
Diante da necessidade de cortes de gastos, o governo dever� estabelecer prioridades na hora de definir quais editais ser�o abertos. No topo da lista, devem estar, por exemplo, os �rg�os com grande defasagem por conta de aposentadorias e necessidade de substitui��o de terceirizados. A Associa��o Nacional de Prote��o e Apoio aos Concursos (Anpac) estima que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) est� entre os casos mais graves, com um d�ficit de 19 mil servidores, considerando 10 mil que est�o em condi��es de se aposentar. “Esses concursos (em fun��o de grande defasagem) t�m que sair, sen�o, a m�quina p�blica para”, aponta a diretora-executiva da Anpac, Maria Thereza Sombra.
Ela espera ainda que o enxugamento das contas p�blicas passe pelo corte mais rigoroso dos cargos terceirizados. “Mesmo com a recente pol�tica de substitui��o desses postos por meio de concursos, vivemos uma realidade onde milhares de aprovados est�o na fila esperando para tomar posse de um cargo que � ocupado por um terceirizado”, critica.
O especialista em mercado de trabalho Carlos Alberto Ramos, da Universidade de Bras�lia (UnB), acredita que o programa de austeridade fiscal do governo, contudo, pode fazer com que as nomea��es sejam mais lentas neste ano, respeitando a lista de prioridades do governo. “Editais podem ser postergados e contrata��es de servidores podem ser realizadas com o p� no freio, em ritmo lento”, prev�.
Segundo semestre
Em um primeiro momento, os especialistas acreditam que o governo deve esperar o retorno das novas pol�ticas, com resultados s�lidos na arrecada��o e no crescimento, para, s� ent�o, fazer nomea��es. Por isso, a maior movimenta��o � esperada na segunda metade do ano. “Devemos observar mais prud�ncia na hora de abrir editais. S� ser�o abertas vagas essenciais”, analisa o professor de Administra��o Financeira e Or�ament�ria e Or�amento P�blico do IMP Concursos, Anderson Ferreira. “O governo tem anunciado outros contingenciamentos e medidas para reequilibrar as receitas, como aumento de tributa��o e mudan�as no seguro-desemprego. N�o haver� apenas o corte para o lado do servidorismo”, completa.
No pior dos cen�rios, diz ele, 2015 ser� um ano equivalente a 2014. No ano passado, 20,6 mil vagas foram autorizadas ou providas. “Isso quer dizer que alguns concursos podem ser retardados, mas isso n�o deve desanimar o candidato. As vagas precisam ser preenchidas, o que aumenta expectativa para os pr�ximos anos”, completa Ferreira. “A n�o realiza��o de concursos pode fazer o Estado perder a governan�a. O pa�s precisa manter capacidade de administra��o com o m�nimo de efici�ncia para promover o interesse p�blico”, diz.
Algumas sele��es, inclusive, ser�o imprescind�veis para o equil�brio das contas p�blicas, destaca ele. “A pr�pria Receita Federal tem o quadro defasado e precisa de mais servidores para otimizar o processo de arrecada��o”, afirma. Outros certames que estavam previstos para sair ao longo de 2014, mas n�o foram lan�ados, s�o esperados j� neste ano, como o do Tribunal de Contas da Uni�o (TCU), da Receita Federal e do Superior Tribunal de Justi�a (STJ).
O que diz a LDO
A previs�o feita na Lei de Diretrizes Or�ament�rias inclui todos os cargos a serem preenchidos ou criados nos Tr�s Poderes, incluindo postos militares (preenchidos por concurso ou n�o). Isso n�o significa, necessariamente, no entanto, que todas essas vagas ser�o preenchidas no exerc�cio de 2015, esclarece o Minist�rio do Planejamento.
Comece a estudar o quanto antes
Passar em um concurso p�blico requer dedica��o e paci�ncia. Mesmo que, por conta do corte de gastos do governo, o ano n�o seja aquecido para os concursos p�blicos, a dica � n�o desanimar. Esse, ali�s, � um bom momento para focar e se adiantar nos estudos. Iniciar a prepara��o apenas quando o edital � publicado � um erro, garantem os especialistas.
Estudar provas de certames passados, revisar exerc�cios e exames aplicados pela banca examinadora do concurso de desejo s�o alguns dos melhores m�todos para fixar o conte�do, recomenda Gilber Botelho, professor de l�ngua portuguesa de cursinhos preparat�rios. “Se n�o praticar, perde a flu�ncia. A repeti��o � a m�e da aprendizagem”, ressalta. Tamb�m � importante ter foco nos conte�dos b�sicos, como gram�tica. “� uma disciplina que elimina muitos candidatos. A pessoa pode ser formada em letras, mas, se n�o souber aplicar as quest�es de prova, ficar� em desvantagem”, acrescenta.
Organizar-se e estabelecer um foco � imprescind�vel. “O ideal � ele saber qual �rea planeja seguir e onde trabalhar”, aconselha o diretor-presidente do Gran Cursos, Jos� Wilson Granjeiro. Para isso, � importante estudar a legisla��o do �rg�o almejado, os conte�dos espec�ficos e conhecer atributos e requisitos para sair na frente da concorr�ncia.
O estudante Emiliano Luiz Neto, de 22 anos, bateu na trave no �ltimo concurso que prestou, para a Pol�cia Civil do Tocantins, realizado no �ltimo ano, e n�o quer ficar para tr�s. O sonho da estabilidade o motiva a estudar por mais de 12h por dia. Prestes a tentar a sele��o para o cargo de perito criminal da Pol�cia Civil de Goi�s, em fevereiro, garante que n�o abandonar� os livros se n�o for aprovado. Para isso, ele tem uma estrat�gia. “Me formei em f�sica no fim de 2013, e durante os quatro anos de curso, economizei o dinheiro que ganhei com est�gio e trabalho. Hoje, uso essa reserva para bancar meus estudos e n�o perder o foco”, afirma.
Em maio, far� dois anos que o estudante Joel de Castro Oliveira, de 40, n�o mede esfor�os para ingressar no servi�o p�blico. No entanto, tamanha dedica��o j� est� no limite. Ap�s esbarrar na tentativa de passar em �rg�os da �rea de seguran�a p�blica, ele vai apostar as fichas no concurso da Subsecretaria do Sistema Penitenci�rio do Distrito Federal (Sesipe/DF) para o cargo de agente penitenci�rio. Em caso de n�o ser aprovado, admite a possibilidade de ir para a iniciativa privada, mas mant�m expectativas com a previs�o dos certames para a Pol�cia Federal e Pol�cia Rodovi�ria Federal. “A �rea policial costuma chamar sempre muitas pessoas, ent�o � um atrativo. Mas j� estou cansado. Minha esposa tem sustentado a casa, mas diante da infla��o elevada, as contas est�o pesando, e eu preciso ajudar”, diz. (BN e RC)