D�cimo terceiro deve ser usado para aliviar d�vidas e depois para presentes

Al�vio para as contas do consumidor e esperan�a de aquecimento das vendas em um ano frio para o varejo, o 13º sal�rio vai injetar R$ 158 bilh�es na economia do pa�s, e R$ 14,2 bilh�es em Minas, montante que corresponde a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado e do pa�s, segundo c�lculos do Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos (Dieese). O consumidor que viu o sal�rio pressionado pela infla��o e se enrolou para quitar os compromissos financeiros vai usar a primeira parcela do benef�cio, em novembro, para se livrar das d�vidas.

J� a segunda metade do 13º deve ser usada para comprar os presentes de Natal, mas especialistas alertam que as faturas do in�cio do ano v�o chegar reajustadas e recomendam cautela. No estado, cerca de 9 milh�es de pessoas entre trabalhadores e aposentados v�o receber o benef�cio. Os empregados do mercado formal representam 60,1%, enquanto pensionistas e aposentados do INSS somam os outros 39,9%. O emprego dom�stico com carteira assinada participa do bolo com 2,9%.

Em uma r�pida pausa no trabalho, o motorista Gilson Wellingto Amandulo, de 35 anos, diz que tem planos para o seu d�cimo terceiro e n�o pensa duas vezes antes de responder qual fim dar� ao benef�cio: “Vou pagar d�vidas. Quero quitar o credi�rio que tenho nas Casas Bahia”. Ele informa que a segunda metade do benef�cio vai usar para comprar os presentes de Natal dos dois filhos, Jo�o Paulo (12) e Jo�o Vitor (7), e vai pagar � vista. “Devo gastar perto de R$ 1 mil com os presentes. Os meninos querem joguinhos eletr�nicos que custam caro.” Pagar � vista � um bom projeto, segundo a educadora financeira Maria In�s Prazeres. “N�o h� o que fazer, quem tem d�vidas deve usar o d�cimo terceiro para quit�-las.”

Com a alta da taxa b�sica da economia, elevada a 11,25% ao ano, a especialista alerta que os juros como os do cart�o de cr�dito e cheque especial ficam cada vez mais sufocantes para o consumidor. “Al�m disso, o ano vai come�ar com as contas tradicionais e ainda com alta j� anunciada na mensalidade e material escolar”, lembra.

Crescimento

Os R$ 158 bilh�es que ser�o injetados na economia do pa�s correspondem a alta de 10% em rela��o ao ano passado. “Houve crescimento no n�mero e tamb�m no valor dos benef�cios”, diz Fernando Duarte, supervisor t�cnico do Dieese em Minas. Ele explica que o c�lculo n�o levou em conta os trabalhadores aut�nomos ou recebimentos por parte de trabalhadores sem carteira assinada.

Em valores, o volume de recursos do mercado formal soma R$ 9,8 bilh�es ou 70% do montante distribu�do no estado. Em m�dia, o 13º mineiro corresponde a parcela de R$ 1.477, abaixo do benef�cio nacional, de R$ 1.774. A C�mara dos Dirigentes Lojistas (CDL-BH) estima que o com�rcio s� vai sentir os efeitos positivos do d�cimo terceiro em dezembro. “A primeira parcela ser� usada para pagar d�vidas. A infla��o pressionou os sal�rios, e o consumidor, que vinha se endividando desde 2012, ficou com menos renda dispon�vel, o que tem feito a inadimpl�ncia crescer”, diz Ana Paula Bastos, economista da CDL-BH. Segundo ela, os aposentados e pensionistas que receberam sua parcela em agosto usaram o recurso para “limpar o nome”. “Geralmente, com a segunda parcela, os consumidores fazem suas compras de Natal, j� os aposentados tendem a fazer pequenas poupan�as e tamb�m fazem empr�stimos a familiares.”

Pagar as d�vidas � a meta da consultora de vendas P�mela da Costa Pereira. “Vou pagar as d�vidas e me livrar dos cart�es”, afirma. A consultora, que est� com uma reforma em curso, diz que essa � sua prioridade e ir� usar o d�cimo terceiro para comprar materiais para a obra. “N�o quero fazer novas d�vidas.” Maria In�s Prazeres indica a caderneta de poupan�a como investimento para quem quer guardar pequenos valores por um curto prazo. “Melhor guardar o que restar do 13º para as despesas do in�cio do ano. Melhor agir como a formiga, n�o � hora de ser cigarra.”