S�o Paulo, 08 - Se os ajustes na economia brasileira prometidos pelo governo Dilma Rousseff para 2015 se concretizarem, o com�rcio varejista dever� enfrentar mais um ano dif�cil, com perspectivas de crescimento zero ou retra��o. A expectativa � da Federa��o do Com�rcio de Bens, Servi�os e Turismo do Estado de S�o Paulo (FecomercioSP), que desenha um cen�rio macroecon�mico preocupante para o pr�ximo ano. Na avalia��o da entidade, os prov�veis ajustes ser�o "restritivos", o que dever� manter os principais indicadores da economia brasileira nos mesmos n�veis de 2014. A institui��o espera, contudo, que os ajustes consigam recompor, aos poucos, a confian�a das fam�lias e dos empres�rios.
"Teremos um ano dif�cil, embora por um bom motivo: a volta do crescimento. Acredito que terminaremos 2015 com posi��o oposta � deste ano. Enquanto estamos encerrando 2014 com o PIB desacelerando e consumo fraco e desanimado, em 2015 estaremos na ponta oposta, com a economia voltando a crescer, mesmo que n�o robustamente, mas indicando que em 2016 ser� melhor", avaliou F�bio Pina, assessor econ�mico da FecomercioSP. Segundo ele, as proje��es iniciais para o desempenho do com�rcio no pr�ximo ano variam entre zero e -2%. "S�o proje��es com um grau de incerteza baixo, pois estamos trabalhando com poucos elementos concretos. Basta um deles n�o se confirmar e tudo muda", ponderou.
Pina destaca que os ajustes dever�o dar uma "chacoalhada" na economia brasileira. Apesar de as medidas ainda n�o terem sido anunciadas, o setor varejista trabalha com a perspectiva de fim das isen��es fiscais, como o retorno do IPI para as al�quotas normais, cortes de gastos e aumento da carga tribut�ria.
Com esse cen�rio macroecon�mico mais cauteloso, o assessor econ�mico da FecomercioSP avalia que as condi��es de cr�dito dever�o ser restritivas. "N�o vai ser um credit crunch, mas neste ano, se tirar o cr�dito imobili�rio, o cr�dito para consumo j� foi menor", afirma. A entidade espera que o saldo das opera��es de cr�dito com recursos livres suba 5% neste ano e, em 2015, fique entre 0 e queda de 5%.
Esse cen�rio leva em conta uma proje��o para o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de infla��o, de aproximadamente 6% no pr�ximo ano, ante os 6,5% previstos para 2014, e de uma taxa b�sica de juros (Selic) atingindo 12% ao ano em 2015. Atualmente, ela est� em 11,75%. Para o d�lar, a FecomercioSP trabalha com um cen�rio da moeda americana ainda "pressionada", fechando 2015 a R$ 2,60, R$ 0,10 a mais do que a proje��o para o fim deste ano. Diante disso, a entidade espera que o Produto Interno Bruto (PIB) cres�a 1% no pr�ximo ano, pouco mais do que o 0,5% projetado para 2014. J� a produ��o industrial, ap�s encolher 3% neste ano, deve subir 1% em 2015.
Balan�o de 2014
"O com�rcio j� foi afetado este ano e n�o conseguiu sustentar o crescimento maior que o do PIB", afirma Pina, ponderando que isso "j� era esperado" porque consumo maior do que produ��o gera infla��o e d�ficit externo. "Com muita sorte, esperando que haja um respiro no Natal, o com�rcio deve ter resultado entre -1% e 0%, sendo mais prov�vel decr�scimo", prev�. A previs�o se baseia em um �ndice de Estoques 8,4% menor, em m�dia, do que em 2013 e na queda da Confian�a do Consumidor (ICC) e do Empres�rio do Com�rcio (Icec) de 19,1% e 9,2%, respectivamente, em rela��o ao verificado no ano passado.
Na avalia��o da FecomercioSP, "cada vez mais preocupadas com o cen�rio econ�mico", os consumidores reduziram a inten��o de compras, o que deve fazer com que o �ndice de Inten��o de Consumo das Fam�lias (IFC) caia 10,3%, em m�dia, em rela��o a 2013. Diante disso, a entidade espera que a propor��o de fam�lias endividadas caia de 54,7% em janeiro para 44% em dezembro deste ano, enquanto o porcentual daquelas com contas em atraso tende a recuar de 14,8% para 12,5% no per�odo. Com isso, a institui��o projeta que o �ndice de inten��o de financiamento, que comp�e a Pesquisa de Risco e Inten��o de Endividamento (PRIE), registrar� queda de 4,5%.
Esses n�meros indicam "uma retra��o da propens�o a consumir que pode influenciar tamb�m o in�cio de 2015", pondera a FecomercioSP. A entidade prev� que o Custo de Vida por Classe Social (CVCS) deve aumentar nos �ltimos dois meses do ano, "especialmente por causa do recente aumento da gasolina nas refinarias e da estiagem persistente que incide sobre regi�es produtoras do Brasil". De janeiro a outubro, o indicador acumula alta de 4,85%.