
Sem consenso, o n�mero n�o foi fechado na reuni�o de ontem e a decis�o final deve ficar com a diretoria. A ordem, portanto, foi n�o divulgar a eleva��o. “Em rela��o ao reajuste de pre�os, a companhia reitera o que foi divulgado em comunicado ao mercado em 29 de outubro de 2014, que este assunto � discutido frequentemente pela sua diretoria executiva e pelo seu conselho de administra��o, mas, at� o momento, n�o h� decis�o quanto a reajuste no pre�o da gasolina e do diesel”, afirmou, em nota, a companhia.
Com isso, o governo pretende ganhar tempo e a queda no pre�o do barril de petr�leo no mercado internacional, que ontem caiu 2,02%, a US$ 77,19 em Nova York, est� dando f�lego que ele tanto precisa. A equipe econ�mica quer escolher o melhor momento de praticar o aumento por conta do grande impacto que ter� na infla��o, persistentemente acima do teto da meta do Banco Central, de 6,5%. Esta semana, ser� divulgado o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) de outubro e a expectativa do mercado � de que fique em 6,68% em 12 meses.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), a gasolina compromete 3,74% do or�amento familiar. Isso significa, de acordo com o economista Andr� Braz, da Funda��o Getulio Vargas (FGV), que para cada 1% de aumento, a gasolina impacta em 0,04 ponto percentual o IPCA. “Se o reajuste for de 5%, por exemplo, o impacto ser� de 0,20 ponto percentual”, afirmou. O �leo diesel, que tamb�m pode ser reajustado, compromete fra��o bem menor do or�amento, somente 0,14%. “Com esse peso, para cada 1% de alta, o impacto ser� de 0,001 ponto percentual. Se o reajuste for de 5%, o �ndice subir� 0,005 ponto percentual”, calculou o economista.
O �ltimo reajuste de combust�veis concedido pela Petrobras foi em 30 de novembro do ano passado, quando a gasolina foi majorada em 4% e o �leo diesel, em 8%. Em 2014, com os pre�os represados pelo governo para segurar a infla��o, a Petrobras amargou preju�zos por conta de uma defasagem de at� 17%, entre janeiro e setembro desde ano, entre os valores desembolsados no mercado internacional e o pre�o pelo qual os combust�veis eram vendidos no pa�s. Pelas contas da Gradual Investimentos, a petroleira perdeu R$ 60 bilh�es por conta da defasagem. Hoje, a estatal tem a maior d�vida entre companhias petrol�feras de todo o mundo. Deve mais de R$ 300 bilh�es.
O diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, explicou que, gra�as � queda do pre�o do barril de petr�leo no mercado mundial, que desabou abaixo dos US$ 80, e ao c�mbio valorizado, n�o h� mais qualquer defasagem de pre�o atualmente. “Neste momento, o reajuste ficou em segundo plano porque o mercado internacional deu uma ajuda. Mas a Petrobras precisa recuperar as perdas do passado. O buraco no caixa da empresa � grande. A d�vida em d�lares � de mais de US$ 114 bilh�es”, destacou. Pires aposta que o momento seria de o governo retornar com a cobran�a da Contribui��es de Interven��o no Dom�nio Econ�mico (Cide) e n�o de praticar aumento de combust�veis. “Isso daria competitividade ao etanol”, assinalou.
TENS�O A reuni�o do conselho da Petrobras n�o foi apenas longa. Tamb�m foi tensa. Na pauta, al�m do reajuste dos combust�veis, estava a divulga��o do balan�o do terceiro trimestre da companhia, mas n�o chegou a ser debatida. Ficou acertado que haver� nova reuni�o at� 14 de novembro para aprovar o resultado financeiro da empresa. Ser� o terceiro encontro em menos de um m�s, sendo que o normal � apenas uma reuni�o mensal.
Isso ocorreu porque, na semana passada, a reuni�o ordin�ria foi ainda mais conturbada que a de ontem e os conselheiros nem chegaram a avaliar o reajuste de pre�os. A PriceWaterhouseCoopers (PwC), auditoria que assina o balan�o da Petrobras, fez exig�ncias � estatal para aprovar os n�meros. Entre elas, a sa�da imediata de S�rgio Machado da presid�ncia da Petrobras Transporte (Transpetro) e a contrata��o de outras duas auditorias independentes para analisar o balan�o.