Fatos inesperados, falta de planejamento e empr�stimo do nome a terceiros s�o os principais motivos citados por consumidores para in�cio do endividamento excessivo. � o que apontam resultados preliminares de pesquisa divulgada hoje pelo Banco Central (BC). Para o estudo, que tem car�ter qualitativo e n�o quantitativo, foram formados oito grupos de discuss�o, tendo, cada um, de oito a dez pessoas em situa��o de endividamento. Os grupos debateram o assunto em quatro capitais: Rio de Janeiro, S�o Paulo, Recife e Porto Alegre.
Entre os fatos inesperados que levam ao endividamento, os participantes citaram perda de emprego, doen�a pr�pria ou de algu�m da fam�lia, morte do respons�vel pela renda da casa, gravidez n�o programada e separa��o conjugal. Com rela��o � falta de planejamento, os consumidores mencionaram a realiza��o de compras ou abertura de credi�rio por impulso. Eles disseram acreditar que as linhas de cr�dito s�o ben�ficas, se utilizadas de forma consciente.
De acordo com nota do BC, muitos entrevistados reconheceram ser os principais respons�veis pela situa��o de endividamento, mas consideram que as institui��es financeiras tamb�m t�m sua parcela de culpa. Alguns entrevistados mencionaram que a oferta de cr�dito esconde “armadilhas”. Entre elas, excesso de linhas com oferta ostensiva, falta de informa��es claras e de alerta sobre os riscos, concess�o ou aumento do limite de cr�dito acima das condi��es e o recurso do pagamento m�nimo.
Os entrevistados que reconheceram a pr�pria responsabilidade pelo endividamento excessivo mostraram, ainda, mais propens�o a adotar mudan�as de comportamento com rela��o � organiza��o financeira. Diversos consumidores alegaram que tentaram negocia��o com os credores. No entanto, na maioria das vezes, eles s� ofereciam condi��es de renegocia��o consideradas vi�veis quando o d�bito se aproximava do prazo de prescri��o, que � de cinco anos.
O BC destacou que aguardar a prescri��o n�o parece ser uma estrat�gia premeditada de pagamento das d�vidas, j� que os consumidores consideraram longo o prazo para que os d�bitos expirem, com consequ�ncias materiais e emocionais negativas. Eles tamb�m apontaram solu��es para prevenir o endividamento excessivo. S�o elas controlar o or�amento por meio de planilha, manter no m�ximo um cart�o de cr�dito, poupar e ter reserva financeira, n�o parcelar as compras em muitas vezes e aceitar propostas de renegocia��o apenas se o credor reduzir os juros.
Segundo o Banco Central, “os resultados preliminares j� indicam poss�veis caminhos para as a��es de educa��o financeira da popula��o”. O BC ressalta ainda que os dados podem ajudar no est�mulo a boas pr�ticas na concess�o de cr�dito por bancos e outros credores. Os resultados tamb�m v�o servir de base para uma pesquisa quantitativa sobre o assunto, j� que as conclus�es do estudo atual n�o t�m valor estat�stico.
Os grupos de discuss�o foram formados por homens e mulheres com idades entre 20 e 80 anos. Eles foram selecionados entre consumidores que procuraram o aux�lio de Procons ou Defensoria P�blica em raz�o de endividamento excessivo, cujos nomes t�m restri��es cadastrais junto ao Servi�o de Prote��o ao Cr�dito (SPC) ou Serasa.
Tamb�m nesta quarta-feira, o BC divulgou nota com informa��es sobre o microcr�dito no pa�s, consolidadas a partir do Sistema de Informa��es de Cr�dito do Banco Central (SCR). Segundo o levantamento, a carteira de microcr�dito soma R$ 5,3 bilh�es, o equivalente a 0,2% do sistema financeiro nacional. A maior parte do valor da carteira identificada, 52%, est� no Nordeste. Os recursos s�o tomados principalmente por pessoas f�sicas. Dessas, 35% ganham at� um sal�rio m�nimo.