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Estado de Minas

Seca atinge a ind�stria e amea�a empregos

ANA prop�e corte de 30% no uso do recurso do Rio Jaguari para aliviar sistema Cantareira. F�bricas do Sul de MG consideram percentual alto e temem impacto no quadro de funcion�rios


postado em 22/10/2014 06:00 / atualizado em 22/10/2014 07:26

A Kopenhagen está entre as plantas com maior captação de água do rio no Sul de Minas, segundo o sindicato (foto: Patricia Renno/EM/D. A Press)
A Kopenhagen est� entre as plantas com maior capta��o de �gua do rio no Sul de Minas, segundo o sindicato (foto: Patricia Renno/EM/D. A Press)
A falta de �gua no Rio Jaguari pode resultar em consider�veis preju�zos para a ind�stria do Sul de Minas. Sem chuva, a Ag�ncia Nacional das �guas (ANA) discute com os usu�rios a necessidade de diminuir a capta��o para contribuir com o sistema Cantareira, destinado ao fornecimento para a Grande S�o Paulo. A proposta � que seja estabelecida restri��o de at� 30% em rela��o ao volume captado. As empresas tentam negociar percentuais menores para o corte, tendo como argumento os efeitos danosos para a produ��o industrial e agr�cola da regi�o.

O impacto do corte ser� sentido na divisa de Minas com S�o Paulo, em Extrema e cidades pr�ximas. O Rio Jaguari nasce em terras mineiras (Sapuca�-Mirim, Camanducaia e Itapeva), servindo para abastecer tamb�m o estado vizinho. O comit� da bacia hidrogr�fica j� se reuniu cinco vezes para tratar do tema. Segundo o gerente de Meio Ambiente da Federa��o das Ind�strias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), W�gner Soares Costa, a proposta da ag�ncia reguladora � diminuir o percentual de capta��o de acordo com o n�vel do rio, chegando a 30% no volume mais cr�tico. Os cortes tamb�m seriam v�lidos para resid�ncias.

Pela proposta, o corte ser� linear, com o mesmo percentual v�lido para todos os usu�rios. O setor industrial n�o concorda. Segundo Costa, isso penaliza alguns setores, mais dependentes da �gua na produ��o. A Fiemg e os demais usu�rios apresentaram contraproposta pedindo que fosse estabelecida a mesma redu��o para S�o Paulo. “Esse corte tem que ter isonomia entre estados”, afirma. Hoje, o comit� se reuniria novamente, mas o encontro foi cancelado. A informa��o extraoficial � que a ind�stria paulista n�o teria aceitado reduzir a capta��o em 30%.

Segundo a ANA, a proposta de at� 30% ainda n�o � definitiva. A ag�ncia abriu espa�o para receber contribui��es dos interessados. Mais de 100 usu�rios apresentaram outras propostas. Nos pr�ximos dias, novas reuni�es ser�o marcadas para apresent�-las. A expectativa � que ainda neste m�s seja definida uma posi��o.

Postos de trabalho

Segundo o gerente do Sindicato das Ind�strias Metal�rgicas, Mec�nicas e de Material El�trico de Extrema, Itapeva e Camanducaia (Simec), Jos� Maria do Couto, a necessidade de colaborar com a redu��o do consumo est� definida, mas o percentual sugerido pela ag�ncia reguladora est� acima do ideal. “30% � muito. Obriga muitas empresas a reduzir a produ��o e, obviamente, a diminuir o quadro de funcion�rios”, afirma. O ideal, segundo ele, seria redu��o de 10%. Apenas a ind�stria metal�rgica da regi�o tem 6 mil trabalhadores.

Entre as empresas com maior capta��o de �gua, est�o Bauducco, Kopenhagen e Latic�nio Serra Dourada. Esta �ltima usa �gua para higieniza��o do processo produtivo. Segundo o diretor do latic�nio, Leandro Rangel, para cada litro de leite, s�o gastos tr�s de �gua. Por m�s, a empresa consome 90 mil litros de �gua, sendo 20% originados de um po�o artesiano e o restante, da distribuidora. “A redu��o da outorga tem um impacto absurdo”, destaca. Rangel diz que qualquer percentual de corte � prejudicial para a produ��o. “Se eu diminuir capta��o, reduzo a produ��o e, com certeza, tem demiss�o”, afirma.

E os impactos podem extrapolar os empregos diretos. O gerente de Meio Ambiente da Fiemg, W�gner Soares Costa, observa que, no caso do latic�nio, o problema contamina os fornecedores. A redu��o na produ��o de queijo e outros derivados do leite acarreta a menor capta��o de leite e, com isso, os produtores rurais s�o afetados.

O problema do Rio Jaguari envolve Minas Gerais e S�o Paulo. Devido � crise h�drica, o estado vizinho j� vinha reduzindo a vaz�o para garantir o abastecimento humano, contrariando as ordens do Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS). O rio responde por mais de 60% do abastecimento do sistema Cantareira.

Empresas tentam otimizar produ��o

A seca que provoca a queda da produ��o no campo e a explos�o dos pre�os dos hortifrutigranjeiros tamb�m atinge a ind�stria. Empresas de diferentes ramos industriais e que dependem da �gua para a produ��o j� est�o em estado de alerta, adotando medidas para otimizar ou reduzir o consumo de recursos h�dricos. A expectativa dessas f�bricas � que a chuva, que come�ou a atingir ontem a capital e outras regi�es do estado, se intensifique nos pr�ximos dias, reabastecendo o len�ol fre�tico, recuperando o n�vel dos rios e reservat�rios e retomando a normalidade dos sistemas de abastecimento das cidades. Caso isso n�o aconte�a, em pouco tempo, a produ��o industrial ficar� comprometida.

“As nossas ind�strias est�o em estado de alerta”, afirma o presidente da Uni�o das Empresas do Distrito Industrial de Uberl�ndia (Uned), Jos� Humberto Resende de Miranda, ao fazer refer�ncia � estiagem prolongada, que afetou o sistema de abastecimento e tamb�m atinge o setor industrial na cidade do Tri�ngulo Mineiro. Segundo ele, no distrito industrial de Uberl�ndia, existem cerca de 50 f�bricas que dependem da �gua na manuten��o dos seus processos de produ��o, incluindo ind�strias de alimentos, limpeza e outras.

Todas elas j� adotam medidas para a economia e otimiza��o do consumo da �gua, com o chamado re�so do recurso, fazendo, por exemplo, o reaproveitamento na limpeza. Resende de Miranda cita a Souza Cruz, que faz o re�so da �gua a partir do tratamento do esgoto. “Na Souza Cruz, n�o existe mais sa�da de esgoto. Todos os efluentes s�o tratados e reaproveitados”, assegura.

O tratamento de efluentes � uma das alternativas adotadas pelas f�bricas para otimizar o uso. O presidente da Uned informa que as ind�strias da cidade que possuem po�os tubulares foram orientadas a priorizar a utiliza��o da �gua subterr�nea captada por elas, a fim de aliviar para o sistema de abastecimento da cidade, que enfrenta problemas de escassez.

DEMORA Contudo, ele ressalta que, mesmo com todas provid�ncias tomadas para economizar e otimizar o uso da �gua, as ind�strias correm risco de ter problemas mais s�rios, caso o in�cio do per�odo chuvoso demore ainda mais. “A nossa recomenda��o � para que as ind�strias otimizem ao m�ximo o uso. Mas, se n�o chover nos pr�ximos dias e a situa��o (dos reservat�rios e mananciais) n�o for normalizada logo, vamos enfrentar a falta d’ �gua”, afirma Jos� Humberto Resende Costa, lembrando que o atraso na chegada das chuvas pode reduzir tamb�m o n�vel do len�ol fre�tico, atingindo as empresas que consomem �gua de po�os tubulares.

Companhias que dependem da represa de Três Marias começaram a diminuir a captação de água nos últimos anos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Companhias que dependem da represa de Tr�s Marias come�aram a diminuir a capta��o de �gua nos �ltimos anos (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)

Estrat�gias ao longo do S�o Francisco


Na Regi�o Central, mesmo com o volume da represa de Tr�s Marias pr�ximo ao considerado morto, a Votorantim Metais ainda n�o sofreu impactos pela estiagem do Rio S�o Francisco. A empresa tem estudado formas de manter a produ��o normalmente com menor capta��o de �gua. Em nota, informa que “nos �ltimos quatro anos, em fun��o de processos de evolu��o de sua gest�o h�drica, a unidade j� reduziu em 36% o volume de �gua captado no rio”.

Preocupa��o semelhante tem a Cedro T�xtil, empresa com f�brica em Pirapora, no Norte de Minas. A cidade � a primeira depois da usina de Tr�s Marias com depend�ncia da �gua do S�o Francisco. A empresa tem desenvolvido a��es para melhor uso dos recursos. Segundo o gerente de Meio Ambiente e Qualidade da Cedro T�xtil, M�rcio Alvarenga, com as medidas adotadas nos �ltimos anos, a empresa reduziu o consumo de 115 para 45 litros de �gua por quilo de tecido. “As a��es implementadas est�o nos mantendo em funcionamento. N�o tivemos que paralisar nenhuma atividade por falta d’�gua”, afirma.

A escassez de recursos h�dricos tamb�m � preocupa��o para a ind�stria de cerveja, j� que 90% da composi��o do produto � �gua. A Ambev, que fica em Juatuba, na Grande BH, informou que j� adota medidas para a otimiza��o e redu��o do consumo de �gua. “A Ambev tem o compromisso de buscar sempre a diminui��o dos �ndices de consumo de �gua, n�o s� em Juatuba, mas em todas as cidades em que atuamos.” De 2002 a 2013, a Ambev diminuiu em 38% o uso do recurso em suas unidades.


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