A necessidade da ind�stria brasileira de bebidas de reajustar os pre�os de seus produtos em meio ao atual cen�rio macroecon�mico do Pa�s pode dificultar as vendas do setor no primeiro semestre de 2015. Diante das perspectivas de alta dos �ndices inflacion�rios e desacelera��o da renda, companhias e associa��es s�o un�nimes ao definir o pr�ximo ano como "desafiador". Na avalia��o de analistas, mesmo diante do consumidor mais sens�vel a altera��es de pre�os, as empresas devem repassar o aumento dos impostos e dos custos para o produto final, o que pode comprometer o volume de vendas.
"Todos t�m uma vis�o macroecon�mica de que o primeiro semestre ser� dif�cil. O ano de 2015 ser� desafiador, mas a nossa perspectiva � de que o setor retome o crescimento a partir da segunda metade do ano", afirmou ao Broadcast, servi�o de not�cias em tempo real da Ag�ncia Estado o presidente da Associa��o Brasileira da Ind�stria da Cerveja (CervBrasil), Paulo Petroni. Segundo ele, as companhias ter�o de ser �geis na adapta��o �s mudan�as do cen�rio econ�mico e pol�tico do Pa�s.
"O primeiro semestre de 2015 tende a ser o mais desafiador, justamente porque a ind�stria ter� que passar por uma acomoda��o da quest�o tribut�ria e das press�es de custos", explicou o vice-presidente de marketing da Brasil Kirin, Douglas Costa. Em entrevista ao Broadcast, o executivo considerou que o porcentual do reajuste dos pre�os das bebidas em 2015 depender� da concorr�ncia. "Se o consumidor come�ar a tomar sua decis�o de compra com base nos pre�os, isso obviamente representa um impacto para as margens e tende a acirrar a competitividade do setor", avaliou Costa.
Resultado de uma longa negocia��o com o governo federal, o novo modelo tribut�rio incidente sobre o segmento de bebidas frias (que inclui cervejas, �gua, refrigerantes e isot�nicos) deve come�ar a valer em janeiro. Ainda n�o est� claro qual ser� o aumento real da carga tribut�ria, mas especialistas lembram que o reajuste das al�quotas vem sendo adiado desde abril deste ano. Dessa forma, a expectativa � de que a alta ocorra logo no in�cio de 2015.
A desvaloriza��o do real frente ao d�lar tamb�m deve pesar sobre os custos da ind�stria de bebidas. Na produ��o de cervejas, por exemplo, cerca 30% a 40% dos insumos s�o importados, com destaque para os cereais e para o alum�nio, utilizado nas embalagens.
Segundo analistas de mercado, diante das expectativas de maiores custos em 2015, muitas companhias j� adiantaram o aumento dos pre�os das bebidas no final deste ano. De acordo com levantamento do Bank Of America Merril Lynch, em novembro a Ambev, maior fabricante do Pa�s, reajustou em cerca de 10% os valores das suas cervejas. "No entanto, grande parte dos bares e supermercados n�o repassou a alta e deve esperar at� o carnaval para reajust�-los, o que mostra a sensibilidade dos consumidores em rela��o aos pre�os", comentam, em relat�rio, os analistas Fernando Ferreira, Isabella Simonato e Jo�o Almeida. Com os pre�os mais altos, a expectativa � de que as vendas de bebidas deste ver�o fiquem abaixo do volume observado entre o per�odo de dezembro a mar�o passado.
Al�m da desacelera��o da economia brasileira, o setor de bebidas ter� de enfrentar tamb�m uma base de compara��o dif�cil. Neste ano, o setor foi beneficiado por fatores sazonais, como o carnaval tardio e a realiza��o da Copa do Mundo, que ajudaram a puxar as vendas, especialmente de cervejas. A expectativa da CervBrasil � de que a produ��o da bebida termine o ano com um crescimento de cerca de 5% contra uma queda de 2,6% registrada em 2013. "Em 2015, temos ainda que superar o evento da Copa do Mundo, mas n�o ser� imposs�vel", disse Petroni.
Segmento premium
Para driblar a queda do poder de compra do consumidor, as companhias brasileiras apostam na expans�o de segmentos com maior capacidade de reajuste de pre�os, caso das cervejas premium. Segundo analistas, como s�o voltadas para as classes A e B, as vendas das cervejas especiais tendem a sofrer menos com a desacelera��o da economia do Pa�s.
Segundo o diretor de Finan�as e de Rela��es com Investidores da Ambev, Nelson Jamel, enquanto o volume total das vendas de cervejas no Brasil avan�ou somente 0,2% no terceiro trimestre de 2014, o volume de vendas das marcas Budweiser, Stella Artois e Original registrou crescimento porcentual de dois d�gitos. De acordo com Costa, neste ano o mercado de cervejas especiais teve um crescimento de 25%. A Brasil Kirin atua no segmento com as marcas Baden Baden e Eisenbahn. "Apesar de um volume pequeno, esse segmento apresenta uma rentabilidade at� 5% maior do que o segmento mainstream", explicou.