As carnes e as bebidas encareceram o or�amento das fam�lias para as festas de Natal pelo terceiro ano na Regi�o Metropolitana de Belo Horizonte. A dona de casa que optou pelos cortes de porco pagou 13,8% mais em 2014, na compara��o com o ano passado, e os pre�os do frango inteiro subiram, tamb�m em m�dia, 9,57%. S�o remarca��es expressivas, entre os gastos t�picos desta �poca, quando comparadas � varia��o de 5,37% do custo de vida, medida pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Cerveja, refrigerantes e �gua tamb�m sacrificaram o bolso do consumidor, ao exibir alta dos pre�os de 6,94%, na m�dia. Com aumentos t�o fartos, a infla��o do Natal s� n�o decolou sob a press�o da ceia gra�as aos televisores e aparelhos telef�nicos, que baratearam 5,28% e 7,74%, respectivamente.
No balan�o das despesas das comemora��es de amanh� e quinta-feira, o IPCA natalino foi de 4,80% na capital mineira e entorno. O �ndice � um indicativo da evolu��o das contas do almo�o, da ceia e dos presentes trocados na noite de Natal a partir do levantamento de pre�os de uma cesta contendo 32 itens, com base na pesquisa do IPCA nas 11 principais �reas metropolitanas do pa�s. Os n�meros s�o resultado da compara��o dos pre�os de janeiro a novembro �ltimo, em rela��o a dezembro do ano passado. Autor do estudo encomendado h� cinco anos pelo Estado de Minas, o analista do IBGE Antonio Braz de Oliveira e Silva verificou que embora o conjunto dos produtos tenha encarecido menos que o custo de vida na Grande BH, a infla��o da festa n�o d� tr�gua, depois de altas expressivas em 2012 (5,16%) e 2013 (6,22%).
“A infla��o do Natal combina uma demanda aquecida em raz�o do aumento da renda da popula��o com os efeitos da estiagem e das exporta��es que diminu�ram a oferta dos alimentos no mercado interno”, afirma o analista do IBGE. Como consequ�ncia dos dois fatores, os pre�os ao consumidor subiram. De janeiro a novembro, as exporta��es mineiras de carne su�na cresceram 14,5% para US$ 147,2 milh�es, frente ao ano passado, segundo a Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg). Pre�os favor�veis tamb�m beneficiaram os embarques do Brasil de carne de frango, que aumentaram 2,5%, ante 2013, novo recorde.
Por regi�o S�o Paulo liderou a carestia na comemora��o de fim de ano, com IPCA natalino de 6,71%, seguido de Porto Alegre (6,44%) e Distrito Federal (5,80%). Na m�dia brasileira, o Natal ficou 5,16% mais caro, ante o IPCA de 5,58%. Na Grande BH, dos sete grupos de produtos usados para compor a cesta de despesas, s� o de TV, som, inform�tica e aparelhos telef�nicos mostrou redu��o de pre�os, de 0,54%, em m�dia.
Como o consumidor j� vinha percebendo, os pre�os dos alimentos mantiveram eleva��o. O reajuste m�dio da comida na cesta do Natal foi de 5,69%, depois de fortes altas de 7,72% em 2012 e de 12,17% em 2013. Braz e Silva, do IBGE, observa que as carnes, devido ao seu peso na composi��o do or�amento, constitu�ram a maior fonte de press�o sobre a infla��o natalina. N�o foi surpresa para a terapeuta �ngela Randazzo, e a filha Juliana, diretora de vendas, que resolveram promover mudan�as na ceia preparada para 25 pessoas da fam�lia.
“A conta deste ano ficaria o dobro dos gastos do ano passado, mas n�o h� como deixar de fazer uma confraterniza��o tradicional”, afirma �ngela. Juliana diz que a op��o foi escolher o pernil como prato principal, quando a pr�tica mantida at� 2013 era degustar uma ceia farta, que inclu�a, al�m da carne de porco, bacalhau e peru. “Todos se encontram � nessa �poca. O que decidimos foi reduzir um pouco do or�amento”, afirma. As remarca��es da castanha portuguesa foram particularmente surpreendentes, segundo a terapeuta, que pagou R$ 49,90 pelo quilo da iguaria, um aumento de quase 180% frente os R$ 18 que ela desembolsou por quilo no ano passado.
Brinde excessivo
Se os alimentos surpreenderam, o maior espanto foi ver como as bebidas encareceram. Na Grande BH, todos os itens desse grupo de consumo sofreram reajustes de pre�os acima da infla��o. De acordo com o levantamento feito pelo analista do IBGE em Minas, a cerveja liderou os aumentos, ao ficar 7,45% mais cara. Os pre�os de refrigerante e �gua mineral subiram 6,81%, em m�dia, e outras bebidas alco�licas, 5,60%. Braz e Silva destaca que os gastos com as bebidas fora de casa foram superiores em todas as categorias.
Na ind�stria, a explica��o para o avan�o dos pre�os da cerveja est� associado a um reflexo tardio da eleva��o da al�quota do Imposto sobre a Circula��o de Mercadorias e Presta��o de Servi�os (ICMS) de 20% para 24%, s� aplicada depois da Copa. O presidente do sindicato do setor em Minas (Sindibebidas), M�rio Morais Marques, diz, ainda, que as empresas foram obrigadas a repassar, tamb�m, os custos com o frete, devido � libera��o do reajuste dos pre�os do diesel. “O setor vinha segurando os aumentos, mas infelizmente, com os custos j� muito ajustados, n�o houve como deixar de repassar o aumento das despesas”, afirma.
Mercado prev� estouro da meta
O mercado financeiro est� mais pessimista sobre o desempenho da economia em 2015. Pela primeira vez, analistas de bancos e corretoras passaram a prever que a infla��o estourar� o teto da meta oficial no ano que vem, impulsionada pela alta do d�lar e dos pre�os administrados, como combust�veis e energia el�trica. Al�m disso, a economia crescer� menos do que se previa neste ano e no pr�ximo.
De acordo com pesquisa semanal Focus divulgada ontem pelo Banco Central (BC), o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) subir� 6,54% em 2015. A meta do governo � de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais. A previs�o deste ano se manteve em 6,38%. O BC j� admitiu que a infla��o que s� vai convergir para a meta no fim de 2016.
Os economistas acreditam que o d�lar terminar� este ano em R$ 2,65 e chegar� a R$ 2,75 no fim de 2015. Ontem, a divisa fechou em R$ 2,66 para a venda, com alta de 0,13%. O conjuntos dos pre�os regulados pelo governo deve aumentar 7,60% em 2015, mais que os 7,48% previstos na semana passada.
Diante das press�es, o BC ter� que pesar a m�o nos juros para evitar a infla��o dispare. Os analistas apostam que a Selic, atualmente em 11,75% ao ano, subir� para 12,25% em janeiro e terminar� 2015 em 12,50%. Com juros em alta, o Produto Interno Bruto (PIB) ter� neste ano eleva��o de apenas 0,13%. Em 2015, o avan�o ser� um pouco maior: 0,55%.
Aumentos al�m da conta
Os repasses aos pre�os no varejo justificados como consequ�ncia da valoriza��o do d�lar frente ao real n�o convenceram o consumidor, na hora de comprar itens como castanhas, com oferta frequente de origem nacional. “At� mesmo os produtos que n�o sofrem com a varia��o do d�lar ficaram mais caros, como as castanhas-do-Par� e de caju. N�o h� l�gica nisso”, reclama a dona de casa Clara �lvares. Com impressionante mem�ria de pre�os, ela estima ter gasto cerca de 50% a mais que em 2013 nas compras para o jantar que reunir� 20 pessoas da fam�lia. “Economizar � dif�cil”, observa, ao destacar que entre as carnes s� o peru manteve pre�o est�vel de 2013 para este ano em R$ 11,90.
Reportagem do EM publicada no come�o deste m�s mostrou que o pre�o m�dio do peru subiu 5% no varejo, portanto a varia��o ficou abaixo da infla��o oficial do pa�s registrada nos �ltimos 12 meses, de 6,56% nas 11 maiores regi�es metropolitanas do Brasil e 6,21% na Grande BH. Clara protesta, especialmente, contra a remarca��o do queijo Minas tradicional, que encontrou a R$ 20,70 por quilo, ante as cota��es anteriores que ela observava, variando de R$ 13,70 a R$ 14,70 por quilo. A aposentada Maria da Cruz Chaves Hip�lito concorda em que � muito dif�cil economizar na compra dos produtos de uma festa t�o t�pica. “A sa�da � comprar o suficiente, com muito controle, para n�o haver qualquer desperd�cio”, afirma.
O superintendente da Associa��o Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, diz que do ponto de vista das pol�ticas de pre�os e marketing das empresas do setor, a competi��o entre as lojas tem funcionado, inclusive levando-se em considera��o a quantidade acima do previsto dos estoques, as vendas mornas do com�rcio e a ind�stria retra�da. “Os supermercados precisam fechar bem o ano e nesse intuito est�o usando suas a��es de marketing. Eles tamb�m correm atr�s dos consumidores que est�o acertando as d�vidas e menos endividados poder�o destinar mais recursos para os alimentos”, afirma. A Amis estima um crescimento de vendas de 2,5% do faturamento das redes neste ano, em rela��o a 2013. (MV)
No balan�o das despesas das comemora��es de amanh� e quinta-feira, o IPCA natalino foi de 4,80% na capital mineira e entorno. O �ndice � um indicativo da evolu��o das contas do almo�o, da ceia e dos presentes trocados na noite de Natal a partir do levantamento de pre�os de uma cesta contendo 32 itens, com base na pesquisa do IPCA nas 11 principais �reas metropolitanas do pa�s. Os n�meros s�o resultado da compara��o dos pre�os de janeiro a novembro �ltimo, em rela��o a dezembro do ano passado. Autor do estudo encomendado h� cinco anos pelo Estado de Minas, o analista do IBGE Antonio Braz de Oliveira e Silva verificou que embora o conjunto dos produtos tenha encarecido menos que o custo de vida na Grande BH, a infla��o da festa n�o d� tr�gua, depois de altas expressivas em 2012 (5,16%) e 2013 (6,22%).
“A infla��o do Natal combina uma demanda aquecida em raz�o do aumento da renda da popula��o com os efeitos da estiagem e das exporta��es que diminu�ram a oferta dos alimentos no mercado interno”, afirma o analista do IBGE. Como consequ�ncia dos dois fatores, os pre�os ao consumidor subiram. De janeiro a novembro, as exporta��es mineiras de carne su�na cresceram 14,5% para US$ 147,2 milh�es, frente ao ano passado, segundo a Federa��o da Agricultura e Pecu�ria do Estado de Minas Gerais (Faemg). Pre�os favor�veis tamb�m beneficiaram os embarques do Brasil de carne de frango, que aumentaram 2,5%, ante 2013, novo recorde.
Por regi�o S�o Paulo liderou a carestia na comemora��o de fim de ano, com IPCA natalino de 6,71%, seguido de Porto Alegre (6,44%) e Distrito Federal (5,80%). Na m�dia brasileira, o Natal ficou 5,16% mais caro, ante o IPCA de 5,58%. Na Grande BH, dos sete grupos de produtos usados para compor a cesta de despesas, s� o de TV, som, inform�tica e aparelhos telef�nicos mostrou redu��o de pre�os, de 0,54%, em m�dia.
Como o consumidor j� vinha percebendo, os pre�os dos alimentos mantiveram eleva��o. O reajuste m�dio da comida na cesta do Natal foi de 5,69%, depois de fortes altas de 7,72% em 2012 e de 12,17% em 2013. Braz e Silva, do IBGE, observa que as carnes, devido ao seu peso na composi��o do or�amento, constitu�ram a maior fonte de press�o sobre a infla��o natalina. N�o foi surpresa para a terapeuta �ngela Randazzo, e a filha Juliana, diretora de vendas, que resolveram promover mudan�as na ceia preparada para 25 pessoas da fam�lia.
“A conta deste ano ficaria o dobro dos gastos do ano passado, mas n�o h� como deixar de fazer uma confraterniza��o tradicional”, afirma �ngela. Juliana diz que a op��o foi escolher o pernil como prato principal, quando a pr�tica mantida at� 2013 era degustar uma ceia farta, que inclu�a, al�m da carne de porco, bacalhau e peru. “Todos se encontram � nessa �poca. O que decidimos foi reduzir um pouco do or�amento”, afirma. As remarca��es da castanha portuguesa foram particularmente surpreendentes, segundo a terapeuta, que pagou R$ 49,90 pelo quilo da iguaria, um aumento de quase 180% frente os R$ 18 que ela desembolsou por quilo no ano passado.
Brinde excessivo
Se os alimentos surpreenderam, o maior espanto foi ver como as bebidas encareceram. Na Grande BH, todos os itens desse grupo de consumo sofreram reajustes de pre�os acima da infla��o. De acordo com o levantamento feito pelo analista do IBGE em Minas, a cerveja liderou os aumentos, ao ficar 7,45% mais cara. Os pre�os de refrigerante e �gua mineral subiram 6,81%, em m�dia, e outras bebidas alco�licas, 5,60%. Braz e Silva destaca que os gastos com as bebidas fora de casa foram superiores em todas as categorias.
Na ind�stria, a explica��o para o avan�o dos pre�os da cerveja est� associado a um reflexo tardio da eleva��o da al�quota do Imposto sobre a Circula��o de Mercadorias e Presta��o de Servi�os (ICMS) de 20% para 24%, s� aplicada depois da Copa. O presidente do sindicato do setor em Minas (Sindibebidas), M�rio Morais Marques, diz, ainda, que as empresas foram obrigadas a repassar, tamb�m, os custos com o frete, devido � libera��o do reajuste dos pre�os do diesel. “O setor vinha segurando os aumentos, mas infelizmente, com os custos j� muito ajustados, n�o houve como deixar de repassar o aumento das despesas”, afirma.
Mercado prev� estouro da meta
O mercado financeiro est� mais pessimista sobre o desempenho da economia em 2015. Pela primeira vez, analistas de bancos e corretoras passaram a prever que a infla��o estourar� o teto da meta oficial no ano que vem, impulsionada pela alta do d�lar e dos pre�os administrados, como combust�veis e energia el�trica. Al�m disso, a economia crescer� menos do que se previa neste ano e no pr�ximo.
De acordo com pesquisa semanal Focus divulgada ontem pelo Banco Central (BC), o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) subir� 6,54% em 2015. A meta do governo � de 4,5%, com margem de dois pontos percentuais. A previs�o deste ano se manteve em 6,38%. O BC j� admitiu que a infla��o que s� vai convergir para a meta no fim de 2016.
Os economistas acreditam que o d�lar terminar� este ano em R$ 2,65 e chegar� a R$ 2,75 no fim de 2015. Ontem, a divisa fechou em R$ 2,66 para a venda, com alta de 0,13%. O conjuntos dos pre�os regulados pelo governo deve aumentar 7,60% em 2015, mais que os 7,48% previstos na semana passada.
Diante das press�es, o BC ter� que pesar a m�o nos juros para evitar a infla��o dispare. Os analistas apostam que a Selic, atualmente em 11,75% ao ano, subir� para 12,25% em janeiro e terminar� 2015 em 12,50%. Com juros em alta, o Produto Interno Bruto (PIB) ter� neste ano eleva��o de apenas 0,13%. Em 2015, o avan�o ser� um pouco maior: 0,55%.
Aumentos al�m da conta
Os repasses aos pre�os no varejo justificados como consequ�ncia da valoriza��o do d�lar frente ao real n�o convenceram o consumidor, na hora de comprar itens como castanhas, com oferta frequente de origem nacional. “At� mesmo os produtos que n�o sofrem com a varia��o do d�lar ficaram mais caros, como as castanhas-do-Par� e de caju. N�o h� l�gica nisso”, reclama a dona de casa Clara �lvares. Com impressionante mem�ria de pre�os, ela estima ter gasto cerca de 50% a mais que em 2013 nas compras para o jantar que reunir� 20 pessoas da fam�lia. “Economizar � dif�cil”, observa, ao destacar que entre as carnes s� o peru manteve pre�o est�vel de 2013 para este ano em R$ 11,90.
Reportagem do EM publicada no come�o deste m�s mostrou que o pre�o m�dio do peru subiu 5% no varejo, portanto a varia��o ficou abaixo da infla��o oficial do pa�s registrada nos �ltimos 12 meses, de 6,56% nas 11 maiores regi�es metropolitanas do Brasil e 6,21% na Grande BH. Clara protesta, especialmente, contra a remarca��o do queijo Minas tradicional, que encontrou a R$ 20,70 por quilo, ante as cota��es anteriores que ela observava, variando de R$ 13,70 a R$ 14,70 por quilo. A aposentada Maria da Cruz Chaves Hip�lito concorda em que � muito dif�cil economizar na compra dos produtos de uma festa t�o t�pica. “A sa�da � comprar o suficiente, com muito controle, para n�o haver qualquer desperd�cio”, afirma.
O superintendente da Associa��o Mineira de Supermercados (Amis), Adilson Rodrigues, diz que do ponto de vista das pol�ticas de pre�os e marketing das empresas do setor, a competi��o entre as lojas tem funcionado, inclusive levando-se em considera��o a quantidade acima do previsto dos estoques, as vendas mornas do com�rcio e a ind�stria retra�da. “Os supermercados precisam fechar bem o ano e nesse intuito est�o usando suas a��es de marketing. Eles tamb�m correm atr�s dos consumidores que est�o acertando as d�vidas e menos endividados poder�o destinar mais recursos para os alimentos”, afirma. A Amis estima um crescimento de vendas de 2,5% do faturamento das redes neste ano, em rela��o a 2013. (MV)