
Bras�lia – A pessoa que substituir� Guido Mantega no comando da economia, a partir de 2015, enfrentar� um verdadeiro teste de fogo. T�o logo seja empossado no cargo, o novo ministro da Fazenda ter� de colocar em pr�tica uma s�rie de medidas impopulares que h� muito foram deixadas de lado, e das quais a presidente Dilma Rousseff se esquivou durante a campanha eleitoral. Mas, com a economia definhando, os investimentos no ch�o, a infla��o elevada e a amea�a de que o pa�s seja rebaixado por uma das tr�s principais ag�ncias de classifica��o de risco, os ajustes se tornaram inevit�veis. Ontem, Dilma declarou que s� anunciar� o nome do novo ministro quando voltar da viagem que far� com Mantega � Austr�lia, daqui a duas semanas, para acompanhar a reuni�o do G-20.
A situa��o do pa�s � preocupante, dizem especialistas. “N�o h� perspectiva de retomada do crescimento no curto prazo em virtude do alto endividamento das fam�lias, da alta de juros, da infla��o em disparada, dos pre�os das commodities em queda e do n�vel elevado dos estoques na ind�stria, que sinalizam para uma situa��o de quase paralisia da economia”, disse o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rosgtano. “N�o h� d�vidas de que, qualquer que seja o escolhido para comandar a Fazenda nos pr�ximos quatro anos, ele enfrentar� uma verdadeira pedreira pela frente”, assinalou o economista.
Seja quem for o escolhido por Dilma, j� se sabe que este n�o ter� vida f�cil, a come�ar pela disposi��o do PT em dar as cartas no governo. “O partido deve buscar participar ativamente das decis�es acerca das primeiras medidas do segundo mandato, em particular sugerir medidas claras no debate sobre a pol�tica econ�mica”, cravou trecho da resolu��o aprovada pela sigla na primeira reuni�o ap�s a reelei��o de Dilma, realizada esta semana.

� justamente por isso que, ap�s quase dois meses de especula��o, apenas dois nomes ainda aparecem com f�lego na reta final da disputa. Ambos, por�m, com pouca ou nenhuma afei��o tanto por Dilma, quanto pelo PT. Nesse quesito, quem leva vantagem, ainda que pequena, � o economista Nelson Barbosa, ex-secret�rio executivo do �rg�o, que entregou o cargo no ano passado ap�s se desentender com o secret�rio do Tesouro Nacional, Arno Augustin, que, al�m de amigo pessoal da presidente Dilma, � tido com nome certo no segundo mandato, talvez com ainda mais poderes dos que j� teve nos �ltimos quatro anos.
Barbosa tentou recentemente aproximar-se do ex-presidente Lula na tentativa de conseguir a b�n��o � sua candidatura ao cargo. Esbarrou, no entanto, na prefer�ncia do petista por outro nome, o de Henrique Meirelles, que comandou o Banco Central nos oito anos do governo Lula. Seja qual for a decis�o da presidente Dilma, � certo que o escolhido para a Fazenda ter� ainda menos apoio do que teve o atual titular, Guido Mantega, que sempre foi um fiel deposit�rio tanto dos ideias do PT, quanto de Dilma.
CREDIBILIDADE
Entre economistas do mercado financeiro, pol�ticos de oposi��o e da base aliada no Congresso, al�m de t�cnicos do governo, a medida tida como mais urgente � colocar em pr�tica um amplo e cr�vel ajuste nas contas p�blicas, o que significa fechar a torneira para gastos p�blicos de todo tipo, e promover o temido arrocho.
Tudo em nome de um bem considerado maior, a capacidade do pa�s em equilibrar as contas p�blicas e, com isso, evitar a perda do grau de investimento. “N�o s� o pr�ximo ministro da Fazenda mas tamb�m a presidente Dilma t�m que dar provas concretas de que tomar�o provid�ncias para tirar o pa�s da situa��o atual”, disse o economista Raul Velloso, especialista em finan�as p�blicas e p�s-doutor em economia pela Universidade de Yale, nos EUA. “Se eles n�o forem firmes o suficiente, h� um risco real do rebaixamento j� nos primeiros meses do segundo mandato”, sentenciou.
Para atingir esse bem, dizem os entrevistados, ser� necess�rio barrar reajustes salariais de servidores, elevar impostos e cortar verbas de emendas parlamentares, o que tende a elevar as tens�es no Congresso e azedar ainda mais as rela��es da presidente Dilma Rousseff com os partidos da base aliada, entre os quais o PMDB do vice-presidente Michel Temer, que j� veio rachado ap�s as elei��es e que amea�a engrossar os ataques ao governo, em 2015.