
Sem emprego nem renda, nem dinheiro de bicos ou recursos de programas de transfer�ncia de renda, Vanuzia sobrevive de doa��es. Recebe cesta-b�sica e junto com outras m�es da ocupa��o, em poucos minutos alcan�a o Ceasa, de quem � vizinha. Pelo menos nesse sentido, a ocupa��o barulhenta, onde se espremem barracos precariamente constru�dos, a localiza��o � privilegiada: fica mais f�cil para as m�es que vivem ali, conseguir doa��es de frutas e verduras. “J� me cadastrei no programa bolsa-fam�lia, mas n�o consegui nada por enquanto. Agora vou tentar outra vez”, diz Vanuzia. Segundo a dona de casa, ela n�o conseguiu na regi�o, creche que aceitasse seu beb� por hor�rio integral. “Aqui � um lugar bom, mas n�o � seguro para crian�as ficarem sozinhas.”
Vistos de perto, os barracos fr�geis d�o impress�o que podem desabar com um sopro. D�bora Duarte tamb�m tem uma moradia na ocupa��o. A jovem mulher, de 31 anos, tem uma hist�ria que acumula a perda de cinco filhos. Com ela sobreviveram quatro crian�as, Gabriela, 12, Gustavo 11, Diogo, 7 e o pequeno Emanuel. O ca�ulinha completa 2 anos m�s que vem. Catadora de papel, D�bora estende as m�os e mostra os calos como prova do que diz � reportagem: “Pode ver, trabalho muito, todos os dias.” Al�m de catadora de papel, ela trabalha batendo pregos em caixotes de madeira, que depois de prontos s�o vendidos a R$ 1 para o Ceasa. Do ex-companheiro ela n�o tem not�cias. “N�o sei por onde anda. Foi embora quando eu engravidei”, diz dando de ombros. No barraco onde n�o chega aviso de �gua, luz ou aluguel, a dona de casa aponta que sua renda mal consegue comprar a alimenta��o b�sica. “Queria receber o bolsa fam�lia, mas nunca consegui, essa � a verdade.”
Ajuda pouca
Em outro extremo, no Norte de Minas a “casa” de resume um �nico c�modo, que, ao mesmo tempo funciona como sala, cozinha e quarto de dormir. N�o tem liga��o de �gua e esgoto. A falta da luz el�trica obriga o uso de vela para ilumina��o, oferecendo o risco constante de inc�ndio. S�o nessas condi��es que vive Nice Stela dos Santos, de 58 anos, moradora de um barraco na Vila Ipiranga, periferia de Montes Claros, cidade-polo do Norte de Minas, com 384 mil habitantes, a 430 quil�metros de Belo Horizonte.
“Eu praticamente n�o tenho renda nenhuma. As outras pessoas que me ajudam. Quase todo m�s aparece algu�m e me d� uma cesta b�sica”, diz a mulher. Nice disse que, sempre que pode, cata papel�o e latinhas nas ruas. “Mas, quando junto muito em um m�s, na hora da venda, o m�ximo que a gente tira � R$ 50”, relata.
Ela informa que � cadastrada no Programa Bolsa-Fam�lia. Mas como n�o tem filhos pequenos ou matriculados na escola, diz que recebe R$ 70. “N�o d� para nada”, afirma a catadora, que � m�e de oito filhos, todos eles ‘j� criados’ – o mais novo de 22 anos.
Nice informa que, no ultimo domingo, repetiu o que fez no primeiro turno e votou na na presidente Dilma Rousseff. Quando questionada sobre o motivo do voto na petista, ela demorou um pouco para responder e falou: “porque a Dilma � boa”. � a �nica coisa que sabe sobre a presidente reeleita, at� porque n�o acompanhou nada da campanha eleitoral, pois no seu barraco n�o tem televis�o nem r�dio.