(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Apesar de avan�os, brasileiros ainda vivem em codi��es prec�rias

Pa�s reduz a diferen�as sociais, mas para muitos brasileiros realidade � uma vida de pobreza e em condi��es prec�rias


postado em 29/10/2014 06:00 / atualizado em 29/10/2014 07:42

Vanuzia Oliveira com as filhas Alice (de 4 anos), Lorena (de 3) e Beatriz (de 1): sem emprego, renda ou benefícios do governo, sobrevive das doações que recebe(foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
Vanuzia Oliveira com as filhas Alice (de 4 anos), Lorena (de 3) e Beatriz (de 1): sem emprego, renda ou benef�cios do governo, sobrevive das doa��es que recebe (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press)
A queda das desigualdades sociais no Brasil ainda n�o foi suficiente para que todos os brasileiros tenham renda suficiente para bancar os custos de vida e um lugar digno para morar. H� um ano, quase na v�spera de dar a luz a pequena Beatriz, a dona de casa Vanuzia da Concei��o Oliveira, colocou de p� seu barraco de um c�modo, na ocupa��o Willian Rosa, em Contagem, na Grande BH, �s margens da BR 040. M�e tamb�m de Bruno, 9, e Guilherme, 2, ela se acomoda com os filhos no pequeno espa�o dividido em sala, cozinha e quarto. Pelas frestas de madeira passam a luz do sol e a �gua da chuva que encharca o ch�o de terra batida. O banho � comunit�rio, em um chuveiro montado no centro da ocupa��o e a luz vem de gatos. Os filhos ela cria sozinha. “Essa alian�a aqui � s� para espantar homem feio”, brinca sorrindo enquanto mostra o anel de bijuteria desbotada, e completa: “o pai deles est� no mundo.”

Sem emprego nem renda, nem dinheiro de bicos ou recursos de programas de transfer�ncia de renda, Vanuzia sobrevive de doa��es. Recebe cesta-b�sica e junto com outras m�es da ocupa��o, em poucos minutos alcan�a o Ceasa, de quem � vizinha. Pelo menos nesse sentido, a ocupa��o barulhenta, onde se espremem barracos precariamente constru�dos, a localiza��o � privilegiada: fica mais f�cil para as m�es que vivem ali, conseguir doa��es de frutas e verduras. “J� me cadastrei no programa bolsa-fam�lia, mas n�o consegui nada por enquanto. Agora vou tentar outra vez”, diz Vanuzia. Segundo a dona de casa, ela n�o conseguiu na regi�o, creche que aceitasse seu beb� por hor�rio integral. “Aqui � um lugar bom, mas n�o � seguro para crian�as ficarem sozinhas.”

Vistos de perto, os barracos fr�geis d�o impress�o que podem desabar com um sopro. D�bora Duarte tamb�m tem uma moradia na ocupa��o. A jovem mulher, de 31 anos, tem uma hist�ria que acumula a perda de cinco filhos. Com ela sobreviveram quatro crian�as, Gabriela, 12, Gustavo 11, Diogo, 7 e o pequeno Emanuel. O ca�ulinha completa 2 anos m�s que vem. Catadora de papel, D�bora estende as m�os e mostra os calos como prova do que diz � reportagem: “Pode ver, trabalho muito, todos os dias.” Al�m de catadora de papel, ela trabalha batendo pregos em caixotes de madeira, que depois de prontos s�o vendidos a R$ 1 para o Ceasa. Do ex-companheiro ela n�o tem not�cias. “N�o sei por onde anda. Foi embora quando eu engravidei”, diz dando de ombros. No barraco onde n�o chega aviso de �gua, luz ou aluguel, a dona de casa aponta que sua renda mal consegue comprar a alimenta��o b�sica. “Queria receber o bolsa fam�lia, mas nunca consegui, essa � a verdade.”

Ajuda pouca

Em outro extremo, no Norte de Minas a “casa” de resume um �nico c�modo, que, ao mesmo tempo funciona como sala, cozinha e quarto de dormir. N�o tem liga��o de �gua e esgoto. A falta da luz el�trica obriga o uso de vela para ilumina��o, oferecendo o risco constante de inc�ndio. S�o nessas condi��es que vive Nice Stela dos Santos, de 58 anos, moradora de um barraco na Vila Ipiranga, periferia de Montes Claros, cidade-polo do Norte de Minas, com 384 mil habitantes, a 430 quil�metros de Belo Horizonte.

“Eu praticamente n�o tenho renda nenhuma. As outras pessoas que me ajudam. Quase todo m�s aparece algu�m e me d� uma cesta b�sica”, diz a mulher. Nice disse que, sempre que pode, cata papel�o e latinhas nas ruas. “Mas, quando junto muito em um m�s, na hora da venda, o m�ximo que a gente tira � R$ 50”, relata.

Ela informa que � cadastrada no Programa Bolsa-Fam�lia. Mas como n�o tem filhos pequenos ou matriculados na escola, diz que recebe R$ 70. “N�o d� para nada”, afirma a catadora, que � m�e de oito filhos, todos eles ‘j� criados’ – o mais novo de 22 anos.

Nice informa que, no ultimo domingo, repetiu o que fez no primeiro turno e votou na na presidente Dilma Rousseff. Quando questionada sobre o motivo do voto na petista, ela demorou um pouco para responder e falou: “porque a Dilma � boa”. � a �nica coisa que sabe sobre a presidente reeleita, at� porque n�o acompanhou nada da campanha eleitoral, pois no seu barraco n�o tem televis�o nem r�dio.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)