postado em 30/12/2014 06:00 / atualizado em 30/12/2014 10:49
Leonardo Nascimento s� gastaria o valor obtido com os rendimentos (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press
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Viajar pelo mundo seria o primeiro desejo que o banc�rio Leonardo Nascimento, de 33 anos, o gerente banc�rio H�lcio Mendes, de 45, e o estudante Jo�o Roberto Mesquita, de 29, tratariam de realizar se fossem contemplados com a bolada estimada em R$ 240 milh�es da Mega-Sena da Virada. A loteria especial mais popular da Caixa Econ�mica Federal ser� sorteada �s 20h de amanh�, em Bras�lia. A institui��o n�o informou o n�mero de apostas j� feitas. O valor m�nimo � de R$ 2,50. Para milion�rios de �ltima hora, a pretens�o de conhecer v�rios pa�ses poderia ser considerada at� modesta, desde que o felizardo n�o caia nas armadilhas que fatalmente v�o aparecer na disputa por alguns dos milhares de reais novinhos em folha, como alertam economistas experimentados na arte de preservar o dinheiro dos clientes.
Se todo o pr�mio estimado for aplicado em t�tulos do Tesouro Nacional corrigidos pela infla��o, o sortudo ter� R$ 992 mil em rendimento mensal para toda a vida, j� descontado o imposto, calcula Arnaldo Curvelo, diretor de recursos de terceiros da corretora Ativa Investimentos. A fortuna, contudo, tem de ser bem cuidada. Que o diga o personagem Tino, o ex-personal trainer Faustino Rodrigues Coelho, interpretado pelo ator Leandro Hassum na com�dia At� que a sorte nos separe. Por um pr�mio muito menor, de R$ 100 milh�es, tamb�m ganho numa Mega-Sena, Tino e a mulher, Jane (Danielle Winits), adotam estilo de vida nababesca, sem preocupa��o de preservar tamanho capital at� que as d�vidas sepultam o pouco patrim�nio que restou. Para evitar que o brasileiro ou os brasileiros comuns prestes a receber a visita da sorte cometam o mesmo erro, Arnaldo Curvelo sugere aplica��es em t�tulos do Tesouro Nacional atrelados � infla��o, em moeda estrangeira e a compra de im�veis, se for o caso, adquiridos somente com os rendimentos da bufunfa.
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Com as taxas de juros reais, quer dizer, acima da infla��o, entre 6% e 6,3% ao ano, para que ter mais de R$ 1 milh�o por m�s para gastar? O especialista recomenda como op��o para o milion�rio manter uma “poupan�a forte”, destinar ao redor de R$ 72 milh�es (uma parcela de 30% a 40% do pr�mio) a investimento em d�lares e euro, meio a meio. Na atual cota��o da moeda norte-americana, ele ter� nessa modalidade de US$ 25 milh�es a US$ 26 milh�es resguardados para atender demandas das futuras gera��es da fam�lia, certamente adequadas a um mundo globalizado, incluindo, por exemplo, os estudos no exterior de filhos e netos. Vale a pena abrir uma conta fora do Brasil, seja em ag�ncia de banco brasileiro ou estrangeiro, para gerir melhor a grana. Mais que isso, a principal recomenda��o de Curvelo � fugir das propostas de todos os Bill Gates que v�o aparecer na fam�lia para propor investimentos certeiros.
“No primeiro momento, o ideal � procurar ajuda de profissionais at� mesmo para se blindar um pouco de cunhados e primos empreendedores e de todo mundo que vai aparecer para morder um peda�o da sua mudan�a de vida”, afirma o especialista. Isso n�o quer dizer que o milion�rio sortudo n�o deva satisfazer desejos represados dele e da fam�lia. O melhor, na avalia��o de Curvelo, � n�o alterar o padr�o de vida de forma dr�stica, limitando sempre os gastos aos rendimentos, inclusive em caso de compra de carro e im�veis, para preservar o capital principal. Numa etapa posterior, vale a pena estudar aplica��es de risco, a exemplo, do mercado de a��es. Os t�tulos p�blicos atrelados � infla��o s�o boa alternativa como investimentos em curto prazo, quest�o de meses, e longos per�odos, por exemplo, at� 2050.
H�lcio Mendes tamb�m sonha em comprar im�veis em BH e no litoral (foto: Marcos Michelin/EM/D.A Press
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SEM S�CIOS
O banc�rio Leonardo Nascimento afirma categoricamente: “N�o seria s�cio de ningu�m. Com uma grana dessa a gente n�o precisa de s�cio. Vou precisar de pessoas capacitadas para gerenciar qualquer tipo de neg�cio que eu possa vir a investir, mas s�cio, n�o”. Leonardo ressalta ainda que al�m de realizar o sonho de viajar o mundo, ele gastaria apenas o valor obtido com os rendimentos da aplica��o da bolada. E, para os aproveitadores de plant�o que quisessem tirar algum proveito, pedindo dinheiro emprestado, afirma que analisaria a situa��o, para verificar todos os fatores de risco e, se concordasse em fazer o empr�stimo, cobraria as mesmas taxas de juros do mercado. “N�o d� para ajudar todo mundo, assim o dinheiro pode acabar r�pido. Depois, com os rendimentos compraria uma casa na montanha e fundaria um ONG para ajudar pessoas em situa��o de risco”, completa.
H�lcio Mendes afirma que o primeiro investimento a ser feito depois da viagem pelo mundo, seria a aquisi��o de im�veis na capital mineira, al�m de uma casa no litoral do Nordeste, onde passaria a morar. “Faria investimentos de baixo risco e n�o gastaria mais do que os rendimentos mensais da aplica��o. A princ�pio, ajudaria alguns familiares, mas, � claro, impondo limites”, afirma ele, que fez um jogo individual e tamb�m entrou no bol�o na empresa em que trabalha pagando R$ 20. J� o estudante Jo�o Roberto afirma que depois de viajar o mundo, compraria uma casa no campo. “N�o tenho ideia de como investir o dinheiro. Acho que vou precisar de um tempo para pensar. A �nica certeza que tenho � que n�o seria s�cio de ningu�m”, diz.