
Moradora de Vit�ria (ES), a empres�ria Rita Oliveira organiza toda semana uma excurs�o de sua terra natal para Belo Horizonte: “O �nibus vem com 44 pessoas. Chegamos � capital mineira no s�bado � noite e retornamos por volta das 13h de domingo. � um bate-volta”. O grupo, conta ela, passa a noite numa feira que funciona nas madrugadas de domingo, na Rua da Bahia. Assim que amanhece, todos v�o para a Feira de Artes e Artesanato na Avenida Afonso Pena. “Cada pessoa, em m�dia, compra R$ 3 mil em mercadorias para revender no Esp�rito Santo”, explica a organizadora, dona da Konex�o Kapichaba.
Apesar da import�ncia dos compradores forasteiros para a economia da cidade, nenhuma entidade ligada ao com�rcio tem estat�sticas que mostrem a participa��o desse universo na receita do varejo local. A Belotur, empresa municipal de turismo, tamb�m n�o tem dados sobre a quantidade de turistas que visitam a cidade a cada ano.
O presidente da CDL-BH, Bruno Falci, contudo, destaca a import�ncia desses compradores: “Esse potencial consumidor � extremamente importante para o desenvolvimento econ�mico de Belo Horizonte, pois se trata de um cliente profissional que, na maioria das vezes, vem � capital com a pr�-disposi��o de adquirir um alto valor em mercadorias, movimentando assim as vendas do setor e contribuindo de forma direta com a gera��o de novos postos de emprego”.
Muitos lojistas, por�m, garantem que a maioria de seus clientes n�o reside em BH. “Mais ou menos 60% de nossa clientela n�o mora em BH”, calcula Aline Alves Siqueira, subgerente da unidade da Vida Nua no Barro Preto, o polo de moda da capital. Boa parte dos compradores de l� � sacoleira do interior. As clientes se encantam com a moda passeio e de festa. “Esse vestido, por exemplo, negociamos a R$ 1,5 mil. Ele � bordado a m�o e o forro � de cetim. As sacoleiras o revendem pelo dobro em suas cidades”, revela Aline, que faz quest�o de mostrar a pe�a, que � usada por Gabriela Sodr�, uma manequim-viva que ganha a vida na loja.
Variedade
Tanto o Barro Preto quanto o Prado, outro bairro da capital reconhecido pela quantidade de confec��es, movimentam muito dinheiro nas vendas a pessoas f�sicas. Uma delas � Fl�via Aparecida da Silva Queiroz, supervisora de recursos humanos numa empresa em S�o Joaquim de Bicas, na regi�o metropolitana. Ela costuma fazer compras na capital em raz�o da variedade de produtos. No �ltimo fim de semana, Fl�via percorreu v�rias lojas do Barro Preto atr�s de presentes para toda a fam�lia. Entrou e saiu de diversos estabelecimentos. Pesquisou pre�os, comparou qualidade e, ao fim, voltou para casa com v�rias sacolas. “Desembolsei cerca de R$ 2 mil.” Ela foi ao local na companhia do sobrinho, Everton Hernani Silva.
O rapaz tamb�m mora em S�o Joaquim de Bicas e costuma frequentar a vida noturna na capital. “Gosto de ir �s boates. A Savassi � uma regi�o agrad�vel.” � o que tamb�m acha Marco Aur�lio Gibran, um engenheiro nascido em Tr�s Cora��es, no Sul de Minas, e que atualmente mora em S�o Paulo. Ele visita a cidade em companhia da namorada, Laura Michelin. “A fam�lia dela mora em BH e, quando viemos aqui, passeamos pela Regi�o da Pampulha e Savassi”, disse Marco, que no �ltimo fim de semana visitou alguns bares.
O economista Caio Gon�alves, da Federa��o do Com�rcio de Minas Gerais (Fecom�rcio-MG), avalia que o setor � o mais beneficiado com o desembolso de quem visita a cidade. Por outro lado, ele destaca que os setores hoteleiro e de alimenta��o nem tanto. “A primeira coisa que tem de pensar � qual o motivo que leva o consumidor a visitar BH. Est� relacionado ao mercado: uma diversidade de produtos e o maior n�mero de lojas (em rela��o, sobretudo, �s cidades no interior) fazem com que o mercado fique mais competitivo e atraia o cliente de fora. Nesse caso, ele est� comparando o mercado de sua cidade com o da capital. Dado isso, o primeiro impacto que se tem � sobre o com�rcio. Para quem vem e fica algum tempo, pode ser que ocorra um impacto no setor hoteleiro e no de alimenta��o”, refor�a Caio.
Mas muitos estrangeiros tamb�m visitam a cidade, como o casal de franceses Elyess Gaida e Charlotte Nerriere. Eles moram em S�o Paulo e s�o amigos dos namorados Marco Aur�lio e Laura, que os convidaram para um passeio na cidade. Na bagagem, os estrangeiros levaram para casa uma goiabada casc�o e x�caras de ferro. “Tamb�m esse coador de caf�, de pano e suporte de ferro”, mostrou Elyess.
O presidente da CDL aponta algumas vantagens de quem viaja de longe atr�s das mercadorias negociadas na capital mineira: “A qualidade e o valor dos produtos, as facilidades de pagamento, a log�stica, a hospitalidade e o bom atendimento dos belo-horizontinos s�o alguns dos motivos que atraem esse perfil de cliente ao munic�pio”.