Bras�lia, 23 - O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, tem justificado que falhas t�cnicas causaram o apag�o da �ltima segunda-feira, 19, e reafirmado que h� sobras de energia no Pa�s. Mas os dados do Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS) s�o claros quanto � origem do blecaute que deixou dez Estados e o Distrito Federal sem luz: n�o havia energia dispon�vel para atender ao pico de demanda. Em decorr�ncia dessa limita��o de gera��o, equipamentos entraram em pane e passaram a comprometer o abastecimento nacional.
As limita��es de gera��o est�o no acompanhamento di�rio feito pelo ONS. Para garantir o abastecimento do Pa�s, o regulador deve manter uma oferta de gera��o 5% superior � demanda projetada diariamente. Essa margem de seguran�a � o que permite administrar a oferta em momentos de pico de consumo. Ocorre que, atualmente, essa "sobra" tem ficado na casa dos 3%. Nesta semana, em v�rias situa��es, ela nem sequer existiu.
No dia do apag�o, o ONS havia se programado para colocar 79.122 megawatt (MW) no sistema nacional de energia. S� que a demanda efetivamente registrada, segundo informa��es do operador, chegou a 79.553 MW- ou seja, no lugar de ter carga extra para garantir o atendimento, o parque nacional de gera��o ficou devedor em 431 MW.
Essa situa��o ocorreu no hor�rio de "pico regulat�rio", entre as 17 horas e as 22 horas. Isso significa que, na pr�tica, o saldo negativo foi certamente maior, j� que os recordes de demanda de energia t�m ocorrido entre as 14 horas e as 16 horas.
"Est� claro que a queda da frequ�ncia alegada pelo governo � resultado dessa demanda de pico, que o governo n�o conseguiu atender", diz o especialista Claudio Salles, diretor do Instituto Acende Brasil.
Paliativo
A importa��o de energia da Argentina iniciada na ter�a-feira ajudou a atenuar o estresse na gera��o, mas n�o resolveu o problema. Na ter�a-feira e na quarta-feira, diversas regi�es do Pa�s registraram �ndices de gera��o que comprometeram a margem de seguran�a do sistema.
Na quarta-feira, 21, por exemplo, a Regi�o Sul registrou demanda de 15.739 MW, superando os 15.726 MW que estavam programados. Essas limita��es regionais ocorrem porque o setor el�trico tem restri��es t�cnicas para fazer o interc�mbio de energia.
Duas semanas atr�s, ap�s encontro do Comit� de Monitoramento do Setor El�trico (CMSE), composto pela c�pula da �rea de energia, o governo garantiu que o Pa�s tem "sobra estrutural de cerca de 7.300 MW m�dios" e que n�o h� falta de energia. Especialistas veem o discurso oficial com cautela.
"H� uma certa dist�ncia entre o que mostram os dados e as conclus�es do governo. O ONS tem feito o que pode, mas � claro que hoje vivemos uma situa��o de absoluto estresse", diz o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos. No curto prazo, a situa��o n�o deve se alterar. "Est� faltando pot�ncia, tanto que estamos buscando apoio fora do Pa�s e acionando o que temos ainda de t�rmicas", disse Jo�o Carlos Mello, presidente da consultoria Thymos Energia. As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.