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Estado de Minas MINISTRO DA FAZENDA

Guido Mantega apresenta heran�a econ�mica do pa�s em decl�nio em reuni�o do G20

Se em 2008 o ministro esbanjou prest�gio, agora leva um Brasil com indicadores econ�micos piores ao encontro


postado em 09/11/2014 06:00 / atualizado em 09/11/2014 07:33

(foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS %u2013 27/2/14)
(foto: UESLEI MARCELINO/REUTERS %u2013 27/2/14)
Bras�lia – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, acompanhar� a presidente Dilma Rousseff durante a c�pula do G20, na Austr�lia, nos dias 15 e 16. O encontro de Brisbane foi o palco escolhido pela chefe do Executivo para fazer uma despedida em grande estilo do mais longevo ministro da Fazenda da era republicana. Espera-se que a Dilma comece a designar os integrantes do novo governo assim que retornar ao Brasil. O substituto de Mantega, no entanto, receber� uma economia pior do que a da primeira reuni�o dos l�deres das 19 maiores na��es emergentes e desenvolvidas do planeta mais a Uni�o Europeia, realizada em 2008, no meio do olho do furac�o da crise financeira global, que estourou com a quebra do Banco Lehman Brothers, em setembro daquele ano.


Ao fazer uma simples compara��o com alguns dados econ�micos de 2008 com estimativas para 2014, � poss�vel perceber as mudan�as. O pa�s daquela �poca tinha uma das mais altas taxas de crescimento entre os membros do G20, a infla��o estava mais pr�xima do centro da meta, de 4,5% ao ano, e a na��o acabava de entrar para o seleto clube de pa�ses com grau de investimento, aqueles com baixo risco de calote nos t�tulos p�blicos e que atraem o capital externo. Logo, o Brasil estava no centro do debate. Falava-se que havia um descolamento dos emergentes em rela��o � crise e o Brasil estava bem na foto.
Mantega, que estava no comando da Fazenda no segundo mandato do ex-presidente Luiz In�cio Lula da Silva, foi um dos articuladores daquele encontro, pois o pa�s presidia o G20. Neste ano, o ministro ser� mero coadjuvante. Est� demission�rio desde a campanha presidencial e n�o ter� tantos dados positivos para apresentar. Um dos poucos � o desemprego, que ainda continua baixo e � um dos menores do grupo, mas especialistas temem que ele volte a aumentar dada a forte desacelera��o da economia do pa�s, que atravessa uma recess�o t�cnica neste ano.

A crise Em 2008, enquanto economias desenvolvidas estavam em plena recess�o, o pa�s surfava na “marola” da crise denominada por Lula. Mas, logo depois, ela se transformou em um tsunami e seus estragos persistem at� os dias atuais. Para se ter uma ideia da mudan�a, naquele ano, o Brasil crescia 5,2% e, neste ano, n�o deve alcan�ar alta de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com o Fundo Monet�rio Internacional (FMI). Economistas ouvidos pelo Banco Central esperam menos: 0,24%. J� os Estados Unidos, que estavam em recess�o, devem crescer 2,2% este ano.
N�o � toa, o pa�s disputa a lanterna das menores expans�es do PIB com a R�ssia, que atravessa uma crise geopol�tica, sofre san��es dos EUA e da Uni�o Europeia e est� � beira de uma guerra com a Ucr�nia. O pior do grupo � a Argentina, que vive uma crise sem precedentes, afetando diretamente a balan�a comercial brasileira, que, em outubro deste ano, registrou o maior d�ficit para o m�s em 16 anos, e que colabora para o rombo de cerca de US$ 80 bilh�es na conta-corrente do pa�s com o mundo, o terceiro maior do planeta.


A taxa de investimento em rela��o ao PIB do Brasil, principal item para que um pa�s tenha um crescimento sustent�vel, � outro exemplo. Ela era ascendente em 2008 e galgava 20,7% do PIB. Atualmente, recuou para 16%, abaixo das estimativas do FMI para este ano, de 17%, e dos 25% prometidos por Dilma no primeiro ano de governo. Esse indicador � o menor entre os integrantes do G20, at� mesmo que o da Argentina. O pa�s vizinho continua tendo uma taxa de investimento maior que a nossa: 17,9% neste ano. Em 2008, era 21,1%. Esse cen�rio, dada a fragilidade na economia e nas contas p�blicas, est� elevando o risco de o Brasil perder o grau de investimento at� a primeira metade de 2015.

Menos competitivo Nesses seis anos, o Brasil perdeu posi��es no ranking de competitividade global do F�rum Econ�mico Mundial (WEF, na sigla em ingl�s), mas melhorou no �ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Entretanto, dados recentes do Instituto de Pesquisa Econ�mica Aplicada (Ipea), mostrando que dada a piora na economia o n�mero de miser�veis voltou a crescer em 2013, acendem um sinal amarelo para a volta do aumento da desigualdade.


“� ineg�vel a piora nos dados econ�micos entre 2008 e 2014. O pa�s n�o tem feito o dever de casa. Ele precisa de a��es de longo prazo para recuperar competitividade”, destaca o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confedera��o Nacional da Ind�stria (CNI), Carlos Eduardo Abijaodi. Ele ressalta que o pa�s vem caindo em outro ranking: o Doing Business, do Banco Mundial, que mede a facilidade de realizar neg�cios. “Em uma lista de 180 pa�ses, s� existem 14 piores que a gente”, lamenta.


Na avalia��o do executivo, esses dados ruins refletem o enfraquecimento da ind�stria, que n�o tem condi��es de competir no mesmo patamar dos outros pa�ses e est� come�ando a demitir. “Sem uma ind�stria forte, o pa�s n�o cresce”, destaca. Ele lembra ainda que, no ano passado, o rombo na balan�a de manufaturados foi de US$ 100 bilh�es e, neste ano, poder� ultrapassar os US$ 120 bilh�es. Um levantamento feito pela entidade com os pa�ses do G20 revela ainda que esse saldo negativo cresceu 150% nesses seis anos e s� ficou atr�s da Ar�bia Saudita entre os pa�ses do G20.

Entre ataques e defesas

 

Integrantes da equipe econ�mica da presidente Dilma Rousseff rebateram a compara��o feita pelo Estado de Minas. Para o governo, comparar o encontro de 2008 com o atual � fazer an�lise rasa e o ideal seria comparar m�dias de crescimento entre 2008 e 2013 (antes de o pa�s entrar em uma recess�o t�cnica), pois 2014 � um ponto fora da curva. “O desempenho da economia nesse per�odo � satisfat�rio. O importante � que a infla��o est� controlada e houve preserva��o dos empregos e aumento da renda”, diz uma fonte da equipe econ�mica. A economista Monica Baumgarten de Bolle, s�cia-diretora da Galanto Consultoria, � taxativa em rela��o � piora no quadro. “N�o importa qual � o recorte. A economia est� ruim sim. A maioria dos dados piorou. Mas o principal problema � que essa economia ruim ainda n�o bateu na realidade das pessoas”, afirma.
Monica lembra que, em 2008, o mundo falava sobre o descolamento dos emergentes, como o Brasil, e isso era um equ�voco. “Mas o que se trata, na verdade, � de uma defasagem dos ciclos econ�micos. O pa�s estava particularmente atrasado no ciclo e o efeito est� sendo sentido agora, enquanto algumas economias j� come�am a se recuperar”, explica.


O economista-chefe da Sul Am�rica Investimentos, Newton Rosa, tamb�m n�o v� dados positivos entre 2008 e 2014. “O quadro est� a�. Os n�meros falam por si. Est� ruim porque houve erros na pol�tica econ�mica e a crise geopol�tica prejudicou ainda mais o pa�s”, conta ele enumerando os problemas: “A infla��o estava em 5,6% ao ano e hoje est� acima do teto de 6,5% e pode chegar a 7%. Naquela �poca, o pa�s crescia, em m�dia, 4% ao ano. Nos �ltimos quatro anos, avan�ou 1,7%.” Para ele, esse � o resultado da pol�tica econ�mica aplicada. “Houve erros que levaram a isso. Desequilibraram o trip� macroecon�mico, administrando o c�mbio, permitindo uma infla��o mais alta e, do lado fiscal, queimaram o super�vit prim�rio para dar incentivos. Foi uma estrat�gia que n�o deu resultado”, destaca Rosa demonstrando forte preocupa��o em rela��o ao aumento do d�ficit em conta -corrente.


J� Br�ulio Borges, economista-chefe da consultoria LCA, concorda com os t�cnicos do governo de que � preciso fazer uma an�lise considerando a m�dia de v�rios anos para ter dados mais precisos. “Na primeira metade desse per�odo da crise, o Brasil voou com os emergentes. � preciso relativizar um pouco e tirar uma m�dia. A It�lia, por exemplo, pode estar melhor agora, mas, na m�dia, ainda tem um crescimento pior que o Brasil e a taxa de desemprego � muito maior que a nossa”, destaca.

 


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