S�o Paulo, 30 - Os economistas que se debru�am sobre dados de crescimento apostam que o Produto Interno Bruto, o PIB, brasileiro em 2015 ser� sustentado por dois setores bem tradicionais da economia, ligados � exporta��o de mat�rias-primas. S�o eles, o petr�leo e o min�rio de ferro. Enquanto o Pa�s deve crescer algo como 0,2% neste ano, petr�leo e minera��o, juntos, caminham para fechar 2014 com expans�o de 5%. A perspectiva � que cres�am outros 4% no ano que vem, tamb�m acima do PIB do Pa�s, que tende a ficar pr�ximo de 1%.
O economista Irineu de Carvalho Filho, da �rea de Pesquisa Econ�mica do Banco Ita� BBA, explica a raz�o: "O que conta no c�lculo do PIB � a quantidade produzida, e ambos os setores t�m investimentos e contratos que v�o se materializar".
� luz do que ocorreu nas �ltimas semanas, a aposta parece um grande contrassenso. Os pre�os dos dois produtos est�o em queda no mercado internacional, sem perspectiva de recupera��o no curto prazo. O barril de petr�leo em Londres fechou a semana cotado a US$ 70. Em junho chegou ao pico de US$ 115. A Organiza��o de Pa�ses Exportadores de Petr�leo (Opep), que responde por um ter�o da produ��o mundial e regula a oferta e os pre�os, sinalizou que n�o vai intervir.
O min�rio de ferro est� custando US$ 68 a tonelada. Recentemente, o Citibank previu que ele pode cair a US$ 55, em parte porque a China est� super estocada. Nos setores de extra��o mineral, se o pre�o ficar baixo, pode n�o cobrir o custo de produ��o e provocar o fechamento de minas ou transformar po�os em fontes de preju�zo.
H� outra quest�o que lan�a d�vidas sobre o potencial de concretiza��o de tal tend�ncia. No Brasil, quando se trata de min�rio de ferro e de petr�leo, indiretamente o que est� sendo considerado � a capacidade de expans�o de produ��o de duas empresas, a da Vale, maior produtora global de min�rio de ferro, e a da Petrobr�s, maior estatal brasileira. Hoje a Petrobr�s � piv� de esc�ndalos que colocam em xeque a sua gest�o e a capacidade de investimentos.
Entre os descrentes em rela��o ao potencial dessas mat�rias-primas est� o economista Vinicius Carrasco, professor e pesquisador da PUC-Rio. Carrasco � coautor de um estudo que avaliou as raz�es para o baixo crescimento do PIB, intitulado "A D�cada Perdida 2003-2012". "Investimentos em expans�o foram feitos, mas, quando a gente olha o comportamento do resto do mundo, nada indica que a demanda vai compensar o aumento de capacidade instalada no curto prazo".
Um exemplo da complicada rela��o entre pre�o e produ��o est� aqui mesmo, no pr�-sal. Se o pre�o do barril do petr�leo cair abaixo de US$ 60, pode comprometer a explora��o dessa �rea. "Tamb�m n�o temos garantias de que a Petrobr�s conseguir� levar a cabo os planos de investimento", diz Carrasco.
Previs�o de alta. As apostas em petr�leo e minera��o levam em conta que os setores vivem uma retomada consistente e v�o mant�-la em 2015, em parte por causa das caracter�sticas da Vale e da Petrobr�s.
A Petrobr�s de fato vive um momento de depura��o. Tem v�rios projetos atrasados e outros enroscados nas den�ncias da opera��o Lava Jato. A capacidade de refino e a oferta da mat�ria-prima n�o acompanharam o crescimento da demanda de combust�veis, for�ando a Petrobr�s a importar. Apenas na semana que passou, o pre�o da sua a��o acumulou queda de 10%. No entanto, a estatal tem uma expertise �mpar na explora��o de petr�leo em �guas profundas. No ano que vem, espera-se a entrega de projetos importantes, como a Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que est� atrasada.
O ritmo neste fim de ano refor�a essa boa expectativa. Em outubro, a estatal bateu o recorde mensal de produ��o dos �ltimos quatro anos, com extra��es do pr�-sal. Nas tr�s primeiras semanas de novembro, o petr�leo foi o principal produto das exporta��es brasileiras. A empresa tamb�m � movida pelo instinto de sobreviv�ncia para expandir a produ��o. "Tem uma d�vida de US$ 110 bilh�es e precisa gerar caixa para cumprir compromissos", diz Pedro Galdi, analista-chefe de investimento da SLW Corretora de Valores e C�mbio.
No caso do min�rio de ferro, a grande aposta � a Vale. Al�m de a empresa ter na mina de Caraj�s o melhor min�rio de ferro do mundo, o que reduz os custos de produ��o, conta com um sistema pr�prio de log�stica extremamente azeitado. "A Vale pode tirar o min�rio do meio da selva no Brasil e entregar na China ao custo de US$ 50 a tonelada", diz Galdi. Outras empresas ficam invi�veis quando o pre�o baixa de US$ 80.
O setor mineral responde por 18% da balan�a comercial brasileira e o min�rio de ferro, por cerca de 80% da pauta de bens minerais do Pa�s. O Brasil ocupa a 3.� posi��o mundial como produtor, atr�s apenas da China e dos Estados Unidos. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.