros da d�vida p�blica.
Do outro lado, Ribeiro espera que, passadas as elei��es, os empres�rios retomem pelo menos parte da confian�a e resgatem seus projetos de investimento. "Com defini��o n�o s� do governo, mas tamb�m de diretrizes econ�micas, a tend�ncia � que a confian�a aumente, e � natural que as apostas voltem", disse.
A recupera��o dos investimentos, contudo, deve se desenhar de forma mais t�mida. "� dif�cil imaginar uma acelera��o muito forte", reconheceu. Para o economista do Ipea, mais do que a retomada do crescimento, voltar � trajet�ria de ganhos na produtividade � ainda mais crucial ao Pa�s.