S�o Paulo, 24 - As vendas do pr�ximo Natal devem ter um crescimento modesto em rela��o ao resultado do ano passado. Entidades representantes de lojistas ouvidas pelo jornal "O Estado de S. Paulo" esperam aumento em torno de 1% a 3% em termos reais para o final de 2014. O baixo crescimento reflete o atual cen�rio da economia brasileira, com infla��o elevada, alta do d�lar e o aumento na taxa de juros tornando o cr�dito mais caro.
Nessas condi��es, o consumidor acaba perdendo a confian�a no mercado, de acordo com o economista da Federa��o do Com�rcio do Estado de S�o Paulo (Fecomercio-SP), F�bio Pina. Para ele, na melhor das hip�teses, o ritmo das vendas aumentar� apenas 1% em rela��o ao mesmo per�odo de 2013.
�O volume de cr�dito vem caindo. Ent�o, o comerciante faz as contas e se v� com menos recursos. Isso faz com que o consumidor tenha menos confian�a. Se o rendimento � baixo, o comerciante n�o d� nenhuma garantia ao seu cliente de que vender� mais neste ano�, diz o economista.
Por isso, antecipar as promo��es pode se tornar uma estrat�gia para muitas lojas e comerciantes driblarem um Natal discreto. O economista da Associa��o Comercial de S�o Paulo (ACSP), Marcel Solimeo, espera um crescimento de 2% em compara��o com o resultado de h� um ano. Ele ainda indica uma atitude cada vez mais comum do consumidor: �Hoje em dia, acontece muito de a pessoa n�o dar presente no Natal para compr�-lo s� depois da data buscando pre�os mais em conta�.
J� a Associa��o Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop) prev� que as vendas natalinas nos 866 shoppings espalhados pelo Pa�s aumentar�o em 3% em compara��o com dezembro de 2013. Para o presidente Nabil Sahyoun, a diminui��o no consumo desde a Copa do Mundo e a incerteza do rumo na economia s�o fatores que dificultam uma previs�o mais positiva. �Agora fica a expectativa de quem vai ser o novo ministro da Fazenda em 2015 para termos maior credibilidade e para que os empres�rios voltem a investir�, diz ele, fazendo alus�o � anunciada sa�da de Guido Mantega para o segundo mandato presidencial de Dilma Rousseff.
O impacto da baixa proje��o do consumo deve atingir setores espec�ficos do varejo, como cita Solimeo. �At� aqui, setores de confec��es e cal�ados est�o com vendas fracas. Os supermercados est�o crescendo bem pouco tamb�m e n�s imaginamos que isso vai predominar at� o fim do ano.�
13� sal�rio
Ainda que o ritmo esperado para o fim do ano seja modesto, Nabil Sahyoun lembra que a inje��o de cerca de R$ 158 bilh�es na economia relativos ao 13.� sal�rio - que representam aproximadamente 3% do PIB - e a alta demanda por presentes em dezembro podem amenizar a proje��o pessimista. O presidente da Alshop lembra que, mesmo em anos de crise, � justamente na �poca do Natal que h� compensa��o financeira. �As empresas favorecem cada vez mais seus colaboradores, criando um ambiente de festas, a reuni�o de grupos, refletindo em presentes nos shoppings. Tudo isso acaba trazendo um movimento bom�.
De acordo com pesquisa da Alshop, o setor de vestu�rio � um dos segmentos de com�rcio mais favorecidos nas compras para presentes no fim de 2014. Mesmo assim, lojistas que trabalham nessa �rea est�o tomando precau��es com o esfriamento das vendas no segundo semestre.
O presidente da rede Riachuelo, Fl�vio Rocha, diz que a baixa tend�ncia de crescimento requer estrat�gias mais eficientes para manter o bom n�vel de vendas da empresa tamb�m no Natal. A��es promocionais t�m sido fundamentais para atrair o consumidor.
�O Natal pede algo mais promocional. Por isso dividimos nossa estrat�gia em duas a��es - uma em novembro, em que o cliente compra o produto para si, e outra depois da Black Friday, em que as ofertas s�o maiores, pois a sensibilidade aos pre�os � maior quando se compra presentes para terceiros�, explica Rocha.
O CEO da rede de vestu�rios aposta que haver� produtos com pre�os mais em conta ap�s a Black Friday, no pr�ximo dia 28. �Muitos itens da loja v�o ter forte apelo com ofertas atrativas, como camisetas polo, cal�as jeans b�sicas, T-shirts e tamb�m camisas sociais. Mas n�o s�o produtos que sobraram no estoque, mas s�o matadores em mat�ria de pre�os.�